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Jesus Cristo segundo Rudolf Steiner - 4ª Parte
de Zelinda Mendonça
em 16 Mai 2011
(...anterior) Então seu corpo começou a brilhar e ele morreu, com o corpo luzindo, pronunciando as palavras: “Nada perdura”
Esta descrição da morte de Buda corresponde à transfiguração de Jesus. (Lucas 9,28 e seguintes) “Cerca de oito dias depois de haver assim falado, ele levou consigo Pedro, João e Tiago e subiu a um monte para orar. Enquanto orava, o aspecto do seu rosto alterou-se e as suas vestes tornaram-se brancas e resplandecentes.”
Neste ponto termina a vida de Buda; mas é apenas aí que começa a parte mais importante da vida de Jesus: a paixão a morte a e a ressurreição. E a diferença entre ambos reside, justamente, em ter-se tornado necessário prolongar a vida de Jesus Cristo além da vida de Buda.
Buda e Cristo não podem ser compreendidos se apenas ressaltarmos o que têm em comum.
A concordância na vida dos dois redentores impõe uma conclusão inequívoca. Quando os sábios sacerdotes ouvem falar sobre a espécie de nascimento que ocorreu, logo sabem do que se trata. Sabem que estão na presença de um homem-deus, sabem de antemão qual a essência da personalidade aí surgida. Por esse motivo, a vida dessa individualidade só pode ser de um homem-deus, cujo padrão já conhecem. O decurso de tal vida parece prefigurado para a eternidade.
A lenda de Buda não é uma biografia no sentido trivial, assim como também não o pretendem ser os Evangelhos com referência a Jesus Cristo. Ambos falam da vida característica de um redentor do mundo. O modelo para ambos deve ser procurado na tradição dos mistérios e não na história física exterior.
A vida de Jesus contém mais do que a de Buda, que finda com a transfiguração. Na vida de Jesus, o mais importante se inicia após a mesma.
Buda chegou ao ponto em que a luz divina começa a brilhar no homem; ele enfrenta a morte física e passa a ser a luz do mundo.
Jesus vai mais longe, pois não morre fisicamente no instante em que o transfigura a luz universal. Nesse instante ele é um Buda, mas está chegando a um nível que corresponde a um grau superior de iniciação. Jesus sofre e morre, seu corpo físico desaparece. Ele ressurge e se revela à sua comunidade como o Cristo.
Buda dissolve-se, no momento da transfiguração na bem-aventurada existência da espiritualidade universal.
Jesus Cristo desperta essa espiritualidade, mais uma vez para a existência terrena, sob forma humana.
Buda provara pela sua vida, que o homem é o Logos e que volta ao Logos, à Luz, mediante a sua morte terrena. Em Jesus o próprio Logos se personificou: nele o Verbo se fez carne.
14 - Os caminhos para Cristo
Para Jesus deve ter sido algo como um pesadelo pensar que muitos homens não poderiam achar o caminho certo.
Ele pretendia reduzir o abismo entre o povo e os adeptos.
O cristianismo devia ser o meio para que cada um encontrasse o caminho, e mesmo quem não estivesse maduro não devia ser excluído da corrente iniciática. O Filho do Homem veio para buscar e salvar o que se havia perdido.
Como pode o indivíduo assimilar, pouco a pouco o que emanou de Cristo pela ressurreição?
O cristianismo era uma religião apropriada para todos os homens e capaz de ser aceite por todos. Não era necessário qualquer desenvolvimento oculto ou esotérico para chegar a Cristo.
A visão dos que tinham a experiência dos factos ocultos, no ocidente, mormente das relações entre o mundo e o impulso de Cristo estava perturbada pela falta de um ensinamento correcto relativo às vidas repetidas.
De toda a cosmovisão e vida cristã sempre surgia algo como uma aspiração teosófica. Esta actuou por toda a parte, mesmo nos caminhos exotéricos dos homens que não podiam ir além de uma participação exterior na vida comunitária cristã.
O discípulo dos mistérios via que no mundo suprasensível uma mentira significa o obscurecimento de uma certa luz e que uma acção desamorosa queima algo no mundo espiritual pelo fogo da insensibilidade; e também que com os seus erros o homem apaga alguma “luz” no Macrocosmos.
(... continua)
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