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Mosteiro Budista
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Entrevista com Ajahn Sundara

de Spiritus Site

em 10 Mai 2007

  (...anterior)
Por exemplo, no caso da obediência, mesmo que durante o período de treino se esteja sob o que se pode chamar a obediência ao professor e superiores, após o treino que tem de duração normalmente cinco anos, é considerado como alguém que integrou o ensinamento e a disciplina e, está apto para continuar o seu caminho, se desejar, de forma independente. É um pouco diferente da vida monástica católica em que se tem um abade ou uma madre superiora a quem tem de se obedecer, talvez para o resto da vida monástica ou pelo menos, enquanto se viver no mosteiro. Eu não sei se as coisas mudaram, mas no meu entendimento, na vida monástica católica aquele que é a cabeça do mosteiro, pode tomar todas as decisões para toda a comunidade e parece ter um poder quase divino.
Há dois mil e quinhentos anos, na Índia, já existia um modelo de investigadores espirituais aos quais chamavam sadhus. Eles eram mendicantes, viviam de esmolas e não carregavam dinheiro, ainda podemos observar em nossos dias este modelo em certos locais da Índia, onde sadhus vivem uma vida de pobreza e castidade e vagueiam como mendicantes. Eles podem ter um professor, mas não há a obediência a um abade ou madre superiora.
Quando o Buddha (§) começou a ordem monástica há dois mil e quinhentos anos, durante os primeiros vinte anos havia apenas a comunidade de monges (a ordem de monjas surgiu após vinte anos da primeira ordenação de monges) e durante esse tempo, não havia estabelecido o código disciplinar monástico como hoje conhecemos como Vināya. Parece que naquele tempo, aqueles monges eram tão puros nos seus corações, tão altamente desenvolvidos que nenhum deles transgredia a ética. O seu nível elevado era o suficiente para saberem usar ao máximo a sua vida meditativa. Mais tarde, quando o Buddha e a comunidade de monges se tornaram mais conhecidos, outro tipo de pessoas que não tinham a mesma integridade ética vieram juntar-se ao Sangha. Então, o Sangha foi estabelecido numa forma de dependência da comunidade de leigos, para o suprimento das suas necessidades materiais e, os monásticos, cuja vida é devotada ao caminho da prática, à meditação, ao Dhamma, à realização do caminho da transformação, em retorno ofertam ajuda à comunidade leiga, na compreensão de como trazer estes ensinamentos para as suas vidas diárias e ajudam a percorrer o caminho espiritual. Podemos ver aqui uma dependência mútua, entre a comunidade de leigos e a comunidade ordenada. Estes modelos tradicionais podem ainda ser encontrados, em nossos dias, na Ásia.
Quando o Budismo tradicional veio para o ocidente, muitos pensaram que não resultaria. Com a nossa cultura ocidental baseada numa ética de trabalho e de auto-suficiência, como poderia um modelo estrangeiro como este ser por ela integrado? Pessoalmente, acho bastante extraordinário que Ajahn Sumedho tenha arriscado, perto de trinta anos atrás, de trazer esta tradição de uma forma não diluída e pura, para o ocidente na tentativa de ver se funcionava.
Desde que tomei a ordenação há 26 anos, eu tenho sido suportada livre e generosamente pela comunidade leiga, quer na minha refeição diária, quer em qualquer outra necessidade material. Nos últimos vinte e três anos desde que sou uma siladhara (uma monja sob 10 preceitos), não tenho usado dinheiro – eu não recebo dinheiro pessoalmente, embora que seja permitido, que monjas e monges recebam fundos para as suas necessidades, através de um leigo que os queira suportar. O facto de que, monges e monjas sem recursos pessoais monetários, estejam dependentes da comunidade de leigos é algo muito precioso, porque nos torna muito mais desperto para o que é realmente importante nesta vida. Ajuda a lembrar que se está aqui, não para ganhos materiais, mas para a liberação, não para a satisfação ou gratificação pessoal, mas para aprofundar a prática e a compreensão do Dhamma (o ensinamento) e a vida. O propósito da prática é o cultivo das qualidades da mente/coração que nos libertam do sofrimento e para estar ao serviço de uma sociedade mais ampla.
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