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Mosteiro Budista
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As Quatro Nobres Verdades

de Ajahn Sumedho

em 26 Jun 2008

  (...anterior) Temos de pensar que elas não têm coração, que são imorais, más, sem qualquer valor e que o melhor é vermo-nos livres delas. Temos de pensar que elas são o mal e que é bom livrarmo-nos do mal. Com esta atitude, podemos sentir-nos justificados ao bombardeá-los e metralhá-los mas, se tivermos em mente o sofrimento como elo comum, isso torna-nos incapazes de agir dessa forma.
A Primeira Nobre Verdade não é uma desagradável afirmação metafísica, que apenas nos diz que tudo é sofrimento. É importante notar que existe uma diferença entre a doutrina metafísica, em que se faz uma afirmação acerca do Absoluto, e a Nobre Verdade que é uma reflexão. A Nobre Verdade é uma verdade para ser reflectida, não é um absoluto, não é O Absoluto. É neste ponto que os Ocidentais se sentem bastante confusos porque interpretam esta Nobre Verdade como um tipo de verdade metafísica do Budismo, mas na realidade, nunca houve a intenção de ser tal coisa.
Pode-se constatar que a Primeira Nobre Verdade não é uma afirmação absoluta, pois sabe-se que a Quarta Nobre Verdade é o caminho para o fim do sofrimento. Não se pode ter sofrimento absoluto e depois ter um caminho para sair dele, ou será que se pode? Isso não faz sentido. No entanto, algumas pessoas pegam na Primeira Nobre Verdade e dizem que o Buddha (§) ensinou que tudo é sofrimento.
A palavra Pāli, dukkha, significa “incapaz de satisfazer” ou “não ser capaz de suportar algo”, ou seja, sempre em mudança, incapaz de nos preencher verdadeiramente ou de nos tornar felizes. O mundo sensorial é assim, uma vibração na natureza. Seria de facto terrível se encontrássemos satisfação no mundo dos sentidos, porque então nunca procuraríamos para além dele, ficaríamos limitados. No entanto, ao despertarmos para dukkha, começamos a procurar a saída para deixarmos de estar constantemente presos à consciência sensorial.

Sofrimento e identificação pessoal

É importante reflectir na construção da frase da Primeira Nobre Verdade, que é expressa de uma forma bem clara: “O sofrimento existe”, em vez de “Eu sofro”. Psicologicamente falando, essa reflexão é exposta de uma forma muito mais hábil. Temos a tendência de interpretar o nosso sofrimento como “Eu estou mesmo a sofrer. Sofro muito e não quero sofrer”. É assim que pensamos, é desta forma que a nossa mente está condicionada.
“Eu estou a sofrer” transmite-nos sempre a sensação de que “Sou alguém que sofre bastante. Este sofrimento é meu. Eu tenho sofrido bastante na minha vida”. E assim começa todo o processo de identificação com o nosso eu e a nossa memória, lembramo-nos do que aconteceu quando éramos crianças... e por aí fora.
Mas reparemos, não estamos a dizer que existe alguém que tem sofrimento. Já não se trata de sofrimento pessoal quando o vemos como “o sofrimento existe”. Deixa de ser: “Ah coitado de mim, porque é que eu tenho de sofrer tanto? O que é que fiz para merecer isto? Porque é que tenho de envelhecer? Porque é que tenho de ter amargura, dor, lamentação e desespero? Não é justo! Eu não quero isto. Só quero felicidade e segurança”.
Este tipo de pensar nasce da ignorância, que tudo complica e dá origem a problemas de personalidade.
Para podermos abandonar o sofrimento temos de primeiro admiti-lo na consciência. Mas na meditação Budista esta admissão não parte da posição de “Eu estou a sofrer” mas sim de “O sofrimento está presente”, pois não estamos a tentar identificar-nos com o problema mas, simplesmente a reconhecer que ele existe. Pensar em termos de “Estou zangado; zango-me muito facilmente; como ver-me livre disto?”, não revela grande sabedoria pois tudo isto desperta em nós uma série de pressupostos sobre a existência de um eu, tornando muito difícil obter qualquer perspectiva sobre o assunto. Torna-se muito confuso porque a percepção dos meus problemas ou dos meus pensamentos, leva-nos facilmente a reprimir ou a fazer juízos de valor acerca do assunto e a criticarmo-nos a nós próprios.
  (... continua) 


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