Homepage
Spiritus Site
Início A Fundação Contactos Mapa do Site
Introdução
Arte
Biografias
Agenda
Notícias
Loja
Directório
Pesquisa
Marco Histórico §
Guia de Sânscrito
NEW: English Texts
Religião e Filosofia
Saúde
Literatura Espiritual
Meditação
Arte
Vários temas
Mosteiro Budista
pág. 2 de 6
Antero de Quental

de Pedro Teixeira da Mota

em 18 Mai 2014

  (...anterior)
É um dos grandes poetas nocturnos da boémia coimbrã e interessa-se não só pelo pensamento moderno francesa de Michelet, Quinet ed Proudhon, ou a filosofia germânica, de Hegel, Kant e Hartman, como também pelas literaturas e religiões Orientais, em especial as Persas e Indianas, tal como nos conta Eça de Queiroz: "Conhecer os princípios das civilizações primitivas constituía então, em Coimbra (§), um distintivo da superioridade e elegância intelectual. Os Vedas, o Mahabharata, o Zend-Avestha, os Niebelungen eram os livros sobre que nos precipitávamos com a gula tumultuosa da mocidade que devora..."
Os seus primeiros versos são românticos, de Amor, mas onde espelha já a idealidade não carnal, a presença poderosa do arquétipo maternal e até mesmo a Morte, e junta-os na “Beatrice”, publicada em 1863, no qual as poesias são dedicados a sucessivos amores, alguns muito angelizados, outros em que palpita a totalidade do seu ser, de carne e espírito, resultando ainda desse período as "Primaveras Românticas".

Como dissemos vários dos poemas são dedicados a mulheres, noutros casos a seres apenas entrevistos ou então meramente contemplados na imaginação e epifanias da Ideia, da Morte, do Amor. Reais serão assim a M. C., a Beatrice, que morre cedo e abala bastante Antero, Maria (a "Pequenina", que vivia em Tomar, mais nova que o poeta e que casará com um amigo dele), e Pepa, esta, uma andaluza, a que desperta sentimentos mais intensos a todos os níveis, bem expressos nestes versos:
"Dá-me, pois, olhos e lábios,
Dá-me os seios, dá-me os braços,
Dá-me a garganta de lírio,
Dá-me beijos, dá-me abraços."
Mas cedo essa fase adolescente poética amorosa desaguará no mais amplo campo dos ideais revolucionários e fraternos e será em 1865, com as "Odes Modernas", que transmite ou manifesta publicamente as suas ideias e visões de justiça, socialismo e liberdade em poesias de estruturas diversificadas mas todas unidas sob o mesmo firmamento filosófico e social, conseguindo um certo impacto, como regista por exemplo Cândido Figueiredo, nos seus" Homens e Letras, Galeria de poetas Contemporâneos: "Os noticiaristas, os poetas, os dramáticos, os folhetinistas que seguiam todos placidamente o seu caminho, paravam de súbito, como se lhes rebentasse aos pés uma bomba de dinamite"

Nesse mesmo ano, e publicado em Janeiro, sai no jornal "O Século XXI" de Penafiel, o seu ensaio crítico "A Bíblia da Humanidade, de Michelet", autor que muito o inspirava então, iniciado assim: "Dentro do homem existe um Deus desconhecido: não sei qual, mas existe - dizia Sócrates soletrando com os olhos da razão, à luz serena do céu da Grécia, o problema do destino humano. E Cristo com os olhos da fé lia no horizonte anuviado das visões de profeta esta outra palavra de consolação - dentro do homem está o reino dos céus". Nesse ensaio defende que somos todos irmãos, que dentro homem está Deus, a unidade dos corações é a verdadeira cidade de Deus, a consciência da nobreza do destino do homem, a revelação da sua mesma divindade, que a alma da humanidade está em cada homem e na humanidade a alma inteira do mundo, que o Deus da Humanidade é o mesmo homem e o seu ideal a religião da Vida, sendo o seu templo o mundo e a Vida, a sua revelação...
Nesse mesmo ano de 1865 publicara em Janeiro uma muito irónica "Defesa da Carta Encíclica de Sua Santidade Pio IX contra a chamada opinião Liberal. Considerações sobre este document."que rapidamente teve duas edições e que por vezes não foi muito bem compreendida tão fina e inteligente é a sua ironia, na qual parecendo apoiar o Papa e a criticar os liberais cristãos acaba por estar a fazer uma tremenda defesa da razão, da liberdade, do livre-exame, da revolução, da ciência, pondo em causa todo o dogmatismo e autoritarismo da Igreja, aliada aos reis e Imperadores. Este pequeno opúsculo, escrito com 23 anos, é mais um sinal do génio precoce de Antero, uma obra-prima de ironia inteligente e desafio ao conservadorismo da Igreja Católica (ou a quaisquer dogmatismos e autoritarismos) e de aspiração ardente à Ciência, à Arte, à Informação Livre ou Opinião Pública esclarecida.

Dividida em sete capítulos, no último, aquele em que finalmente Antero abandona a subtil ironia e fala com o coração, idealismo puro e destemor, diz-nos: "Uma só lei: um só poder: uma só alma: uma só vida!
  (... continua) 
topo
questões ao autor sugerir imprimir pesquisa
 
 
Flor de Lótus
Copyright © 2004-2024, Fundação Maitreya ® Todos os direitos reservados.
Consulte os Termos de Utilização do Spiritus Site ®