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Museu de São Marcos

de Maria Ferreira da Silva

em 29 Jun 2020

  (...anterior) Este último, acabado de se construir no século XVI, foi decorado no princípio do século XVIII por Alessandro Gherardini e seus colaboradores, com histórias da vida de S. Domingos e cuja estátua se ergue ao centro.
Do Vestíbulo acede-se também à escada que leva aos dormitórios em cujos corredores se encontra o célebre ciclo de frescos pintados por Frei Angélico e seus colaboradores, e às suas 43 celas construídas antes de 1445, ano em que o Papa Eugénio IV consagrou a nova Igreja e o novo Convento. Perante um aspecto severo do Convento, este ciclo de pinturas mostra uma linguagem estética, cultural e espiritual, transformadora do ambiente que, pleno de serenidade, marca a evolução da vida interior dos que aqui viveram, num clima de meditação, de oração e de estudo.

Ao fundo do Corredor dos Noviços, encontram-se a Capela e a cela histórica de Frei Savanarola. Conservam-se as relíquias e os objectos, pertencentes outrora ao famoso frade, evocando os trágicos momentos vividos pela cidade no suplício deste monge de Ferrara, que durante anos pregou e chegou a governar Florença.
No mesmo piso, mas do lado oposto, abre-se um espaço caracterizado por um virtuosismo arquitectónico de Michelozzo, com uma monumental Biblioteca, que comunica com a Sala Grega, na qual se pode admirar um magnífico tecto de madeira do século XV. A Biblioteca, hoje, despojada dos objectos que a decoravam na sua origem, como armários do século XVII, apresenta-se na sua nudez arquitectónica e ressalta uma estrutura com três naves caracterizadas por colunas de pedra e clássicos capitéis jónicos. Concebida como um verdadeiro templo de saber, contrasta com a sensibilidade dos outros ambientes. Cosme de Medici (§) dotou-a com obras adequadas às necessidades do Convento. Encomendou uma série de livros litúrgicos a Zanobi Strozzi, aluno de Frei Angélico. Foi a primeira Biblioteca do Renascimento aberta ao público e foi enriquecida posteriormente, com colecções de livros e textos gregos do humanista florentino Niccolo Niccoli.

Voltando à planta inferior do edifício e completando a visita à ala norte que inclui o Pequeno Refeitório, decorado à volta de 1480, com frescos de Domenico Ghirlandaio, como a “Última Ceia” há ainda um pequeno claustro que remonta ao século XIV.
Este ambiente muito particular do Convento de São Marcos, que acolhe uma das maiores riquezas pictóricas do mundo, denuncia o valor cultural, social e económico da época do Renascimento, sem dúvida estritamente ligado à história e evolução espiritual da cidade de Florença.
Convictamente, os grandes frescos de São Marcos mostram que Frei Angélico era no seu tempo, um dos maiores mestres do Renascimento. Para ele a pintura era um acto de adoração, a expressão da sua entrega e fé total numa grande intensidade religiosa. Considerado por vezes como um artista comovente mas retardatário, onde cenas celestes são totalmente irreais, as suas obras acabam por mostrar um estilo que evoluiu com a época. Ligado a paisagens naturais foi um dos primeiros a situar cidades reais nos planos de fundo das suas obras.

Por exemplo, de entre as suas inúmeras obras, “A Virgem e os Santos” ou “A Virgem das Sombras” - nome do fresco pelas sombras projectadas das bordas dos capitéis, iluminados por uma forte luz natural proveniente das janelas - , mostra-nos que se trata de um sagrado diálogo em que participam todos os santos sobre cuja protecção se encontrava o Convento e os seus residentes. São os Santos: Domingos, Cosme e Damião, João Evangelista, Tomás, Lourenço e Pedro Mártir.

Outro tema digno de admiração, “Não me Toques”, é um fresco de uma escala cromática muito reduzida e um ensaio extraordinário de uma nova forma de arte de Frei Angélico. É uma inovadora ideia de composição, em que a própria paisagem é protagonista de uma cena tão realista como as figuras, num contraste de luz translúcida e numa interpretação rigorosa do espaço. Constata-se aqui, que Frei Angélico não se contentava, nem ignorava, o espírito novo que reinava em Florença, ao qual se ligava de forma natural.
  (... continua) 
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