pág. 2 de 3
Curso de Meditação - 8ª Lição
de Maria Ferreira da Silva
em 25 Mar 2020
(...anterior)
Contudo, no estado de sonho, a vontade não tem controle sobre as combinações sensoriais e sentimentos e elas aparecem ao acaso ante a consciência como fantasias, influenciadas até certo ponto pelos desejos da mente subconsciente. No sono, o Eu Superior, o Espírito, retira-se para além do limiar da consciência e deixa a mente inferior, visto o cérebro funcionar apenas como matéria, deixando de influenciar a acção controladora da vontade. Mas, quando por acalmia mental, até mesmo os resquícios da mente inferior se retiram para além do limiar da consciência cerebral, temos o sono sem sonhos.
Segundo a doutrina dos Upaniṣadas e do Advaita Vedānta, existem estes três estados no ser humano que se completam com um quarto, Turīya, alcançável por quem transpõe a esfera da manifestação diferenciada, e emerge no Silêncio transcendente.
Vaiśvānara – comum a todos os seres, é o estado de vigília.
Taijasa – cujo estado é o sonho, onde a consciência está voltada para dentro.
Prājña – é o estado de sono profundo.
Uma das formas de superar os obstáculos é concentrar a mente na região do coração, que pode visualizar-se como uma flor de Lótus a brilhar sem cessar. Meditar sobre esta imagem ajuda a tranquilizar a mente.
A progressiva involução da Alma na matéria priva-a do auto - conhecimento e a isto chama-se Avidyā (ignorância) e assim os kleśas têm lugar, ou seja, as aflições da vida, o medo, a dor, a raiva e o egoísmo que priva a mente de claridade e o coração de amor.
Para ultrapassar as aflições:
Pode-se usar a Concentração e a Meditação no Coração.
Há um meio de prover e de superar as eventuais misérias e sofrimentos da vida humana: é a mudança interna na Consciência e o despertar das faculdades espirituais. É um meio eficiente, capaz de não só destruir as aflições permanentemente através da tomada de Consciência, como também compreender a natureza integrante de si mesmo e das suas próprias emoções. Deve-se ponderar constantemente, quando as tendências indesejáveis perturbam a forma que leva à reconstrução do carácter. Ao tomar-se consciência dos sentimentos e pensamentos que afloram ao coração e à mente, cria-se responsabilidade.
Geralmente há a tendência do ser minimizar-se não só perante si próprio como ante a grandeza cósmica. A recusa a um caminho mais consciente, o qual normalmente designamos como caminho espiritual, deve-se à fuga da responsabilidade: responsabilidade como Ser, Ser – Espírito, como entidade inserida num Plano vasto, Universal, Cósmico. Porém, no caminho espiritual estão todos os seres, a diferença, está no assumir conscientemente esse caminho em direcção a Deus.
É, de facto, através de um percurso consciente, responsável, que o Ser (homem e mulher) sabe onde se situa, quem é, para o que veio e para onde vai. Não se trata da responsabilidade da personalidade, o emprego, a família, pois esta é a terrena. Obviamente, que se refere ao ser responsável perante si próprio, o que quer dizer; maior independência, bastar-se a si mesmo para ultrapassar as suas debilidades e carências pela força interior, bem como vir a conhecer a sua posição no Plano Divino e contribuir para que ele se cumpra.
A fuga à responsabilidade perante si e perante a Divindade, provém da negligência em assumir a sua integração no Todo, já que esta obriga não só a ser mais consciente, como também a contribuir concretamente com o seu exemplo, para a evolução espiritual da humanidade, implicando assim reconhecimento e respeito pelos outros e por toda a força vivente na Natureza. Ora, geralmente o ser humano, prefere assumir uma posição de indefeso, ignorante e inconsciente, em suma, de vítima. Nunca tem culpa de nada! Prefere então, submeter-se à resignação afundando nas aflições que ele mesmo semeou. Mas nós somos o Espírito! O Espírito é o Consciente! E é como tal que praticamos as nossas acções.
(... continua)
|