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Celebrando a Páscoa
de Maria
em 24 Mar 2013
Há sempre ao longo do ano períodos de pausa convidativos à reflexão, quer se trate de comemorações religiosas, de homenagens a seres ou de acontecimentos históricos e culturais, quer de época de férias. A Páscoa por excelência induz de forma espontânea a uma reflexão mais profunda, não só sobre a morte e o sentido da vida, como das injustiças sociais que a humanidade vai cometendo. Dois mil anos de civilização cristã, especialmente no Ocidente deu tempo suficiente para a humanidade interiorizar, consciente ou inconscientemente, o ensinamento que Jesus deixou, não só expresso pelas suas palavras como pelas suas acções.
Vivemos hoje tempos conturbados de mudança, tal como no tempo de Jesus, mas em contextos diferentes, donde dessa época longínqua nos chegam ainda os ecos da transcendência de um Ser, que nos legou a religiosidade, a espiritualidade e a cultura. Infelizmente, nem todos se apercebem da mudança actual, especialmente, social e cultural que se vem operando globalmente, pelo que muitos se apegam ao passado, quer tenha ele sido benéfico ou frustrante.
A reflexão proposta tem conteúdos perenes, pelo que não será difícil para cada um, meditar mais profundamente nos temas que nos afligem ou contribuem para o bem-estar e felicidade de todos. O que podemos fazer num mundo tão conturbado pela mudança? Deixarmo-nos levar pela onda do pensamento colectivo que, não é, obviamente o de maior clareza, ou encontrarmos a nossa própria visão, posição e atitude? Há, de facto, pouca viabilidade de interferirmos nos acontecimentos mundiais. O que podemos fazer num mundo conturbado por tantas opiniões, liberdades sem responsabilidade e tanta diversidade?
A própria civilização está em crise, e atinge natural e principalmente a Igreja Católica a grande impulsionadora desta civilização ocidental e, não só, pois a fé cristã foi-se expandindo pelo resto do mundo. Os novos tempos de comportamentos, critérios e conceitos já os estamos vivendo, onde certos parâmetros antigos não se enquadram nos dias de hoje. Assim, dum novo Papa de quem esperávamos um pensamento inovador, a primeira frase ouvida pelos fiéis de todo o mundo foi: “A Igreja é dos pobres e para os pobres!” Que contradição! Todos os governos do mundo, apostam nos seus esforços, na melhoria de vida dos mais pobres… Assistimos a ordens de protestos por toda a Europa e restante mundo, reivindicando por melhores condições de vida, exactamente porque todos querem ter - pelo menos assim lhes dita a esperança - a oportunidade de viverem condignamente. Redimindo-se alguns dias depois, o Papa disse “querer lutar contra a pobreza material e espiritual”. É um facto, que todos se empenham em melhorar as suas vidas, pois na realidade, a pobreza senão superada pela força do espírito, causa muito sofrimento, principalmente quando já há fome e aí só por muita fé, se aguenta...
Não será pela via da pobreza que se reforma uma religião, quando os principais problemas não são de ordem material, mas espiritual, principalmente dentro da própria Igreja, que tenta desviar as atenções do mundo com uma pretensão humildade, pobreza e caridade.
E dentro deste caos mundial, publicamente em Portugal digladiam-se os dirigentes dos partidos por um lugar ao sol, protagonizando acontecimentos mediáticos para se enaltecerem. Provocações como convites de televisão nomeadamente, a um político de cuja imagem e de palavras estafantes se saturaram os portugueses e que contribuiu poderosamente para o caos actual das contas públicas, vem agora como comentador. Será que comentará os seus feitos desastrosos assumindo a “mea culpa”?...
Assiste-se também, à falta de respeito por aqueles que representam o Estado, seja qual for o partido que o representa, com insultos e cantigas dum passado que muitos gostariam de esquecer, absolutamente fora de contexto e obsoleto para a geração presente – muitos nem sabem porque as cantam ou que elas representaram, nem tão pouco o que fazem nas manifestações.
Nesta reflexão devemos incluir a profunda e marcante frase de Jesus: “Perdoai-lhes Senhor, que não sabem o que fazem”!
Tudo isto nos leva a concluir que há muito “ruído” no mundo. Pelo silêncio podemos distanciar-nos da mediocridade das ambições políticas, escândalos religiosos e perturbações sociais - não por fuga aos problemas - mas pela simples razão, de que a maior parte das pessoas não sabe o que quer, ou que rumo dar às suas vidas pessoais; levadas, então, pela onda dos movimentos sociais, não oferecem assim, qualquer credibilidade.
Esta Páscoa é um convite às convicções mais concretas pela realização pessoal e espiritual de cada um, para a elevação do pensamento, da acção e da atitude interior para que se possa sobreviver, “planando”, então, sobre o mundo tão perturbado e sofredor de mudança.
Boa Páscoa e boas inspirações para reflexões e meditações profundas.
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