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Plena Atenção - 2ª Parte

de Ajahn Sumedho

em 24 Jan 2011

  (...anterior) Escutem o desejo, a loucura do “Quero isto, quero aquilo, tenho de ter, não sei o que farei se não tiver isto, e quero aquilo …” Por vezes a mente pode estar somente a gritar “Eu quero isto!” – e nós conseguimos ouvir isso.

Estive a ler sobre confrontos, quando gritamos uns aos outros e dizemos todas as coisas que estão reprimidas na nossa mente: isto é um tipo de catarse mas sem uma atitude consciente. Falta-lhe a capacidade de observar esse acto de gritar como uma condição, ao invés de simplesmente “deixarmo-nos ir na onda” e dizer tudo o que pensamos. Falta-lhe a firmeza mental, capaz de suportar os pensamentos mais tenebrosos de forma a acreditarmos que estes não são problemas pessoais. Assim podemos levar, mentalmente, o medo e a ira a uma posição absurda, onde eles são vistos como uma simples progressão natural do pensamento. Passamos a pensar deliberadamente em tudo quanto temos medo de pensar, não irracionalmente, mas observando e escutando tudo como condições da mente e não como problemas ou falhas pessoais.

Assim, nesta prática, começamos a deixar as coisas seguirem o seu curso. Não têm de andar às voltas à procura de algo específico, mas sempre que surgirem pensamentos obsessivos que vos aborrecem e de que se estão a tentar livrar, tragam-nos ainda mais à luz da consciência. Pensem deliberadamente neles em voz alta e oiçam, como se estivessem a ouvir alguém a falar do outro lado da cerca, como que uma velha tagarela: Fizemos isto e fizemos aquilo, e depois fizemos isto e depois fizemos aquilo… e a velha senhora naturalmente continua a divagar! Agora, como prática, tentem ouvir a mente como se fosse a voz dessa senhora, em vez de a julgarem dizendo Oh, não! Espero que isto não seja eu, esta não é a minha verdadeira natureza ou tentando calá-la dizendo “Eh, ó velhota, desaparece, vai-te embora!” Todos temos essa tendência; até mesmo eu a tenho. É somente uma condição da natureza, não é? Não é uma pessoa.

Então, esta tendência inoportuna que temos – Eu trabalho tanto, nunca ninguém me agradece – é uma condição, não uma pessoa. Por vezes, quando estamos rabugentos, ninguém faz nada como deve de ser – mesmo quando fazem tudo bem, estão sempre a fazer mal. Essa é outra condição da mente, não é uma pessoa. A rabugice, o estado rabugento da mente é conhecido como uma condição: anicca – transitório; dukkha – não é satisfatório; anattā – não é uma pessoa. Existe o medo do que é que os outros pensarão de nós se chegarmos tarde: adormecemos, entramos e começamos a preocupar-nos sobre o que todos estão a pensar de nós por termos chegado tarde – Eles pensam que sou preguiçoso. A preocupação com o que os outros pensam é uma condição da mente. Pode também acontecer estarmos sempre aqui a horas e quando alguém chega tarde nós pensamos Chegam sempre tarde; será que nunca conseguem chegar a horas?! Também isso é outra condição da mente.
Estou a trazer as coisas triviais para um nível completamente consciente, todas aquelas coisas que simplesmente pomos de lado justamente por serem triviais. Não nos queremos preocupar com as trivialidades da vida! Mas quando não nos importamos, tudo isso fica reprimido tornando-se num problema. Começamos a sentir ansiedade, a sentir aversão a nós próprios ou aos outros, ou a ficar deprimidos; tudo isso vem da recusa em aceitarmos que as condições, trivialidades ou coisas horríveis, se tornem conscientes.

Surge assim o estado mental da dúvida, que nunca tem a certeza do que fazer: surge o medo, a incerteza e a hesitação. Tragam deliberadamente ao de cima o estado de incerteza e descontraiam nesse ponto em que a mente se estabelece quando não estamos agarrados a nada em particular. O que devo fazer, devo ir ou devo ficar, devo fazer isto ou aquilo, devo fazer ānāpānasati ou vipassanā? Observem isso. Coloquem-se questões que não podem ser respondidas, como Quem sou eu? Reparem nesse espaço vazio que antecede o pensamento de Quem?.
  (... continua) 
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