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A Realização do Infinito

de Rabindranath Tagore

em 12 Jun 2013

  (...anterior) Por isso dizem os Upanishads: “Aquele que conhece Brahma, o verdadeiro, o oniconsciente e o infinito como que escondido nas profundidades da alma, que é o supremo céu (o céu interior da consciência), frui de todos os objectos do desejo em união com Brahma, que tudo conhece”.

A união já está consumada. Paramātman, a alma suprema, escolheu essa alma como sua, como noiva, e o matrimónio já foi consumado. O solene mantram já foi pronunciado: “Que o teu coração seja exactamente como o meu coração”. Nesse matrimónio não há lugar para que a evolução actue como mestre de cerimónia. O eshah, que só pode ser descrito como Este, a presença imediata e sem nome, está sempre aqui, no nosso mais íntimo ser. “Esse eshah, ou Este, é o supremo fim do outro este”; “esse Este é o supremo tesouro do outro este”; “esse Este é a suprema habitação do outro este”; “esse Este é a suprema alegria do outro este”. Tudo isso porque o matrimónio do amor supremo foi consumado no tempo sem tempo. Agora se realiza o infindável lila, o jogo do amor. Aquele que foi ganho na eternidade agora é perseguido no tempo e no espaço, em meio a alegrias e tristezas, neste mundo e nos mundos do além. Quando a alma-noiva compreende bem isso, o seu coração fica cheio de felicidade e permanece em repouso.

Como um rio, ela sabe que já alcançou o oceano da sua plenitude num extremo do seu ser, e no outro ela sempre o está alcançando; num extremo há o eterno repouso e plenitude, no outro incessante movimento e mudança. Quando ela reconhece que ambos os extremos estão inseparavelmente ligados, então reconhece o mundo como o seu próprio lar, pelo facto de reconhecer o senhor do mundo como o seu próprio senhor. Então todos os seus serviços de amor, todos os sofrimentos e tribulações da vida vêm a ela como desafios triunfalmente suportados para demonstrar a força do seu amor, sorridente para ganhar a aposta feita pelo seu amante. Todavia, enquanto permanece obstinadamente no escuro, enquanto não levanta o seu véu, ela não reconhece o seu amante e apenas conhece o mundo dissociado dele, servindo apenas como serviçal, quando por direito poderia reinar como rainha; ela se agita em dúvidas e chora de tristeza e desânimo. Caminha de fome, em fome, de sofrimento em sofrimento, de medo em medo.

Jamais poderei esquecer o trecho de uma canção que certa vez escutei ao raiar da aurora, no meio do vozerio da multidão reunida na véspera de uma festa. “Barqueiro, atravessa-me até à outra margem!”

Na azáfama de todo o nosso trabalho ergue-se a súplica: “Leva-me até à outra margem!”. Na Índia, enquanto dirige a sua carroça, o carroceiro canta: “Leva-me até à outra margem!” O vendedor ambulante negoceia suas mercadorias com seus clientes e canta: “Leva-me até à outra margem!”
O que significa esta súplica? Nós sentimos que não alcançamos a nossa meta; sabemos que com todos os nossos afãs e fadigas não chegamos ao fim, não atingimos o nosso objectivo. Como a criança insatisfeita com seus brinquedos, o nosso coração grita: Isso não, isso não”. Mas o que seria a outra coisa? Onde fica a outra margem?

Seria alguma coisa diferente daquilo que já temos? Seria algum lugar diferente daquele em que vivemos? Seria descansar de todos os nossos trabalhos, ficarmos livres de todas as responsabilidades da vida?

Não. No próprio coração de nossas actividades estamos procurando o nosso fim. Clamamos pela travessia, mesmo onde nos encontramos. Assim, enquanto os nossos lábios pronunciam a súplica para sermos levados à outra margem, as nossas mãos laboriosas jamais se entregam à preguiça.
Na verdade, oh tu, oceano de alegria, em ti esta margem e a outra margem são uma só e a mesma coisa. Quando chamo esta margem de minha, a outra permanece distante; quando se me escapa o senso dessa plenitude que está em mim, o meu coração incessantemente clama pela outra margem. Esta minha margem e aquela outra esperam reconciliar-se plenamente no teu amor.
Este meu “eu” se afadiga noite e dia, suspirando por um lar que ele reconheça como seu.
  (... continua) 
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