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Sati – um exemplo

de Bhikkhu Dhammiko

em 16 Out 2014

  (...anterior)

Como prova disso vemos no Majjhima Nikaya 96, onde o Buddha (§) diz quanto ao Esforço para Abandonar – “Se surgirem pensamentos negativos no discípulo relacionados com cobiça, ódio ou ilusão, o discípulo deverá então (1) afastar-se desses objectos e dar atenção a outros relacionados com o que é mais saudável; ou, (2) reflectir na miséria desses pensamentos – ‘Estes pensamentos são na realidade doentios! Vergonhosos! Provocam dor!’; ou (3) não deverá prestar atenção a esses pensamentos; ou, (4) deverá considerar a natureza composta desses pensamentos; ou (5) com os dentes cerrados e a língua a pressionar as gengivas, deverá restringir, suprimir, e desenraizar esses pensamentos com a sua mente; e ao proceder assim, esses pensamentos negativos de cobiça, ódio e ilusão se desvanecem e desaparecerão; e a mente ficará interiormente mais calma e descansada, serena e concentrada. A isto se chama o esforço para abandonar.”

A importância dos 5 pontos no sutta anterior, salienta-se no seguinte: (1) quem dá ou decide dar atenção, não é a atenção, é uma determinada consciência ou cuidado; (2) não é a atenção que reflecte, mas sim através da atenção que se investiga, reflecte e escrutina; (3) quem decide não prestar atenção em pensamentos negativos, não é a atenção mas sim um factor mais consciente, uma preocupação, um cuidado ao nível da vontade do ser que se esforça no sentido positivo; (4) não é a atenção que considera, mas sim um factor consciente que considera com atenção e dá atenção; (5) não é a atenção que se dirige a si própria, mas sim que é dirigida no sentido certo, por uma vontade específica e consciente de restringir, suprimir e desenraizar pensamentos negativos.
Por exemplo, se eu me deixo encher de preconceitos e juízos depreciativos em relação a outro país ou nação, se eu me identifico muito ou demasiado com o meu país, com a equipa de futebol nacional ou local, a religião, os gostos e os modos de ser, e se a minha atitude para com as outras culturas, nações ou raças é de superioridade, fazendo-me valer de desdém, crítica depreciativa ou chacota para me valorizar, elevar acima dos outros em termos de importância, rebaixando e denegrindo sua imagem... o que é que eu estou a fazer? Não estou a ser simpático, nem a ser amigável, nem pacífico nem a amar. Estou sim a separar-me dos outros, a odiar, a gerar raiva e desprezo.

O que é que me faz evitar identificar com o clube de futebol local em que vivo, com a nação, com preconceitos para com os outros, com sentimentos negativos de ódio, desprezo e superioridade? Será a atenção suficiente para fazer este trabalho? Quando odiamos uma coisa, qualquer que seja a atenção plena que prestamos ao sentimento e à situação que o provoca, isso não chega para mudar o padrão comportamental que normalmente aumenta como bola de neve se não houver um factor qualquer mais consciente a impedir que esse mesmo padrão se repercuta.

E qual é esse factor, elemento, ou qualidade que no exemplo acima me impede de não me considerar diferente ou melhor que os outros, de não me identificar nem considerar a minha equipa ou clube local ou nacional melhor, mais importante e com mais direito a ganhar? O que é que me impede de não me deixar arrastar pelo orgulho e a vaidade ao ponto de me dividir dos outros e vê-los como inferiores, pela raça, pela cor, pelo clube, pelos costumes, pela história, pelo país? Qual é o factor em mim, que impede continuar a alimentar ódio, raiva e gosma ou ressentimento e em vez disso, querer amizade, harmonia e carinho, fazendo um esforço voluntário nesse sentido e cultivando essa atitude por ora em diante, mesmo no meio da adversidade? Qual é esse factor que nos ajuda a transcender as barreiras da separação e discriminação humanas; a transcender as fronteiras do preconceito, da nossa identidade avarenta, vaidosa, orgulhosa e mesquinha, além da opressão, do medo e da prepotência em que vive a humanidade? Qual é esse factor, essa qualidade, essa função? Será a atenção? Bastará prestar atenção plena ao meu ódio e raiva, para deixar de sentir ódio e raiva? Será que isso ocorre por milagre?
  (... continua) 
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