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Textos Sagrados são os registos que evocam o divino. Neste espaço eles irão testemunhar a reverência espiritual da humanidade, porque asseguraram e continuarão a assegurar, a herança que dirige o rumo da contínua evolução dos seres. A Sabedoria perene e a força espiritual irradiam através dos tempos, sob a égide de Escrituras Sagradas.


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Bhagavad - Gītā - Canto XVII

de Rājarāma Quelecar

em 04 Jun 2007

  «Na leitura da Bhagavad Gītā podemos encontrar a força catalizadora, razão da beleza desta obra que inspira; ora, coragem para a acção na vida nos momentos difíceis, ora, vontade para se encetar um caminho mais justo e correcto connosco e com os outros, ora, desejo de conhecimento para se ultrapassar a ignorância, ora, determinação para se embrenhar na floresta da mais austera renúncia. O conhecimento transmitido por Kṛṣṇa, é no sentido do aprofundamento interno e no conhecimento de Deus, que ele próprio personaliza ou representa. O divino encarna em Kṛṣṇa como salvador e a sua palavra é uma revelação. Sendo acessível a todos e seu ensinamento mostra os vários caminhos para chegar a um mesmo fim, fluindo pela corrente mais necessária daquele que busca e, que tem como objectivo de peregrinação terrena, a meta da libertação ou iluminação».
Maria


Variadas tríades

I – Arjuna: aqueles que oferecem sacrifícios a Brahman, com todo o coração, mas sem a observância da regra prescrita pelos sábios, como Tu classificas a fé deles? É Sátvica, Rajásica ou Tamásica?

II – Śri Kṛṣṇa: A fé no homem corresponde à sua natureza particular, e é Sátvica, Rajásica e Tamásica. Compreende tu, ó Arjuna.

III – Ela toma a matiz que lhe dá a substância do seu ser. O homem é o que é a sua fé.

IV – Os homens Sátvicos adoram deuses, os Rajásicos prestam culto aos guardas das riquezas e às forças extraordinárias e os Tamásicos veneram os fantasmas e os demónios.

V – Os homens que praticam austeridades estupendas, interditas pelas regras, com egoísmo e hipocrisia, impelidos unicamente pelos desejos e paixões.

VI - E mortificam o seu corpo, e torturam em vão o espírito, são a execração do género humano.

VII – A alimentação é variável segundo os homens, e são três as suas espécies; da mesma maneira há tríade do sacrifício, da austeridade, da caridade prática. Eis as diferenças:

VIII – Os Sátvicos preferem os alimentos que aumentam a vitalidade, a força, a pureza, a saúde, a felicidade e o amor e que são sumarentos, doces, substanciais e saborosos.

IX – Os Rajásicos são atraídos pelos alimentos amargos, ácidos, salgados, picantes, quentes, secos e acres, que trazem o mal-estar da saúde e provocam doenças.

X – Os Tamásicos tomam gosto aos alimentos frios, impuros, estragados, fermentados e contagiados.

XI – O sacrifício é Sátvico quando é feito com serenidade, sem o desejo ao seu fruto, praticado como um dever e realizado segundo a regra prescrita.

XII – O sacrifício feito com o fim do proveito pessoal e realizado com ostentação e hipocrisia é Rajásico, ó Arjuna.

XIII – O sacrifício sem a regra prescrita, sem a oblação, sem hinos, sem dádivas e sem fé, é chamado Tamásico.

XIV – A homenagem a Deus, o respeito pelo Brâmane, pelo mestre espiritual e pelo sábio, a pureza, a rectidão, a continência e a não-violência formam a essência da austeridade física;

XV – Falar gentil e agradavelmente, falar sempre a verdade, falar com urbanidade, dissertar sempre os textos da escritura sagrada, tudo isto constitui a austeridade da linguagem;

XVI – A alegria viva, a afabilidade, o silêncio, o auto-domínio e a candura constituem a austeridade mental;

XVII – Essa tríade de austeridades praticadas pelo homem, com fé perfeita e com a luz da razão, sem aspiração aos seus frutos, é chamada ascese Sátvica.

XVIII – A mesma tríade praticada com vaidade e hipocrisia, com o fim de ser respeitado, ter honras e veneração, é chamada ascese Rajásica; ela é instável e efémera.

XIX – Essa mesma praticada com obstinação doida, com torturas a si próprio e com o fim de causar dano a outrem, é chamada Tamásica.

XX – A caridade é chamada Sátvica quando o donativo é oferecido à pessoa merecedora, pelo amor de dar e para o bem, em tempo e em lugar próprio, sem esperar retribuição alguma.

XXI – A caridade, quando é feita com constrangimento e com a esperança de recompensa, é chamada Rajásica.

XXII – A caridade sendo praticada sem consideração às condições do tempo e do lugar e o donativo oferecido a pessoa indigna e com desdém, é chamada Tamásica.

XXIII – AUM – TAT – SAT, esta tríade de palavras monossilábicas simboliza o Brahman que, nos primeiros, tempos deu origem aos brâmanes, aos Vedas e ao sacrifício.

XXIV – Eis a razão porque todo o devoto começa os actos de sacrifício, de caridade e de austeridade pronunciando a sílaba AUM segundo a lei prescrita.

XXVP – Pronunciando TAT, procura a sua libertação do ciclo da vida e da morte no mundo cósmico, renunciando aos frutos de sacrifício, de caridade e de austeridade a Brahman.

XXVI – SAT significa o bem, a existência, e se emprega também no sentido de boa acção, e se pronuncia essa palavra a fim de habituar o homem às boas acções.

XXVII – O SAT é também dedicar toda a vida aos sacrifícios, à caridade, à austeridade, e fazer destas acções o seu dever.

XXVIII – O sacrifício, a caridade, a austeridade e todas as outras acções praticadas sem fé são inconsequentes neste mundo e noutro também.
   


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