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O Caminho

de Phiroz D. Mehta

em 27 Nov 2016

  (...anterior) Esta forma efémera é autoconsciência singularizada. Um conceito insubstancial de si é produzido, chamado de “eu” para auto referenciação e de “tu” para referenciar os outros seres vivos. Este “eu” é meramente um cartão-de-visita, sem vida. Mas se eu, o ser vivo, for um impostor ou um ladrão, um obtuso ou um verdadeiro estúpido, só apresento um cartão falso. O mal é o companheiro inseparável deste “eu”. Por isso, se fores completamente tolo, eu posso ser suficientemente aldrabão fingindo que te revelo o caminho para a Transcendência. Se te sentires feliz ao te atolares nesse engano, encontrarás por fim a morte com uma complacência inane. Por isso acautela-te e pondera de forma honesta e paciente: será que existe mesmo um caminho para a Transcendência?

Eu, a sombra temporal, apareço no infinito tal como uma nuvem aparece no céu, anteriormente sem nuvens; eu não sei como, só sei que não se pode reduzir o infinito. O infinito sustem-me. Eu transformo-me ao longo do percurso que vai do nascimento à morte, mas o infinito não muda, embora todas as mudanças estejam englobadas nele: e disto só sei um pouco, talvez no máximo consiga realizar o desconhecido e ser levado à luz. Depois de dissipar tudo o que eu era, será que o infinito absorve…? Não sei o quê, ou como – só sei que não se pode expandir o infinito.
Neste reino médio que sou eu, o ser existencial, há o possível de atingir e o atingido, o possível de conhecer e o conhecido. Se o amor e a sabedoria estiverem a florescer, percebo que o atingido e o conhecido são passado, fósseis aos quais não me apego. Ao não estar limitado pela memória da forma de experiências passadas, o fruto da experimentação potencia a capacidade de presenciar, de forma plena e inteligente, o aqui e o agora. Viver plenamente o aqui e agora é impossível se não se morrer completamente para o aqui e agora, desvanecendo no passado. Onde existe a luz da vida não existem fantasmas.

Só o finito, o mortal, pode ser conhecido por mim, o existente. É indispensável libertar-me do conhecido se a Transcendência é para vir a ser realizada através de mim, pois todo o meu conhecimento é um nevoeiro a obscurecer a luz do Infinito desconhecido. Mas se nunca me desligar daquele bom senso nascido da pureza – o senso comum mundano é só uma sombra dele – emerge um certo ‘sentido’ de Transcendência e as formas com que me incita no dia-a-dia são expressões do Caminho da Transcendência que me trespassam.

Aninhando-me nessa casa do amor divino, a minha mãe (§), não me conheci, nem entendi a maravilha de crescer dentro dela. Não sabia que era único, escondido na escura e misteriosa plenitude atarefada com o dom da sabedoria da Vida, o centro de uma doce ansiedade e de uma protecção amorosa e atenta. Não sabia que era o futuro hóspede ardentemente desejado de hospedeiros desconhecidos, estranhos que, em boa verdade, eram os parentes mais próximos. E, então, eu e a minha mãe travámos juntos aquela batalha de vida e morte que a libertou da sua carga física – eu, então lutando pela vida, já por minha conta naquele vasto mundo desconhecido, chorando, chorando vigorosamente. Mas eu não sabia quem era, nem entendia a dor da minha mãe, nem a alegria dela ao ver-me chorar. Nem sabia nada sobre o orgulho feliz de meu pai, onde o seu eu renascia num novo foco de benevolência e generosidade. Só depois do amadurecimento da minha masculinidade, e de ter amado aquela que gerou os meus filhos, é que fiquei a saber tudo.

Esta real e verdadeira história da minha vida – e da sua? - é um mito sagrado. Ao aprender com amor a ler correctamente, a Revelação será sua e a Transcendência sempre fluirá em si. Esta é uma história do finito. Mas o mito é a alma da história, de consequências incomensuráveis, podendo voar para lá dos limites do finito. E na solitude do Infinito não existe a carga do conhecimento adquirido.
Da Transcendência só sei, concretamente, que nunca sei. A Consciência que é o Ser, sobrevém sempre que o conhecimento se aquieta.
  (... continua) 
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