Fundação Maitreya
 
Os Monpas de Arunachal

de Ashok Nath

em 09 Fev 2012

  “Não pode haver uma melhor apresentação dum povoado que se situa num longínquo canto na parte ocidental da Divisão Fronteiriça de Kameng (hoje em dia os distritos de Tawang e Kameng Ocidental no estado indiano de Arunachal Pradesh), do que um planalto de 3.300m, rodeado por altas montanhas, onde se encontra o grande mosteiro budista de Tawang, fundado há cerca de 350 anos. Era área é a terra dos Monpas, uma tribo conhecida pela sua agricultura em terraços, os seus tapetes e um amor pelos cavalos e iaques. Nos Monpas, gentis, discretos, amigáveis, corteses, industriosos, simpáticos aos animais e crianças, se pode ver a influência da compaixão do Buda nos seres mortais. Talvez tenham pouca teologia, mas têm muita religiosidade”.

Verdadeiros budistas

Não podia haver uma descrição mais autêntica dos Monpas que estas palavras pelo Dr. Verrier Elwin, o famosos antropólogo que viveu e estudou com as tribos em várias partes da Índia, especialmente no nordeste, por mais de vinte e cinco anos.

Os Monpas constituem uma das mais importantes tribos entre as vinte e seis tribos principais de Arunachal Pradesh. Habitam nos distritos de Tawang e Kameng Ocidental. Porque a região é muito fria, com uma altura de 1.700m, os Monpas construíram casas em pedra, na maioria com dois andares, com chão de madeira, e frequentemente com portas e janelas esculpidas. As suas casas são quentes e confortáveis. Do mesmo modo, as suas roupas, feitas de lã local são quentes, duráveis e de bom gosto estético. Os seus chapéus são feitos de lã de carneiro ou de iaque.

Os cavalos, iaques e carneiros são os três animais que são a base da vida dos Monpas. Fornecem-lhes matérias-primas para as suas roupas, produtos lacticínios e transporte no seu ambiente difícil e inacessível nessa região montanhosa. A criação de carneiros é muito comum, enquanto os cavalos e os iaques vão à procura de pasto sem pastores. É interessante notar que os Monpas gostam de usar produtos de leite, enquanto beber leite não é comum entre as outras tribos porque pensam que o leite é apenas para as crias e não para os humanos. O leite de iaque é transformado em manteiga e queijo. Os Monpas têm uma paixão por chá misturado com sal e manteiga; todos os ingredientes são batidos num batedor inventado localmente.

Os Monpas estão a adoptar as práticas modernas de agricultura, em contraste com jbum ou cultivo ambulante que se pratica em outras partes do estado. Também perceberam a importância de usar adubo orgânico. As principais plantas cultivadas pelos Monpas são milho, sorgo, cevada e aveia. São quase auto-suficientes na comida e há algum comércio em coisas como pimentões, alho e cebolas.

Os Monpas são muito hábeis, especialmente as suas mulheres. Para além das suas próprias roupas, elas tecem tapetes coloridos com lindos desenhos. Os padrões revelam uma distinta influência do Tibete e do Bhutão. A arte da pintura é relativamente pouco conhecida em Arunachal Pradesh com a excepção de Kemang Ocidental e Tawang, que têm um grande número de artistas que pintam no estilo budista tradicional. Pintam as paredes de suas instituições religiosas com murais coloridos, representando cenas do folclore budista. São peritos em fazer taças decorativas de madeira, chávenas, máscaras e tankhas (pinturas decorativas sobre tecidos). Uma das suas orgulhosas criações é uma arca de madeira esculpida com flores e desenhos de dragões.

Outro elemento interessante da vida dos Monpas é o aparelho engenhoso das rodas de água que se pode ver em todo o lado perto dos riachos. São cobertas por pequenas estruturas decorativas. Assim, se usa a força da água tanto para moer os cereais como para rodar as rodas de orações.

Os Monpas são um povo muito religioso e pertencem à seita amarela do Budismo Mahayana. Assim, a sua religião também os distingue das outras tribos que praticam o animismo e outras crenças pouco conhecidas. Espalhados por toda região dos Monpas estão os gompas, grandes e pequenos, chortens (uma estrutura parecida com um stupa) ocasionalmente utilizados para orações e rodas de Oração. Para além disso, as bandeiras de oração apanham o vento em cima de cada telhado e em outros sítios. As bandeiras – vermelhas, verdes, brancas, amarelas e azuis são inscritas com orações e representam os cinco elementos da natureza. Os Monpas acreditam que as orações nessas bandeiras são levadas em todas as direcções pelo vento, assim beneficiando toda a gente.

O gompa (mosteiro) de Tawang é, sem dúvida, o centro da vida religiosa e cultural dos Monpas. É o maior mosteiro na Índia, construído como uma fortaleza, situado magnificamente sobre uma colina a uma altura de 3.300m. Há pouco tempo foi completamente renovado, e as estruturas em madeira foram substituídas. O edifício foi construído no estilo arquitectónico tradicional budista e o interior é ricamente embelecido com pinturas, murais, esculturas e gravuras. O mosteiro tem um ídolo gigantesco do Senhor Buda, feito em latão, que tem uma altura de quase dez metros. O mosteiro é associado com o famoso festival de Torgya que se realiza durante o ano novo budista, Losar. Celebra-se esse festival para eliminar os espíritos maléficos para que as pessoas possam gozar duma vida próspera e feliz no ano seguinte.

No pátio do mosteiro fazem-se uma variedade de danças rituais por pessoas utilizando lindos trajes e máscaras coloridas. Cada dança é associada com um mito ou lenda. Danças como a Pha Cham são representadas pelo povo. Losker Chungiye Cham, onde os dançarinos se vestem a representar vários animais são feitos pelos monges. Além disso, algumas danças podem ser representadas apenas no mosteiro durante as cerimónias religiosas enquanto se pode fazer outras durante qualquer ocasião festiva.

Cortesia da Revista India Perspectives
   


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