Seres

Fernando Pessoa - Fernando Pessoa nascido em 1888, atravessou este País “extremizado” pelo catolicismo e pelo materialismo, extravasando a humidade lunar da sua sensibilidade, oca de pai desde os cinco anos, longe da pátria desde os sete, e assim crescida na saudade messiânica duma grandeza qualquer. Quando volta definitivamente da África do Sul em 1905, excelentemente desenvolvido na arte do raciocínio e na cultura geral, desilude-se da mediocridade reinante, abandona os estudos na faculdade de Letras, experimenta a rápida falência da empresa tipográfica "Íbis" que fundara, e emprega-se como tradutor e correspondente de casas comerciais da zona da baixa lisboeta, profissão que o sustentará modestamente ao longo da sua incarnação.
Colabora na revista nortenha “A Águia” com uma série de quatro artigos de análise literária e sociológica. Em tempo breve abandona esta revista e lança em 1915 a revista "Orpheu", que escandaliza o meio burguês da época. Pela mesma altura começa a traduzir alguns livros teosóficos, cujo conhecimento e moralidade elevados o abalam fortemente. Envolve-se então no aprofundamento do ocultismo, que entra em choque com o paganismo transcendental a que chegara.
É dos escritores portugueses conhecidos o que mais aprofundou o esoterismo, confessando-se na nota auto-biográfica de Março de 1935, “cristão gnóstico, fiel à Tradição Secreta do Cristianismo, que tem íntimas relações com a Tradição Secreta em Israel (a santa Kabbalah) e com essência oculta da Maçonaria”, e iniciado na Ordem Templária de Portugal, para cuja ressurgência escrevia.
Deixa este plano físico em Novembro de 1935 ano em que se tornara mais conhecido do país ao publicar a Mensagem e um artigo em defesa da liberdade das Associações Secretas, nomeadamente a Maçonaria.
Livro da Sabedoria Portuguesa, 1989.

Marco Histórico §