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Para Além do Sentido de Si

de Ajahn Sumedho

em 23 Fev 2014

  (...anterior) Estamos a sentir, a respirar, a ver e a ouvir; reagimos às coisas, as pessoas podem criticar-nos e vamos sentir-nos felizes ou tristes consoante o caso. Se isto não sou eu, o que é então? Será que devemos contornar a situação como um crente budista e acreditar que não temos um eu? Ou, já que vamos acreditar em alguma coisa, talvez seja melhor acreditar que temos um eu, porque assim podemos dizer coisas como: “o meu verdadeiro eu é perfeito e puro.” Isto pelo menos dá-nos algum tipo de encorajamento inspirador para tentarmos viver as nossas vidas em vez de dizer que não existe um eu, uma alma, ficando a total aniquilição de quaisquer possibilidades. Estes são usos da linguagem: podemos dizer “não existe um eu” como uma proclamação, ou dizer “não existe um eu” como uma reflexão. O modo reflectivo serve para nos encorajar a contemplar o eu. O Buddha (§) realçou o fato de que quando observamos estas condições mutáveis com as quais temos a tendência a nos identificarmos, podemos ver que elas não são o eu. Aquilo em que acreditamos, ao qual nos agarramos e que assumimos como uma certeza, não é aquilo que realmente somos: é apenas uma posição, uma condição, algo que muda de acordo com o tempo e o lugar. Cada um de nós experiencia a consciência através do corpo humano que temos, e é assim.

A consciência sensorial é uma função natural, não existindo sentido de eu em relação a ela. A única razão pela qual poderemos assumir um eu é porque a consciência opera em termos de sujeito e objecto; para se ser consciente temos que ser uma entidade separada e então operamos a partir desta posição de sermos este ser subjetivo que está aqui. Podemos assim tornar-nos obcecados com uma interpretação muito formal de tudo: cada reação ou experiência, seja ela institiva ou não, pode ser interpretada no sentido de ser eu e meu. Podemos interpretar as energias naturais do corpo de um modo muito pessoal como se isto fosse eu, o meu problema, em vez de vê-las como parte do conjunto que temos quando nascemos como seres humanos. Mesmo um bebé, quando é recém-nascido, tem instintos de sobrevivência e chora quando tem fome. Os bebés são geralmente criaturas bonitas e naturalmente temos a tendência de lhes dar amor e de cuidar deles. Será que podemos achar que o bebé esteja a fazer tudo isto deliberadamente - “Estou a ser engraçadinho para que o Ajahn Sumedho me segure e a minha mãe (§) me ame” – ou será apenas a maneira natural das coisas, a natureza no seu modo de funcionamento? Estas são coisas naturais mas temos a tendência para vê-las de um modo muito pessoal. Mantemos pontos de vista sobre cada um de nós e carregamo-los pela vida fora: ela é assim, ele é desta forma - e isto influencia a maneira como reagimos e damos resposta a cada um, baseados na maneira que alguém se apresenta (agradável, feliz, acolhedor; mau e desagradável; alguém que nos insulta ou nos elogia). Podemos transportar ressentimentos pela vida fora sobre termos sido insultados e nunca esquecer quem nos insultou. Talvez o tivesse feito porque estava a passar um mau bocado, e mesmo após trinta anos podemos, se quisermos, fazer disso um problema. Assim, este eu precisa de ser examinado, observado e contemplado, em termos religiosos.

Todas as religiões têm os seus ensinamentos sobre a vacuidade do ego: de alguma maneira as religiões contemplam o abandono das tendências egoístas da mente. Então, antes de dizermos, por exemplo, que queremos alcançar o Reino de Deus, temos que abandonar as nossas tendências pelos nossos fascínios e obsessões egoístas. Ou, se vamos realizar o verdadeiro Dhamma, temos que abandonar a maneira de nos vermos a nós mesmos. Este pode ser outro mandamento do além, como “Não devemos ser egoístas! Larguemos todo o egoísmo e tentemos ser alguém que é puro!” Todos nós concordamos com isto, ninguém aprecia a ideia de ser cada vez mais egoísta, mas por vezes não sabemos como deixar de o ser.
  (... continua) 
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