Toda a espiritualidade fala de uma só morte, a morte do eu. O ‘eu’ é um aglomerado de ideias, imagens e experiências arrecadadas não só numa vida, como em várias. Forma-se um ‘eu’ quando há um centro a partir do qual possamos chamar ‘outro’ àqueles que nos rodeiam. Esta fase de entendimento ou evolução é obscurecida pela falta de discernimento que tal paradigma cria.
Começando pela infância, este conceito desenvolve-se e adquire força mediante certos eventos ou circunstâncias que possam acentuar mais a noção de ‘separação’. Num crescendo, a idade adulta, refletirá, clara e objetivamente, a trajetória evolutiva do ser, dado a importância dos primeiros anos de vida na construção e consolidação de uma correta estrutura psíquica.
A escrita, a poderosa ferramenta que o ser humano tem para expressar o pensamento, eternizando-o. A intimidade do autor com o pensamento, com a ideia, com a palavra é o que fica como a sua imortalidade. A mente “desenhadora” do pensamento, define-se como a faculdade de deduzir e racionalizar de forma lógica, representando o eixo da estrutura humana; o centro sobre o qual assenta a parte espiritual e material.
Outrora foi dito que a atenção é como ‘fogo’. De facto, a atenção desperta certos fogos dentro de nós, inescapáveis pela presença interna que se assume e desde já experimenta certos graus de intensidade. O tesouro da iluminação trilha-se pela presença interna. Esta singular atitude interior, que brilha e detém em si mesma a chave para os enigmas da vida, capta e enfrenta os vários desafios que esta traz, consciente de suas dificuldades, mas sem lhes escapar.
Comporta a inebriante energia que irrompe pelo cérebro e arrasa de amor o coração. O samādhi corresponde a patamares de realização espiritual que se alcança gradualmente, até permanecer como uma vivência concreta do ser humano na absorção da Unidade, ou Deus.
Assim, se define o samādhi, mas só quem o realiza, pode saber distinguir os vários estágios, conforme se vai integrando no retorno ao seu próprio Espírito, que comanda os seus veículos dos planos superiores, nomeadamente o búdico ou budi.
Dentro do quadro da evolução humana, a qualidade que se requer desenvolver é o amor. Sendo o amor uma abstração é também um enigma, pois não se vê, não se apalpa, não se retém, portanto difícil de explicar e de definir. Sente-se, vive-se, sofre-se por amor, mas mesmo com sofrimento, o amor acaba por ser sempre desejado por todos, ardentemente. Contudo, não é por ser desejado que ele se manifesta, porque é inesperado e imprevisível. Nunca anuncia quando e quem vem.