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Tradição Espiritual Portuguesa

de Pedro Teixeira da Mota

em 09 Mai 2011

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Oiçamos então estes três amigos, que tão bem conheci e convivi: se para Agostinho a primeira Renascença procurara «um centro a Portugal e o encontrado num indefinível vivido, aquele a que José Marinho, em alargamento total, chamou insubstancial substante», e a segunda Renascença como «desejando definir a periferia portuguesa... aquela vida conversável, sempre renovada e aberta», agora confessa-nos um dos seus anseios ou idealismos de completa abolição ou ultrapassagem das fronteiras dos contrários ou opostos «gosto de imaginar uma terceira (...) em que periferia e centro se confundam, (…) em que o Deus que adoremos seja o de Tudo e Nada, sempre em nós, de nós, a nós, por nós, voltando, num perpétuo e momentâneo e parado mover-se de imanência e transcendência, como em simultâneas sístole e diástole: só então Portugal, por já não ser, será.»
Para Sant'Anna Dionísio, talvez o discípulo mais marcado por Leonardo, num texto sugestivamente intitulado "Instantes de mística catálise e de sibilina profecia", a Renascença Portuguesa «foi um movimento, poderemos talvez dizer, de carácter religioso, ao mesmo tempo hermético e ecuménico», no qual «não diremos que todos os que participaram da sua eclosão possuíssem a consciência clara dos imperativos e objectivos, digamos de ordem mística que os concitara a proclamar a certeza no advento de uma espécie de redenção (…) pois muitos seriam simples simpatizantes ou pacatos aderentes (...) Os verdadeiros focos de ardor místico, ou quase místico, seriam dois ou três vultos dotados de incontestável ardor apostólico: o nocturno vidente (...) e perseguidor incansável do fantasma da Saudade [1º Pascoaes], o vulto agigantado e loiro de wiking [2º Jaime Cortesão] (…) [e 3º Leonardo] misto de filósofo e de tribuno, (...) de palavra clara, inspirada, pronta...»

Já Dalila Pereira da Costa, no seu contributo (sobre o poema "Marânus", de Pascoaes), afirma que «o ultrapassamento, ou libertação, dos limites e condicionamentos do positivismo e racionalismo unívocos, realizado pela Renascença Portuguesa, nos mostrará e abrirá para nós, agora, o caminho a uma nova Descoberta portuguesa. A evocação profética e preparação para essa nova aventura, como descoberta no mundo transcendente do espírito, vem ao encontro de um facto dos mais importantes de nossos dias no pensamento ocidental: a valorização da experiência espiritual». Apela então à abertura ao Logos ou Razão Cósmica, para que o poeta profeta e clarividente seja capaz de perscrutar não só o psiquismo como chegar ao nível espiritual, numa vivência interior poética e transcendendo os limites da pessoa. Discerne lucidamente o ideal do progresso e do bem estar ilimitado como causador do círculo fechado delirante e infernal da sociedade em que vivemos, na qual a excessiva usufruição de bem estar material causa «uma atrofia das suas forças espirituais e do seu ideal de perfeição pessoal como auto-realização», forças (detidas «pelos filósofos pré-socráticos, poetas e taumaturgos, chamanes e yoguis dos nossos tempos e pelos santos») que devemos recuperar e nas quais predomina o Amor Conhecimento e que permitem a participação na Supra-Humanidade espiritual.
Realçar hoje esta assunção da experiência e da vivência espiritual interior, da meditação, da revelação interna, e da posterior partilha e colóquio (ao modo erasmiano, e de conversa convergente...) com outros seres e povos nas suas várias dimensões, parece-me então essencial para que as primícias pedagógicas, monadológicas e divinas da Renascença dêem mais frutos de ressurreição nas mulheres e homens que lêem estas florescências da Tradição Espiritual Portuguesa...

Oxalá possam então surgir mais noites claras, o sol a meio da noite (seja ela de injustiça, carência mas que provocam a aspiração, sede e transformação), bem como encontros e partilhas de seres, saberes e haveres que façam crescer a harmonia das pessoas e sociedades, a libertação e o voo de águias e a comunhão com a Verdade, os Mestres e Deus em cada vez mais seres, que se auto-conhecem como mónadas ou estrelas (§) de cinco pontas, quais corpos espirituais ou as formas geométricas estilizadas por Leonardo da Vinci (§) ou Cornélio Agripa, ou entre nós por Francisco de Holanda, Almada Negreiros e Fernando Pessoa (§).
E que Teixeira de Pascoaes, Jaime Cortesão e Leonardo de Coimbra (§), entre vários outros da "Águia", tão pioneiramente viveram, intuíram e transmitiram, em certos modos que apelam ao nosso continuar e completar.
Assim se melhorará o nosso alinhamento, participação e comunhão na harmoniosa Unidade Cósmica e Divina, e na Tradição Espiritual Portuguesa...
Artigo publicado na Revista Águia
   


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