Fundação Maitreya
 
Curso de Meditação - 5ª Lição

de Maria Ferreira da Silva

em 26 Mar 2020

  Destruir os obstáculos, que são os próprios pensamentos, através da tomada de consciência na observação da mente, é como o desfolhar de uma rosa em que uma a uma, as pétalas se desprendem e finalmente desaparece a rosa. O que fica? Nada! Assim fica a mente vazia, cristalina.

A Prática

Antaranga Sādhana - Busca interior da Alma.

O 5º Passo do Yoga é Pratyāhāra – significa, atingir um estado em que os sentidos não são os que dominam mas os que são dominados. Controlo dos sentidos.

Pratyāhāra é designado, geralmente, como o conteúdo total da mente que ocupa o campo de consciência de determinado momento. Também significa, a retirada da mente para dentro de si mesma. Em Pratyāhāra, a sua prática consiste em desligar a mente dos órgãos sensoriais e conter-se a si mesma reduzindo as impressões e perturbações do mundo externo. É a capacidade de focalizar a mente e mantê-la dentro dos limites do objecto de Meditação.

Pratyāhāra é o resultado da prática progressiva de Dhāraṇa, Dhyāna e Samādhi. Respectivamente: Concentração, Meditação e União.

Dhāraṇa é portanto, a concentração da mente num ponto.

Dhyāna, Meditação é a mente absorvida no “objecto eleito”.

Samādhi, é a absorção na Mente Divina.

Na realidade é o estado mais difícil de se atingir, contudo pela prática, pela devoção e aspiração, o coração vai desabrochando e expandindo o seu amor para Deus e haverá sempre uma resposta, uma luz. A realização do Samādhi não tem tempo nem espaço nem grau de evolução, pois não se sabe o que se desenvolveu espiritualmente em vidas anteriores e que permita, nesta vida, alcançar espontaneamente esse estado: pode surgir como uma Graça.

O estado de Samādhi é um estado de Prajñā.
Em sânscrito significa, “claro entendimento” ou “clara compreensão”. Ter o verdadeiro conhecimento do “Objecto”.

Cada um elege ou selecciona a qualidade do “Objecto” ou “Objectivo” de acordo com o seu grau de entendimento e da sua educação religiosa e cultural – um cristão, elege o Cristo, um hindu elege Brahman, etc.

Quando a mente está clara (estado de prajñā) é como se ela não existisse, tal como um espelho limpo, em que a imagem é tão nítida e perfeita que não damos pelo vidro.
Os obstáculos à claridade são procedentes da qualidade da mente e dos pensamentos. Há perturbações emocionais (pensamentos mesquinhos e emoções descontroladas) que provocam bloqueio mental. Para continuar num progresso espiritual, devemos procurar curar esses males, removendo os obstáculos, que também podem vir de dúvidas e ansiedades, bem como do efeito dos ambientes, ou mesmo da alimentação.
Obstáculos são todos os conflitos internos e externos que compõem o nosso Karma, acções passadas e presentes, e influenciam o Dharma, o Dever.
Destruir os obstáculos, que são os próprios pensamentos, através da tomada de consciência na observação da mente, é como o desfolhar de uma rosa em que uma a uma, as pétalas se desprendem e finalmente desaparece a rosa. O que fica? Nada! Assim fica a mente vazia, cristalina.

O caminho espiritual é um constante superamento de si mesmo.

A dúvida, por exemplo, é um grande obstáculo. Estarei no rumo certo? Devo procurar outro método?
Outro problema é actuar de forma precipitada por querer avançar mais rapidamente, e quando isso acontece, sem a devida reflexão, acaba-se atrasando e aturdindo: é a ausência de análise. Quando aparece a dúvida e que leva à confusão, o melhor é sentar a meditar; parar a mente e ao fim de algum tempo os obstáculos desaparecem, e com a mente vazia de angústia, pode então emergir a resposta que ansiava. Pratyāhāra é o passo de Yoga importante para resolver os problemas de mente confusa, pelo controlo dos sentidos e dos sentimentos.

Só dominando as inquietações podem emergir as compreensões. A clareza sobre um assunto ou um estado de beatitude, são pequenos degraus que encorajam e dão alento para continuar e perceber que se está no caminho certo. Porém, há os que se agarram a experiências e pensam que a evolução espiritual são as experiências (por exemplo, ouvem vozes ou distraem-se com visões astrais, etc.).

A Meditação é o meio para a evolução espiritual, que consiste em tomar consciência de quem somos e como podemos melhorar-nos, e não são para expectativas de experiências, que só vão causar ansiedade. Elas são um acontecimento no percurso do caminho da Meditação, mas a qualidade dessas experiências, depende do grau de consciência e do progresso mental e espiritual que se vai fazendo. Porém, há estados elevados de consciência onde a Meditação leva à aquietação total da mente, onde não há qualquer percepção nem da mente nem do corpo. Há uma integração tal, que a experiência é um estado superior de inteligência, onde não há lugar para o pensamento. Esta é a finalidade da Meditação – a paz profunda, a mente limpa, clara e por fim a beatitude.

É neste estado de paz profunda e de silêncio que se dão acontecimentos importantes para a expansão de consciência; é então que o cérebro se regenera física e psiquicamente limpando-se de emoções, frustrações e toda a sorte de obstáculos que impediam a clareza mental e então depois, num nível superior realiza-se nova integração na Mente Divina.

Tempo de Meditação

Depois da prática da remoção dos pensamentos das primeiras lições que levaram à Concentração, e já com certo controlo da mente, dirigida pela vontade consciente, concentre-se por exemplo, num ponto entre os olhos, onde se situa o chakra frontal. Concentrar no chakra Frontal, ajuda a educar a mente e a purificá-la. Poderá ver luz, várias cores ou até símbolos, como absolutamente nada.

É um método que pode ser exercido também, sobre todos os outros pontos ou chakras, para desenvolver o poder de Concentração; se vem algum pensamento deve retirá-lo, apenas concentrando a mente no respectivo chakra, e assim sucessivamente, até ao sétimo.
Um a um de cada vez, a começar pelo chakra da base da coluna o Mūladhāra, até terminar no Sahāsrara no topo da cabeça. Concentre-se e faça a respiração seis vezes em cada chakra, visualizando-o como uma roda que lentamente vai girando, levando as impurezas emocionais. Por fim, expulse esses obstáculos com o pensamento.

Depois desta limpeza pode alcançar Dhyāna, Meditação, e quanto mais absorto no “Objecto Eleito” da Meditação, (Mente Divina) maior grau de Samādhi pode ser atingido. Dhyāna pode significar “perto do Samādhi”.

Os começos de Samādhi reconhecem-se pela felicidade interior, pela alegria e expansão de Amor no Coração, e na Mente, uma brilhante claridade.

Prossiga na sua prática com determinação. Alcançará!
Permaneça na Luz!
   


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Impresso em 20/4/2024 às 1:20

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