![]() ![]() |
O Velho Varredor
de Ramiro Calle em 09 Abr 2012 ![]() Paulatinamente, os monges começaram a aperceber-se de que se estavam a verificar evidentes mudanças no ancião: ternura contagiante, os olhos irradiavam afecto e todo o seu ser exalava uma paz inefável. A que se devia tudo aquilo? Qual era o seu segredo, interrogaram-se os monges, uma vez que todos eles com os seus ritos e leituras sagradas, não tinham conseguido essa mutação tão desejada, essa energia de afecto e imparcialidade que o ancião inspirava? Por isso decidiram perguntar-lhe abertamente: _ Qual o teu segredo, ancião? Praticas algum rito especial, segues algumas instruções em concreto? O ancião, com grande humildade, disse: _Não fiz nada de especial, respeitáveis monges, creiam-me. Não fiz outra coisa, além de, como todo o amor e sossego, varrer pacientemente o pátio, como se, cada vez que varro o lixo, visualizasse que me libertava do meu lixo interior (o ódio, a raiva, o rancor) e que ia ficando limpo para que surgissem o amor e a compaixão. Podem executar-se as actividades com atenção esmero e amor, ou de uma maneira imprecisa, feia e trapaceira. A atenção consiste em atender, e ao atender já uma parte de nós entra em contacto com o objecto da atenção mais plenamente e há outra qualidade de consciência e outra atitude. Até uma chávena de chá ou uma salada se podem preparar com afecto e atenção, ou sem nenhum interesse e mecanicamente. Mas se além do mais a atenção for praticada com um sentido karma-yoga, torna-se muito transformadora. Faz-se o melhor que se pode, sem nos deixarmos encadear pelos resultados, quer dizer, obra por amor à obra e não obcecado com os seus frutos. Faz-se com consciência, superando assim o lado mecânico. A acção mais é mais altruísta, muito mais desinteressada e livre de agitação. Conto retirado do livro "O Livro do Amor" apresentado na secção Sugestões de Leitura. ![]() |
® http://www.fundacaomaitreya.com Impresso em 27/7/2024 às 1:07 © 2004-2024, Todos os direitos reservados |