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O Tauísmo - 1ª Parte

de Lubélia Travassos

em 16 Abr 2007

  (...anterior) Contrariamente a qualquer ideia preconcebida, ele pode viver com toda a gente, no meio dos outros, e em perfeito entendimento com eles.

Na verdade, esta posição encontra-se muito próxima da vivida pelo Indiano dentro da filosofia do Vedānta. Só que há uma diferença importante entre ambos, que provém das suas respectivas realidades. O sábio Indiano é um homem que vive para algo distinto do mundo, é uma personagem que “não está aqui”. O sábio Chinês, inclusive numa doutrina tão extrema como o Tau, "está sempre aqui". A própria forma como ele se exprime é significativa.
Temos como exemplo algumas anedotas, que são parábolas, com os seus laivos de humor tão penetrante, que indicam, na verdade, o grande sentido daquilo a que se chama vulgarmente a vida e a realidade.
O Tauísta é, na prática, um homem que participa totalmente do real. Habita geralmente fora das cidades, no meio da natureza, com a sua família, alguns discípulos, e reparte o seu tempo entre passeios, trabalhos manuais e muitas vezes com a prática de uma arte, tal como a caligrafia, a poesia, música, pintura, etc. Todavia, o seu retiro não se pode comparar ao que existe num mosteiro tradicional, uma vez que não se encontra isolado, nem tem de obedecer a regras ou a ritos. Normalmente os textos Chineses apresentam-no como um homem bastante indigente, ou então não dá a menor importância ao seu aspecto exterior ou aos bens terrestres.
Vejamos algumas histórias que dão um exemplo perspicaz da sua Filosofia, contadas por Chuang-Tzu:

«Numa altura em que Tseu-Kong foi visitar o Mestre Yaun Hien e se compadeceu da sua miséria, este replicou-lhe que «carecer de bens é ser pobre, mas ser miserável é não poder pôr em prática o seu saber». Resposta essa que Chuang-Tzu dera e que também dará Tseng-Tzu do país de Wei. Essa pobreza aparente não o impede de cultivar a amizade. Por que gostando de gracejar, por apreciar a vida, o vinho e a natureza, ele mostra-se sempre pronto a acolher quem quer que bata à sua porta. No entanto, ele estima da mesma forma a companhia e a solidão, preferindo, de qualquer modo, a obscuridade a uma vida pública brilhante.
Chuang-Tzu quando pescava à beira de um ribeiro recusou com determinação um cargo de ministro. No entanto, era um homem que possuía uma enorme largueza de espírito, com uma conduta de exemplar liberalidade. Ele admite nos outros as formas de pensamento, as práticas mais sofisticadas e não receia os turbilhões da vida à sua volta, se bem que ache isto perfeitamente ridículo e não se deixa influenciar.

As suas fábulas e humor são muito imaginativas e poéticas, em que ele está sempre a interrogar e a ridicularizar as atitudes e valores tradicionais. Ele notava que as pessoas tinham tendência para ficarem desnorteadas e irracionais, por vezes, com coisas que são muito semelhantes. Chuang-Tzu chamou a isso a doutrina das “três da manhã”, que é, na realidade, um bom exemplo do humor Tauísta. Conta o sábio que «nos tempos de “Sung” havia um criador de macacos que atravessando uns tempos difíceis, se viu obrigado a reduzir a ração quotidiana dos seus animais. Então disse aos macacos: «Dar-vos-ei três medidas de castanhas de manhã e quatro à tarde». Os macacos ficaram furiosos. «Muito bem, então, terão quatro medidas de castanhas de manhã e três à tarde» retorquiu ele. Os macacos ficaram muito satisfeitos e aceitaram com alegria».
Através desta história o homem poderá aprender que não se deve cingir ao conhecimento “exclusivo” de uma coisa. Verificámos que o entendimento final a que o criador de macacos chegou não diferiu em nada da sua proposta inicial, a não ser na forma. De maneira semelhante, a maioria dos conflitos nascem devido à cegueira do homem, que na sua ignorância não vê que as coisas dotadas de um nome diferente são frequentemente iguais.
  (... continua) 
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