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Epicteto e a Sabedoria Estoica

de Lubélia Travassos

em 12 Nov 2021

  (...anterior) Zen (§)ão ensinava que o homem tinha dignidade, não de cidadão, mas de homem. De acordo com Gazolla (1999): “O mundo é a verdadeira cidade, sem fronteiras nacionais, e sem etnias”. Não há dúvida que o postulado do universalismo estoico é um valioso legado para a história do Ocidente, e que caracteriza, junto com o logos, a antropologia estoica.

Deste modo, as Escolas de Filosofia, como a estoica, abrem-se para aqueles que, ao servirem-se da sua vontade individual, tornam-se aceites nas suas práticas, nos seus exercícios, desde que se dispusessem à adesão dos princípios postulados. É com razão que o historiador francês Paul Veyne (1989) afirma: “Ele (o filósofo estoico) é representante de uma ‘contracultura’ prestigiosa no interior da própria elite […] Na exortação estoica, o homem da classe superior era encorajado a viver de acordo com a lei universal do cosmos, sem se deixar encerrar e limitar pelas particularidades frágeis e pelas paixões ardentes da sociedade unicamente humana.” Para Veyne “contracultura” significa o modo de vida estoico, sendo a sua justificativa clara, por se opor à moral romana, aristocrática, ao extremo, racista, violenta e egoísta, e onde podíamos encontrar no símbolo imperial da águia, a correspondência ao orgulho pátrio. Verificamos, que parece haver uma ruptura entre o mundo da história e o mundo da filosofia. Dá a impressão que o filósofo, para viver como filósofo, tinha que agir como se vivesse num mundo próprio de aspirações particulares, embora não devêssemos pensar assim.

Certo é que o filósofo estoico vive num mundo histórico, real, e não dualista. Ele propõe-se viver da maneira considerada a mais virtuosa e correcta, a mais perfeita segundo a natureza, ou seja, segundo a vida perfeitamente identificada do logos. Contudo, nesta identificação em que entra o indivíduo e o logos, embora seja um princípio natural, pode ser realizada apenas, a partir da compreensão da racionalidade deste logos, e da compreensão que cabe a si no uso da sua racionalidade. Ao contrário, sem esta compreensão racional do indivíduo, existirá a negação do princípio racional, que conduz, de forma universal, os eventos do mundo. Consequentemente, o princípio base da filosofia estoica é uma antropologia (psicologia racional).

Uma vez que a dignidade do homem, enquanto homem, fundamentado na sua origem, numa antropologia cósmica, o logos é o “télos”, a partir do qual, a dignidade humana é considerada e onde a humanidade encontra o seu valor e a sua racionalidade. Por conseguinte, ao postular o fundamento do homem, como sendo a manifestação da Razão universal, temos de dissociar o indivíduo de estado, e unir todos os indivíduos, não ao poder temporal ou a uma classe e, então, reconsiderar o homem comum a ele próprio, enquanto ser humano. Assim, ao ocupar-se de si, mediante a compreensão da universalidade e da racionalidade do logos é sair, utilizando um termo de Séneca, da “stultitia” (sair da stultitia é fazer com que se possa querer o eu, querer a si mesmo, voltar-se para si como o único objecto livre que se pode querer, sempre, pelo que é o oposto da stultitia, que não pode querer este objecto, porque, ela caracteriza-se exactamente por não querer). A expressão de racionalidade, é onde o homem se realiza, na medida em que pode agir no mundo, e expressar a sua moralidade na conduta. No entanto, isso prevê a submissão ao logos, pois, o logos é a plena expressão de uma racionalidade universal e, é a ela, que o homem deve corresponder, no próprio uso da sua razão.

Portanto, agir de acordo com o logos é a condição para se realizar a própria natureza humana. Em linguagem aristotélica, seria atingir o fim natural, em que algo se propõe desde a sua origem, isto é, encontrar, em pleno, o fim para que se foi criado. Assim, para o estoico, o fim natural do homem, é o de atingir a plenitude do logos, ao fazer do próprio logos o condutor das suas acções.
  (... continua) 
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