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Bhagavad Gītā - XIII Capítulo
de Rājarāma Quelecar
em 29 Jan 2007
(...anterior) O Espírito, colhendo as sensações dos objectos exteriores, converte-se em percepções do prazer e da dor.
XXI
O Espírito, sendo inseparável da Natureza, reflecte em si as actividades dela, e esta atracção pelas qualidades sujeita-o a moldes variados, bons e maus, do seu nascimento, na Natureza.
XXII
O Espírito, inserido no nosso corpo, assistindo a todos os actos da Natureza, anuindo-os, sustentando-os; desfrutando as suas produções, é o Eu Supremo, soberano, todo poderoso.
XXIII
Assim, aquele que conhece, desse modo, o Espírito e a Natureza com as suas qualidades, qualquer que seja a sua maneira de viver e agir, não está sujeito ao ciclo da vida e morte.
XXIV
Esse conhecimento se adquire pela introspecção, em que o Eu eterno se torna aparente na própria existência humana, ou se adquire pelo Yoga (§) da inteligência ou pelo Yoga da acção.
XXV
Mas o homem, em geral, que ignora essas vias do Yoga, adquire a Verdade escutando com fé e atenção os preceitos ditados pelos mestres e meditando-os e, assim, evita o ciclo da vida e morte.
XXVI
Sabe, oh Arjuna, que todo o ser que vem ao mundo, quer animado quer inanimado, é o resultado da união do Espírito e da Natureza.
XXVII
Aquele que vê o Ente supremo, indistintamente, em toda a existência espaço-temporal, isto é, o imperecível no perecível, só este vê realmente.
XXVIII
Aquele que compreende que o Ente supremo existe em todas as coisas e em todos os seres e, sendo incapaz de se deixar arrastar pelas paixões, atinge a condição suprema.
XXIX
Aquele que compreende que toda a acção é o atributo da Natureza, e que o Espírito só assiste impassível aos actos dela, é o sábio.
XXX
E quem chega a compreender que toda essa multiplicidade de existências se sucede no único Ser Supremo, e que tudo dimana dele, atinge o Brahman.
XXXI
Oh Arjuna, o Ser Supremo é sem origem e Eterno, não limitado pelas qualidades da Natureza, imperecível, e não obstante se encontrar no nosso corpo, Ele não age nem é afectado.
XXXII
Assim como o éter subtil enche todo o espaço e penetra todos os corpos, sem se alterar, assim o supremo Espírito, existindo em todas as partes do nosso corpo, não é afectado.
XXXIII
Assim como o único Sol ilumina a terra inteira, assim o senhor do campo ilumina o campo inteiro, oh Arjuna!
XXXIV
Aquele que, pelos olhos do conhecimento, chega a compreender a distinção entre o campo e o seu conhecedor e o segredo da libertação do jugo da Natureza, atinge o Supremo.
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