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Edward Burne-Jones

de Ana Sofia de Carvalho

em 29 Fev 2024

  (...anterior) A partir de um presente frio e sombrio ele se volta com toda a sua paixão e ardor para o passado esquecido, e lá, nos mitos e contos de fadas do mundo antigo, encontra o alimento ansiado pela sua alma. Lá, o seu amor pela beleza é satisfeito, a sua imaginação encontra-se em casa.

A arte promove a substância à vida, cujo materialismo vitoriano falha em oferecer. Este alimento necessário era espiritual; definido como aquelas correntes não comerciais da alma humana, que parecem perder todo o seu valor utilitário em termos económicos: idealismo, invenção e imaginação. Em 1908, o crítico de arte J.E. Phythian, ofereceu a sua própria versão, num livro sobre Burne-Jones, argumentando que todas as histórias contadas ou escritas emergiram de experiências de vida, mas que aquelas com um sentido mais profundo, não são aquelas que somente relatam os factos. Foi o importante crítico francês, Robert de la Sizeranne que no seu livro “Arte contemporânea Inglesa”de 1898, proporcionou a melhor exposição deste ponto de vista: «É perfeitamente verdade, que ele não pinta vestidos de valor ou mobília de lojas, e deveria ser congratulado por isso. Mas é um grande erro, cometido por realistas em busca da moderna superficialidade, pensarem que o seu trabalho sugere menos pintura contemporânea, menos interesse existencial, porque eles estão mais afastados da nossa vida diária que as ilustrações do Graphic ou do Ilustrated London News. Isto é provado pela extraordinária e permanente impressão que eles deixam a quem os tenha visto. Para mim eu nunca olhei para os seus trabalhos sem reviver as ansiedades e realidades da impermanência da vida».

Para Sizeranne e Cartwright, a devoção de Burne-Jones aos seus trabalhos imaginários, permite-lhe uma posição de vantagem de onde as verdades da experiência contemporânea são tornadas visíveis. O trabalho de sonho da sua arte, é um meio de oferecer consolo, mas também, análise e crítica, a uma era de realismo e materialismo.

Estes assuntos de industrialismo e materialismo já estavam a receber atenção pública nos tempos de escola de Burne-Jones. Os grandes pensadores Vitorianos, Thomas Carlyle, John Ruskin, John Newman e outros já apontavam o materialismo e a imoralidade do mundo moderno, que o capital industrial tinha construído, oferecendo as suas próprias alternativas. Em particular a imaginação de Burne-Jones e o desejo por renovação moral, pureza e valores espirituais foram inspirados pelos ideais do movimento Tractarian.

Inaugurado em Oxford por Newman, o movimento tentou uma renovação da Igreja Anglicana, buscando a inspiração no passado católico, dando ênfase aos benefícios espirituais dos rituais e da riqueza dos trajes, da decoração e do aparato, e de todo o visual da Igreja. Lidava também com a importância dos valores espirituais que para Burne-Jones e muitos dos seus contemporâneos, haviam sido omitidos da vida moderna: «no tempo dos sofás e almofadas», escreveu Burne-Jones sobre Newman, «ele ensinou-me a ser indiferente ao conforto e numa época de materialismo, ele ensinou-me a confiar mais no desconhecido».

Tractorianism deu a Burne-Jones o caminho para expressar o seu descontentamento com o mundo moderno, e encorajou-o a desenvolver um medievalismo romântico e espiritual como uma alternativa às brutalidades da vida moderna. Compaixão, Amor, Contemplação e uma compreensão meditativa do nosso encontro individual com o mundo, eram aspectos da experiência humana que Burne-Jones procurou na ligação entre o passado medieval e o moderno presente. Foi acima de tudo este intenso compromisso com a recuperação espiritual do passado com a manifestação da bondade humana em oposição a um presente corrupto, mecânico, que Burne-Jones ansiava por descobrir quando, em 1853, foi de Birmingham para o Exeter College em Oxford, com a firme intenção de se tornar padre. O Oxford que Burne-Jones encontrou enquanto estudante no Exeter College não foi o substrato vital para as sementes das novas ideias que o Tractarianism desenvolveu na sua imaginação.
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