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Mosteiro Budista
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Budismo Theravada

de Bhikkhu Dhammiko

em 08 Abr 2006

  (...anterior) Ao segundo dia, Ajahn Mun deu mais ensinamentos e Ajahn Chah viu todas as suas dúvidas partirem com respeito à sua prática futura. Sentiu uma alegria e um êxtase no Dhamma com nunca antes. Agora o que lhe restava era pôr em prática o seu conhecimento. Sem dúvida, um dos ensinamentos que mais o inspirou desses dois serões, foi a instrução para se tornar a si próprio Sikkhibhuto, isto é - “Testemunha da Verdade”. Mas a explicação mais esclarecedora, que lhe deu o suporte necessário para a prática que até aí lhe tinha escapado, foi a distinção entre a mente ela mesma e todos os estados transitórios que aparecem e desaparecem dentro dela. Ajahn Mun disse que são meros estados. Ao não se compreender este ponto, tomamo-los como reais, identificando-os com a própria mente. Na realidade são só estados transitórios.
Ao terceiro dia, Ajahn Chah prestou respeitos e partiu com o coração cheio de uma inspiração de ouro, que jamais o haveria de deixar até ao fim da sua vida.

A sua visita a Ajahn Mun, não foi simplesmente a visita de um jovem monge peregrino ao Pai da Tradição da Floresta, mas a de um monge Mahanikaya a um mosteiro Dhammayutta. Surgiu entretanto a polémica, de como e porquê, Ajahn Chah, um monge Mahanikaya, se considerou discípulo de Ajahn Mun (Dhammayutta) pelo resto da sua vida, tendo só convivido com Ele duas noites?
A resposta de Ajahn Chah a esta interpelação foi «que perto de um fogo, a pessoa com olhos fechados pode passar uma vida inteira sem mesmo assim o ver, enquanto uma pessoa com olhos bons e abertos não demoraria muito a ver a luz». Ele parece sugerir ter recebido de Ajahn Mun, o que em outras tradições Budistas se entende como “transmissão”. Apesar de se poder objectar que “transmissão” é uma ideia estranha ao Budismo Theravada, na verdade constata-se que a seguir a este encontro, Ajahn Chah sentiu que o seu caminho se iluminou. Usando outra analogia, foi como se Lhe tivesse sido conferido um plano bem definido para realizar, com as ferramentas próprias, e tudo o que faltava era pôr-se ao trabalho.

Diz-se que Ajahn Mun, ao interpretar o sonho de um discípulo sénior, intuiu ser Ajahn Chah o monge que iria espalhar a semente da Tradição da Floresta por toda a ordem Mahanikaya e criar um Sangha mais firme, com a fundação de vários mosteiros por toda a Província e País. E assim sucedeu.
Em 1954, Ajahn Chah regressa à província de Ubon. Aí é convidado a instalar-se numa densa floresta perto da sua terra natal, Bahn Gor. Esta floresta inabitada e conhecida como lugar de cobras, tigres e fantasmas, era nas suas palavras o lugar ideal para um monge da floresta. À medida que mais discípulos se reuníram à sua volta, estabeleceu-se o Mosteiro conhecido em seu nome, Wat Pah Pong.
Mantendo o código inspirado por Ajahn Mun e o espírito da Floresta, Ajahn Chah, com o seu estilo próprio de ensinamento simples, claro e austero, aliou uma característica fundamental à Tradição Kammatthāna da Floresta. Precisamente, um senso de comunidade e prática de grupo mais firme, promovendo um contacto mais próximo com a população e inclusivamente com o estrangeiro. Esta vem a ser a sua mais distinta contribuição à Tradição. Ou seja, independentemente do factor da Ordem, Ele conseguiu passar a essência da Tradição, de uma condição quase exclusivamente isolada nos recessos distantes e reservados ou confinamento das vilas, para uma condição mais alargada e próxima das comunidades em geral. Por outro lado, numa era de conturbada desorientação em que as florestas correm o grave perigo de extinção progressiva, este movimento mais comunitário vem também ajudar não só a Tradição a propagar-se mais a nível interno, como também ao nível internacional. Hoje em 2006, só na Tailândia, existem mais de trezentos mosteiros da linha de Ajahn Mun e Ajahn Chah espalhados por todo o País.
  (... continua) 
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