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Frei Luís de Granada

de Pedro Teixeira da Mota

em 28 Dez 2006

  (...anterior) Vem, consolador muito bom, doce esposo das almas, e doce refrigério delas. Vem a mim, limpeza dos pecados, e medicina das enfermidades. Vem, fortaleza dos fracos, e remédio dos caídos. Vem, mestre dos humildes e destruidor dos soberbos. Vem, singular glória dos que vivem, saúde única dos que morrem.
Vem, Deus meu, e prepara-me para ti com a riqueza dos teus dons e misericórdias. Embriaga-me com o dom da sabedoria, ilumina-me com o dom do entendimento, rege-me com o dom do conselho, confirma-me com o dom da fortaleza, ensina-me com o dom da ciência, fere-me com o dom da piedade, e trespassa o meu coração com o dom do temor. Ó dulcíssimo amante dos limpos de coração, acende e abrasa todas as minhas entranhas com aquele suavíssimo e preciosíssimo fogo do teu amor: para que todas elas abrasadas, sejam arrebatadas e levadas a ti, que és o meu último fim, e abismo de todos os bens”.

IV - Escola espiritual e denúncias na Inquisição lisboeta.

Outra partida de Frei Luís à Inquisição.
O Memorial, composto de vários Tratados e das Adições, como as outras obras de Granada, estão cheios de ensinamentos cujo fim é estimular as pessoas rumo a Deus, e tanto apontando os perigos dos desvios e embrutecimentos, como os meios e benefícios da purificação, iluminação e união.
Tem-se por vezes acentuado que devido à repressão espanhola dos alumbrados, e à dos iluministas portugueses, que em muitos casos certamente se tinham deixado levar por entusiasmos e egoísmos desvalorizadores das práticas comuns da religião, se travara o ensino da oração e meditação contemplativa e que por tal Frei Luís de Granada voltara atrás e alterara muito a sua obra. Ora se é verdade que teve de cortar muito e modificar, é um facto que continuara a defender a primazia da via afectiva sobre a intelectual e escolástica, e o da oração mental, de quietude ou contemplativa, embora reforçando o valor da ascese ou via purgativa, e salvaguardando o da oração vocal não só evidentemente para os principiantes, mas também para os mais adiantados ou perfeitos, como forma de acender a devoção, em quem a pronuncia com sentimento e consciência (amor).

E que pregava estas suas doutrinas sem medos, prova-se pelas denúncias anotadas nos registos da inquisição (6) de 1571 contra Luís de Granada por defender que as pessoas deveriam andar sempre conscientes da presença divina nelas (seria como luz no coração, ou como consciência a todo o momento, quer da proximidade de Deus quer do seu olhar benigno sobre nós?) (7).
Sabemos que Frei Luís de Granada animava reuniões de padres e leigos que se juntariam, quer para conversas, quer para oração, e em que participaram Bartolomeu dos Mártires, os irmãos Paiva Andrade, frades agostinhos como Tomé de Jesus, Fr. António da Encarnação, Valentim da Luz (que veio a ser queimado pela Inquisição em 1562), e Sebastião Toscano (autor do livrinho Mística Teologia), entre outros, como franciscanos e capuchos, dialogando-se então sobre os pontos difíceis do caminho e da literatura espiritual e, disso, podendo resultarem tanto fortificações interiores como repulsões e delações. (8).

A fidelidade ao valor da oração interior comprova-se bem no Memorial da Vida Cristã, nomeadamente nos dois tratados dedicados a oração vocal e a oração mental, no qual o primeiro tem várias páginas que tanto servem para a oração vocal como para a mental, e o segundo continua com exemplos dos estados elevados de recolhimento interior obtidos por santos, e que todos poderiam ou deveriam alcançar, sendo para isso dados exemplos e conselhos. (9). Deste modo Frei Luís de Granada escapava aos mais feros atacantes da religiosidade devota e interiorizante, generalizável em princípio a todos, pois a sua obra, ainda por cima escrita em várias línguas vulgares, andava acendendo braseiros directos nas almas cristãs, bem perto dos sentimentos e necessidades dos que ansiavam por avançarem no caminho do conhecimento e do amor de Deus.
  (... continua) 
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