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A Perspectiva da Floresta

de Ajahn Amaro

em 17 Dez 2011

  (...anterior) Até eu contar a Ajahn Sumedho que havia desistido das minhas práticas ascéticas, eu estava em quarta e a correr. Havia sempre uma pressão, uma atitude de ir até o limite. Quando reduzi um grau e já não estava tão fanático em relação às regras e a fazer sempre tudo perfeito, esse pequeno elemento de descontracção permitiu que tudo isso acabasse; simplesmente porque larguei o stress, parei de forçar. A ironia é que continuava a realizar 99.9 por cento das minhas tarefas e práticas espirituais, mas realizava-as sem estar obcecado. Podemos descontrair sem indulgência e consequentemente desfrutar dos frutos do nosso trabalho. Isto é o que queremos dizer com libertar-se do sentido de devir e aprender a ser. Se estivermos demasiado tensos e ávidos por querer chegar ao outro lado, estaremos destinados a cair do arame.

Realização da Cessação
Outro importante aspecto do conhecimento, é a sua ressonância com a experiência da cessação, nirodha. A experiência de rigpa é sinônimo da experiência de dukkha-nirodha, a cessação do sofrimento.
Parece bom, não é? Praticamos para nos libertarmos do sofrimento porém ficamos tão apegados ao trabalho com as coisas da mente que quando dukkha cessa e o coração torna-se espaçoso e vazio, podemos sentir-nos perdidos. Não sabemos como não interferir com essa experiência: “Ah! – Uau! – tudo está aberto, claro, espaçoso … e agora, o que é que eu faço?” O nosso condicionamento diz-nos, “É suposto eu estar a fazer algo. Isto não é progredir no caminho.” Não sabemos como estar despertos sem interferir com o espaço dessa experiência.

Quando esse espaço mental surge, podemos ficar baralhados ou nem repararmos nele. É como se cada um de nós fosse um ladrão que após arrombar uma casa, olha em volta e decide, “Bem, não há muito coisa para levar, vou continuar a procurar noutro lugar.” Não compreendemos que quando há desapego, o dukkha cessa. Ao invés disso ignoramos aquela qualidade serena, aberta, clara e continuamos em busca da próxima coisa e depois da seguinte e assim por diante. Como diz a expressão, não “saboreamos o néctar,” o néctar do sumo de rigpa. Simplesmente atravessamos o balcão dos sumos a correr. ‘Parece que aqui não há nada. Tudo parece demasiado entediante: nenhuma luxúria ou medo, ou outros assuntos para tratar’. Assim mantemo-nos ocupados com atitudes do tipo: “Eu estou a ser irresponsável; deveria ter um objecto no qual me concentrar ou pelo menos deveria estar a contemplar a impermanência; não estou a lidar com os meus problemas. Rápido, deixa-me ir para encontrar algo desafiante para resolver.” Apesar das nossas melhores intenções, deixamos de saborear o néctar que se encontra exactamente ali.
Quando deixamo-nos de agarrar a algo, surge a verdade última. É tão simples quanto isso.

Ananda e outro monge estavam a discutir sobre a natureza do estado imortal e decidiram consultar o Buddha (§). Eles queriam saber: “Qual é a natureza da imortalidade?” Eles prepararam-se para uma longa e extensa explanação. Mas a resposta do Buddha foi breve e sucinta. Ele respondeu, “A cessação do apego é a imortalidade.” E pronto. Relativamente a este ponto, os ensinamentos Dzogchen e Theravada são idênticos. Quando o apego cessa, há rigpa, há imortalidade, o fim do sofrimento, dukkha-nirodha.
O primeiro ensinamento do Buddha sobre as Quatro Nobres Verdades trata disso directamente. Existe uma maneira diferente de tratar cada uma das quatro verdades. A Primeira Nobre Verdade – dukkha, insatisfação – “deve ser completamente compreendida.” Precisamos reconhecer: “Isto é dukkha. Isto não é rigpa. Isto é marigpa, falta de plena consciência, ignorância, e é insatisfatório.”
A Segunda Nobre Verdade, a causa de dukkha, é o desejo egoísta, a cobiça, a qual deve ser abandonada.”
A Quarta Nobre Verdade, o Nobre Caminho Óctuplo, “deve ser cultivado e desenvolvido.”

Mas o que é interessante, especialmente neste contexto, é que a Terceira Nobre Verdade, dukkha-nirodha, o fim de dukkha, “deve ser realizado.” Isto significa: estejam atentos, quando o dukkha cessa, reparem no que acontece.
  (... continua) 
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