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Edward Burne-Jones

de Ana Sofia de Carvalho

em 29 Fev 2024

  (...anterior) Eles debatem-se desta forma, com temas que são importantes para todos os pintores e para quem quer que esteja interessado em compreender, como é que funciona a pintura e o que é que esta, pode significar para nós: como isso pode servir à nossa compreensão do mundo.
Esta não é uma arte que ignora a realidade separando-a do seu sonho, mas a que se preocupa ela mesma, com os caminhos, nos quais, a arte e especialmente a pintura, podem gerar o envolvimento com a realidade. A original, literalmente extraordinária qualidade da arte de Burne-Jones é produto, não somente do seu foco no acto e poder da criação, mas também, de uma mente arrojada para um pintor: Burne-Jones imaginava a sua arte como significativa em formas, que não são só apenas o produto do impacto das cores, traço e forma.

«Ele não viu nada a partir do ponto de vista puramente pictórico», relembra W. Graham Robertson que conhecia bem, Burne-Jones:
«Albert Moore chegaria de um passeio preenchido por um deleite quase difícil de ser expressado, pela memória das escuras árvores de Inverno que franjavam o verde jade de Serpentine, ou por algumas ostras abertas caídas num pedaço de papel azul ou pelo cesto de prímulas transportado pela rapariga das flores visto através do nevoeiro de uma manhã de chuva. Burne-Jones teria criado um romance ou contado um divertido conto acerca da rapariga das flores, mas não teria notado as suas prímulas, a combinação das ostras prateadas e o papel azul não o teriam por um só momento prendido com a sua beleza; ele não tem olhos de pintor».

Largamente autodidacta como pintor – num processo que continuou e, que de facto, atingiu o seu apogeu depois de ele se estabelecer e ser bem conhecido – as técnicas de Burne-Jones foram sempre consideradas excêntricas e frequentemente provocavam comentários em seus contemporâneos. Robertson parece atribuir esta particularidade a uma fundamental orientação longe da arte visual. A sua é uma interpretação tentadora, porque é verdade que os primeiros trabalhos públicos de Burne-Jones eram literários e porque ele, subsequentemente, recusou oportunidades de escrever ou falar com o fervor que sugerisse alguma significante repressão. Mas, também é verdade que como estudante, ele “estava sempre a desenhar”: desde a idade dos 15 anos, frequentava a Escola Governamental de Desenho em Birmingham, ao mesmo tempo que continuava com os seus estudos.

Por mais invulgar que fosse a arte que ele produziu na escala e realização técnica das suas ambições, desde cedo Burne-Jones foi dedicado na sua vida e durante toda a sua carreira, ao potencial visual. O mundo que ele via ao seu redor, desde a perspectiva ligeiramente precária de seu pai, era o mundo da industrialização vitoriana, com as suas fábricas, a infeliz classe trabalhadora e o interminável zumbido das maquinarias. Este foi o período em que a Inglaterra era a “oficina do mundo”, e quando as forças condutoras do capitalismo refizeram as paisagens e as cidades, com moinhos, fábricas e máquinas, as cidades transformaram-se e como expressaram alguns de seus contemporâneos, em desertos de modernidade e o preço ambiental e humano a pagar eram bastante evidentes para o jovem Ned Jones. «Eu lembro-me um sábado à noite», recorda mais tarde, «caminhando cerca de 5 milhas em Black Country, e nas últimas 3 milhas eu contei mais de 30 pessoas quase mortas de bêbadas, caídas no chão, sendo mais de metade mulheres».

Julia Cartwright escrevendo acerca da vida e trabalho de Burne-Jones para o anual de arte em1894, começa como depoimento de que, “a arte de Burne-Jones desde o primeiro até ao último trabalho tem sido um silencioso e inconsciente protesto contra as mais chocantes tendências do mundo moderno”.

Numa era onde o espírito científico penetrou em cada departamento da vida, este mestre, quase sozinho entre os seus iguais, revelou uma faculdade imaginativa rara. Num período essencialmente prosaico, quando o realismo havia invadido tanto a arte como a ficção, e a prosperidade material parecia ser o fim de todo o esforço, ele manteve-se um poeta e um idealista.
  (... continua) 
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