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Para Além do Sentido de Si

de Ajahn Sumedho

em 23 Fev 2014

  (...anterior) Podemos ter grandes ideias como abandonar toda a nossa riqueza e não nos apegarmos a nada, ficando assim mais perto de nos tornarmos não egoístas – mas, por vezes, o mais estranho é que quando nos tornamos monges ou monjas, embora estejamos a pensar que nos livrámos do egoísmo, verificamos que nos estamos a tornar mais e mais egoístas. O egoísmo torna-se muito concentrado porque nestas circunstâncias não podemos expandir-nos por uma vasta variedade de coisas como na vida de leigos. Então, tornamo-nos muito mais conscientes disso. E se nos culpabilizarmos então caimos numa situação sem saída, pois começamos a interpretar a vida do ponto de vista “Eu sou egoísta e tenho que me livrar deste egoísmo.” Um dos grandes problemas na nossa maneira de pensar, é abandonar a permissa básica de que “Eu sou esta pessoa e tenho que fazer algo para deixar de ser egoísta, e tornar-me um ser iluminado no futuro.”

Na nossa cultura, estamos condicionados a pensar desta maneira: devemos ser bons rapazes e fazer isto e aquilo para que no futuro nos tornemos alguém de valor e aceite na sociedade. Isto faz sentido no lado mundano da vida porque começamos iliterados e portanto temos de aprender a ler e depois temos de estudar todos os diferentes assuntos na escola de forma a nos tornarmos alguém no sistema. Se falharmos então tornamo-nos alguém que falha. E falhar é desprezado. É interessante ensinar meditação a pessoas que têm este medo de falhar pois estas pessoas sentem que vão falhar na meditação. Mas não é possível falhar na meditação. Não se trata de falhar, senão seria apenas mais outra forma de tentarmos provar a nós próprios que somos capazes: “Eu não posso agora. Se eu praticar com determinação, serei um bom meditador e tornar-me-ei iluminado, espero....” E a dúvida surge : ”Mas acho que jamais serei iluminado. Quem é iluminado?”

As pessoas gostam de verificar se Ajahn Sumedho é iluminado ou se o Ajahn Viradhammo também é iluminado, ou se já alcançámos um nível avançado. Ou seremos apenas uns tipos que ainda não chegaram lá? Mas existe uma maneira diferente de observar e pensar que é oposta a vermo-nos como ser alguém, que tem que fazer alguma coisa para se tornar melhor do que se é presentemente. Isto é o que as pessoas gostam de ouvir, não é? “Eu tive todos os géneros de problemas e era muito miserável, infeliz e depois praticando meditação vi a luz e agora sinto-me feliz e completo.” Do ponto de vista mundano e condicionado: “Eu sou esta pessoa, eu tenho esta personalidade, eu sou Ajahn Sumedho... sou muitas coisas... eu devo ser e eu não devo ser.” Mas o objectivo da meditação budista é a mudança das nossas atitudes usando as funções mentais de refleção ou de intuição.

Quando entramos na quietude da meditação, muito frequentemente o sentido de si próprio domina-nos e somos invadidos por todos os tipos de memórias e ideias a nosso respeito. Por vezes desejamos que “se for meditar então entrarei em quietude e vou libertar-me desde cenário angustiante de mim mesmo.” Por vezes a mente simplesmente pára e experienciamos vários tipos de êxtase, ou uma paz que já havíamos esquecido ou na qual nunca tinhamos reparado. Mas o sentido de si próprio ainda continuará a operar pela pela força do hábito. Então desenvolvemos uma atitude de ouvir o eu, não em termos de acreditar ou desacreditar mas em reparar no que é que realmente surge e cessa. Não importa se pensamos que somos o melhor ou o pior, pois essa mesma condição surge e desaparece. Através do largar ou de vermos a vacuidade do ego, e não de tentarmos nos livrar da situação mas permitirmos que ela se dissipe, podemos começar a experienciar a verdadeira natureza da mente, que é feliz e silenciosa.

Assim, existem momentos nas nossas vidas em que o eu pára de funcionar e em que entramos em contato com o estado puro de experiência consciente. É isso a que chamamos de estado de graça.
  (... continua) 
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