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A propósito de diálogo islamo-cristão

de Adel Sidarus

em 05 Jul 2007

  (...anterior) Jerusalém Salvo a mentalidade e as práticas legalistas próprias ao islamismo, assim como divergências importantes quanto à natureza divina e ao papel dos seus respectivos fundadores na “economia da salvação”, essas religiões têm um corpo doutrinal comum no que toca à origem e ao fim do homem e do mundo, que contrasta com o doutras grandes correntes religiosas do planeta. E a sua filosofia religiosa ou teologia sistemática (teodiceia, metafísica, psicologia, teleologia...) têm um fundo comum bem característico.

É que ambas as civilizações incontestavelmente são herdeiras da civilização semito-greco-romana (!), mesmo que o produto final não seja sempre coincidente. Não esqueçamos tudo o que o Ocidente cristão deve ao islão, mormente ao islão ibérico (quer dizer, europeu!), em matéria, por exemplo, de recepção/recuperação do legado helénico, com especial destaque para a redescoberta do grande Aristóteles através de Averróis (§) (Ibn Rushd de Córdova). Facto que revolucionou o pensamento ocidental e favoreceu, de seguida, o desabrochar do Renascimento e das Luzes. Ou ainda o contributo da matemática árabe que permitiu, a longo termo, a revolução científico-tecnológica que levou à informática dos nossos tempos (coisas que os europeus recusam reconhecer ou, pelo menos, divulgar às claras...). Pode-se até dizer sem exagero que, até à época das Descobertas do século XVI-XVII (para as quais a náutica árabe deu também o seu contributo), foi mercê do contacto com as sociedades islâmicas, do Oriente e do Ocidente, que a Europa bárbara se “civilizou” progressivamente.

Convém referir essa herança árabo-islâmica, não apenas porque a influência e o impacto do Ocidente cristão no mundo é mais que evidente, mas sobretudo na hora da definição da ideia da Europa... Para promover a paz mundial e o bem estar generalizado e solidário, há que destacar sempre os pontos comuns entre povos e culturas, como de resto entre religiões! Por exemplo, todas os agravos que se atribuam hoje ao islão e os muçulmanos (agressividade, teocracia em vez laicismo e democracia, falta de racionalismo e de igualdade dos sexos, xenofobia, etc.) são apenas conjecturais. Quem investiga com imparcialidade, sabe que a história islâmica antiga ou recente revela outras facetas! Por outro lado, há que relativizar as nossas mundivisões e vivências próprias ao apreciarmos outras culturas e civilizações...

Condições para um diálogo sincero

O verdadeiro diálogo não é compatível com um sentimento de superioridade ou com preconceitos em relação ao interlocutor. Ainda menos com a sua dominação (cultural, económica, política, militar), o que corresponde, na ocorrência, à realidade crua no que toca às relações actuais entre o Ocidente “cristão” e os povos muçulmanos! Incompatível, do mesmo modo, com a ânsia de o converter, de o “reduzir” a si próprio (tentação latente das duas grandes religiões monoteístas...).
Um verdadeiro diálogo passa por um convívio tolerante, uma abertura à memória histórica do Outro, aos seus fantasmas peculiares: no caso em apreço, agitam-se ainda as cruzadas medievais, a “reconquista” ibérica, a expulsão dos “mouros” (e não apenas dos judeus!), a Inquisição, etc. etc. Ora, essa atitude pressupõe um conhecimento adequado da língua e cultura desse Outro (e não apenas no círculo restrito dos universitários ou duma pequena elite...).

O diálogo exige ainda uma situação de igualdade real, de parceria efectiva, de partilha das riquezas materiais, dos recursos naturais e tecnológicos, do espaço vital (!). Onde é que estamos em relação a tudo isso, para pretender “entrar em diálogo”, quer com os nossos vizinhos da outra margem, quer com os homens doutros continentes e doutros horizontes?
Um dos testes da sinceridade no diálogo intercultural reside no respeito e na integração efectiva das minorias autóctones ou imigradas..., que vivem no nosso território, no meio de nós.
  (... continua) 
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