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A Realização do Infinito

de Rabindranath Tagore

em 12 Jun 2013

  (...anterior) Ganhar uma coisa, como já dissemos, é por sua natureza algo de parcial, algo que se limita apenas à satisfação de uma determinada necessidade; mas ser é algo de completo: pertence à nossa totalidade, e brota não de uma necessidade qualquer, mas da nossa afinidade com o infinito, que é o princípio de perfeição que trazemos na nossa alma.

Sim, nós devemo-nos tornar Brahma. Não devemos voltar atrás nessa afirmação. Nossa existência fica sem sentido se não podemos esperar consumar a mais alta perfeição que existe. Se temos uma meta que jamais possa ser alcançada, então de modo nenhum ela é uma meta.
Todavia, podemos então dizer que não há diferença entre Brahma e a nossa alma individual? Ao contrário, a diferença é óbvia. Ela existe, ainda que possamos chamá-la de ilusão ou de ignorância, ou de qualquer outro nome que lhe queiramos dar. Podemos oferecer explicações, mas não podemos explicá-la completamente. Até mesmo a ilusão é verdade como ilusão.
Brahma é Brahma. Ele é o infinito ideal da perfeição. Nós porém, não somos o que realmente somos; estamos sempre para nos tornar verdadeiros, até nos tornarmos Brahma. Existe o eterno jogo do amor na relação entre o ser e o tornar-se, e na profundidade desse mistério está a fonte de toda a verdade e beleza que sustenta a interminável marcha da criação.

Na música da torrente que se precipita ressoa a alegre certeza: “Eu me tornarei o mar”. Isso não é vã presunção, mas a verdadeira humildade, porque é a verdade. O rio não tem outra alternativa. De ambos os lados de suas margens ele passa por numerosos campos e florestas, aldeias e cidades: pode servi-los de vários modos, lavando-os, alimentando-os e carregando os seus produtos de um lugar para outro. Contudo, o rio pode ter apenas um relacionamento parcial com eles e, por mais tempo que se detenha entre eles, permanece separado, pois não pode transformar-se em cidade ou floresta.

O rio, todavia, pode a acaba tornando-se o mar. A água menor que se move tem a sua afinidade com a grande e imóvel água do oceano. Precipitando-se sempre para a frente, ela move-se através de mil objectos, e seu movimento encontra a sua finalidade quando alcança o mar.
O rio pode tornar-se o mar, mas nunca pode fazer com que o mar se torne uma parte ou parcela de si próprio. Se, por algum acaso, ele cerca alguma extensão de água e pretende ter transformado o mar numa parte de si próprio, sabemos logo que não é assim, pois percebemos que a sua corrente ainda continua procurando repouso no grande oceano, ao qual jamais pode impor fronteiras.

Igualmente acontece com a nossa alma: ela só pode tornar-se Brahma, assim como o rio só pode tornar-se o mar. A alma toca todas as coisas num de seus pontos, e logo as abandona para seguir em frente, mas jamais pode abandonar Brahma para seguir mais além dele. Uma vez que a nossa alma perceba que o seu objectivo último é repousar em Brahma, todos os seus movimentos adquirem propósito. É esse oceano de repouso infinito que proporciona significado para as infindáveis actividades. É essa perfeição de ser que empresta à imperfeição do tornar-se a qualidade da beleza que encontra a sua expressão em toda poesia, drama e arte.

É preciso haver uma ideia completa para animar um poema. Cada sentença do poema toca essa ideia. Quando o leitor percebe essa ideia que tudo penetra à medida que vai lendo, então a leitura do poema se enche de alegria para ele. Então cada parte do poema se torna radiantemente significativa a partir da luz do conjunto. Contudo, se o poema continua interminavelmente, sem jamais expressar a ideia do conjunto, apenas lançando imagens desconexas, ainda que belas, o poema se torna extremamente cansativo e sem proveito. O progresso da nossa alma é como um poema perfeito. Ela tem uma ideia infinita que, uma vez percebida, torna todos os movimentos cheios de significado e alegria.
  (... continua) 
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