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Liberdade na restrição

de Ajahn Sundara

em 19 Abr 2007

  Quando o Buddha ensinou a Primeira Nobre Verdade ele disse que tomar refúgio na existência humana é uma experiência insatisfatória. Se nos apegamos a esta estrutura mortal sofreremos. Não obter aquilo que desejamos é doloroso - é muito fácil percebermos isto. Obter aquilo que não queremos pode ser também doloroso. Mas quando caminhamos um pouco mais nas pegadas do Buddha, até mesmo obter aquilo que queremos é doloroso! Isto é o princípio do caminho do Despertar.


Mosteiro AmarāvatiQuando percebemos que obter aquilo que queremos no mundo material também não nos satisfaz é quando começamos a amadurecer. Já não somos crianças, esperando encontrar a felicidade através de se obter aquilo que se quer ou através de fugirmos da dor. Nós vivemos numa sociedade que venera a gratificação dos desejos. Mas muitos de nós, não estamos realmente interessados em desejos gratificantes, porque intuitivamente sabemos que não é disso que a existência humana trata. Vem-me à memória quando, há muitos anos atrás, eu estava a tentar perceber o que eu pensava ser a Verdade. De alguma forma eu sabia que havia algo a alcançar por detrás das minhas emoções e da minha mente pensante, algo que transcendia este mundo do nascimento e da morte. Com o passar do tempo, o desejo de viver uma vida que fosse verdadeira e real tornou-se a coisa mais importante do mundo. Enquanto eu tentava harmonizar os meus pensamentos, os meus sentimentos e as minhas aspirações e chegar a um estado de paz, tornei-me consciente de que havia algo entre as minhas aspirações e a minha mente. Parecia existir um enorme espaço entre elas e isso era aquilo a que eu chamava de "meu eu", este corpo com os seus sentidos físicos. Por essa altura eu não tinha ainda percebido que o ensinamento budista apresenta os seres humanos com um sexto sentido, a mente, a plataforma na qual os pensamentos podem surgir.

A mente e o corpo são um reservatório de energia e eu descobri que a minha energia flutuava, dependendo da forma como eu os usava. A minha forma de me relacionar com a vida e a minha compreensão da mesma pareciam também ser dependentes da clareza da minha mente, e por sua vez, essa clareza era muito condicionada pelo grau de energia que eu tinha. Então eu estava bastante interessada em descobrir como viver sem gastar energia desnecessariamente. Muitos de nós não fomos criados com um estilo de vida muito disciplinado. Na minha família eu cresci no meio de uma atmosfera que promovia uma certa liberdade de expressão. Mas, seguindo os nossos próprios caprichos e fantasias e fazendo aquilo que queremos, quando queremos, não trás, na verdade, muita sabedoria à nossa vida, nem muita compreensão ou sensibilidade. Na verdade torna-nos mais egoístas. Apesar de não me ter sido incutido qualquer grande sentido de disciplina, enquanto criança eu apreciava a beleza de estar viva, a harmonia da vida e a importância de não a desperdiçar. Ainda assim a ideia de viver de uma maneira restrita e disciplinada era bastante estranha para os meus condicionamentos. Quando encontrei a meditação e a prática vipassana (meditação de introspecção), pareceu-me uma introdução à disciplina muito mais fácil do que seguir preceitos ou mandamentos. Muitas vezes, tendemos a olhar de uma forma alarmada para qualquer coisa que nos vá sujeitar, qualquer convenção que vá limitar a nossa liberdade. Então muitos de nós disciplinamo-nos através da meditação. Quando vemos, dentro de nossos corações, a maneira como nos relacionamos com o mundo dos nossos sentidos, apercebemo-nos como tudo está interligado. Corpo e mente estão constantemente a influenciarem-se e a brincar um com o outro. Nós conhecemos bem o prazer envolvido na gratificação dos nossos sentidos quando, por exemplo, escutamos música inspiradora ou olhamos para um cenário maravilhoso.

Mas notem como, assim que nos apegamos à experiência, o prazer é estragado. Isto pode ser muito doloroso e muitas vezes sentimo-nos confundidos pelo mundo sensorial. Mas com a Plena Atenção nós penetramos a natureza transitória das nossas experiências sensoriais e tornamo-nos conhecedores do perigo de nos agarrarmos a algo que é fugaz e impermanente. Apercebemo-nos o quão ridículo é agarrarmo-nos àquilo que está em mudança. E com esta realização nós naturalmente recusamo-nos a desperdiçar a nossa energia seguindo algo sobre o qual temos pouco controlo e cuja natureza é perecer.
A restrição sensorial é o resultado natural da nossa prática de meditação.
  (... continua) 
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