Fundação Maitreya
 
Luz guia

de Balmiki Prasad Singh

em 03 Set 2012

  Grandes homens nascem raramente. É nossa sorte que, numa única década do século XIX, nasceram na Índia três grandes homens. Swāmi Vivekananda em 12 de Janeiro 1863, Rabindranath Tagore, em 4 de Maio de 1861, e Mahātma Gandhi em 2 de Outubro, de 1869. Cada um tornou-se numa personalidade formidável em sua esfera de actuação: Swāmi Vivekananda na religião e espiritualidade, Gurudev Tagore na literatura, e Mahātma Gandhi no movimento de libertação e vida pública. Swāmi Vivekananda foi o primeiro entre essas três pessoas de destaque a fazer um grande impacto na consciência indiana, tanto na sua época como posteriormente.

Swāmi Vivekananda

Grandes homens nascem raramente. É nossa sorte que, numa única década do século XIX, nasceram na Índia três grandes homens. Swāmi Vivekananda em 12 de Janeiro 1863, Rabindranath Tagore, em 4 de Maio de 1861, e Mahātma Gandhi em 2 de Outubro, de 1869. Cada um tornou-se numa personalidade formidável em sua esfera de actuação: Swāmi Vivekananda na religião e espiritualidade, Gurudev Tagore na literatura, e Mahātma Gandhi no movimento de libertação e vida pública. Swāmi Vivekananda foi o primeiro entre essas três pessoas de destaque a fazer um grande impacto na consciência indiana, tanto na sua época como posteriormente.

Narendranath Dutt (Swāmi Vivekananda) nasceu numa família hindu, em Calcutá. Durante um curto espaço de 39 anos, deu um novo significado para a filosofia Hindu da tolerância. Ele construiu a Ordem Rāmakrishna para propagar os valores da filosofia Vedānta e trabalhar para difundir educação de qualidade e saúde, em toda a Índia.

A contribuição de Swāmi Vivekananda tem três perspectivas inter-relacionadas. Primeiro, ele trouxe a religião para o centro do palco e deu-lhe um novo significado. Segundo, ele ressaltou a necessidade da harmonia entre as religiões. Em terceiro lugar, o seu ensinamento continua a ser relevante.

Um contemporâneo de Swāmi Vivekananda, o famoso pensador alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), fez uma declaração notável declarando a “morte de Deus”. Estudiosos e escritores subsequentes passaram a destacar o facto de que as pessoas não estavam mais interessadas em Deus como antes. Swāmiji sentiu que a ciência e a racionalidade estavam guiando os assuntos humanos de forma mais decisiva do que as religiões. Isso não era aceitável para ele e passou a dar um novo significado à religião.

Swāmi Vivekananda afirmou que o serviço a Deus deve significar serviço aos pobres. Descartando monges e pandits, templos e mesquitas, igrejas e sātras, que tradicionalmente eram os centros de diálogos religiosos que impunham nos participantes a necessidade de buscar os elevados valores de renúncia e mokṣa, Swāmiji enfatizou algo novo, e que era ajudar os pobres. Ele cunhou uma nova palavra Daridra Nārāyana – Deus nos pobres e humildes – como um axioma religioso. Daridra Nārāyana trouxe o sentido de dever que foi colocado sobre homens e mulheres, que era servir aos pobres se eles queriam servir a Deus.

Tal como Buddha, Swāmi Vivekananda destacou o papel da racionalidade na conduta humana. Ele acreditava, que tudo o que fazemos, deve ser justificado e apoiado pela razão. O homem deve aprender a viver com uma religião que recomende a consciência intelectual e o espírito de racionalidade.

A religião deve ser também a fé que sustém, que insiste no desenvolvimento intelectual e espiritual de cada ser humano, independentemente da sua casta, credo, comunidade ou raça. Qualquer religião que divide o homem do homem, ou apoie privilégios, exploração e guerras não se pode glorificar.

Swāmi Vivekananda enfatizou que cada religião deve servir ao pobre e deve ter por objectivo acabar com a pobreza, ignorância e doença entre os oprimidos. Ele ainda ressaltou que não deve haver discriminação entre homem e mulher, entre as seitas e profissões. Ele, de facto, levantou o serviço aos pobres ao nível de adoração e, nesse nível, a harmonia entre os diferentes credos automaticamente tornou-se uma pré-condição. Tal ambiente exige a reconciliação entre os seres humanos. A fim de superar inimigos e animosidade, precisamos renunciar ao ódio e cultivar o amor e compaixão por todos.

A fervorosa oração de Swāmiji era, “Que eu possa nascer de novo e de novo, e sofrer milhares de misérias, de modo que eu adore, meu Deus, o miserável, meu Deus, os pobres de todas as raças e de todas as espécies”.
Hoje, já não é possível viver uma vida isolada. Pessoas de diferentes religiões vivem lado a lado. É, portanto, necessário entender um ao outro: suas necessidades e aspirações, fés e práticas de crenças.

Um exame atento dos ensinamentos e práticas de Swāmiji revela que ele pensou à frente do seu tempo. Suas ideias enfatizando o diálogo entre as crenças e justificando a pluralidade de fés e padrões de crenças são de grande relevância para o mundo de hoje, dilacerado por conflitos.
Swāmi Vivekananda explicou que a filosofia Vedānta não era brâmane ou budista, cristã ou muçulmana, mas a soma total de todas elas. Em seu discurso histórico, no Parlamento das Religiões, em Chicago, em 11 de Setembro de 1893, Swāmiji esclareceu:
O cristão não deve tornar-se um hindu ou um budista, ou um hindu ou um budista tornar-se um cristão. Mas cada um deve assimilar o espírito dos outros e, ainda assim, preservar a sua individualidade e crescer de acordo com a sua própria lei do crescimento.

Swāmiji também viu isso como relevante no contexto indiano. A ideia indiana era fazer o homem encontrar o melhor que podia em seu ambiente, e viver isto com toda a sinceridade. O conceito hindu tem sido o que foi descrito por Paramahansa Rāmakrishna, na forma de um aforismo: jato mat, tato path, que significa, “Como muitas opiniões, tantas maneiras”. Swāmiji valorizou amplamente a pluralidade de abordagem nos assuntos humanos e falou contra a uniformidade.
Swāmiji era a favor da harmonia entre as crenças religiosas e contra uma religião para todos. Como Swāmi Vivekananda relembra:
O maior desastre que se abateria sobre o mundo seria se toda a humanidade viesse a reconhecer e aceitar apenas uma religião, uma forma universal de adoração, um padrão de moralidade. Este seria o golpe de morte para todo o progresso espiritual e religioso.

Há dois aspectos dos ensinamentos e práticas de Swāmiji que são de particular relevância para a Índia e o mundo de hoje. Swāmi Vivekananda foi um dos grandes fundadores do movimento de libertação nacional da Índia. Muitas pessoas, no seu tempo e depois, que tomaram parte activa na luta pela liberdade inspiraram-se nele. Pessoas como Rāmakrishna Paramahansa e Swāmi Vivekananda forneceram um modo de vida para as pessoas não só no que diz respeito à sua elevação espiritual, mas também em sua abordagem para com a sociedade. A ênfase na prestação de serviço aos pobres não é apenas uma obrigação social a ser cumprida, mas um caminho de salvação também.

A democracia indiana está enfrentando um sério desafio em vista da nossa incapacidade de manter os funcionários públicos longe das tentações. A Ordem Rāmakrishna, criada pelo Swāmiji, desde a sua criação tem tido o cuidado com seus membros de forma que eles continuem a ser símbolos de integridade e devoção ao dever. Como isso foi feito? A ordem cuida das necessidades alimentares, vestuário, abrigo e cuidados de saúde de cada membro. Há igualdade considerável em tratamento no que diz respeito a alimentos, roupas e cuidados de saúde. Ela motiva o seu pessoal através do treino e idealismo. Por outro lado, os partidos políticos não possuem qualquer sistema para dar apoio ou manter seus membros activos. Chegou a hora para que os partidos políticos tirem lições apropriadas da Ordem Rāmakrishna.

Estamos vivendo num mundo que é marcado pelo ódio e pela violência, terrorismo e esquadrões suicidas. Os terroristas estão usando slogans religiosos para justificar suas más cações. Há muitas pessoas que acreditam no ditado: “Meu Deus é superior ao seu”.
Como poderia um homem de religião ser um terrorista? Como poderia uma pessoa religiosa participar de um esquadrão suicida, se ela acreditar em serviço aos pobres? Swāmiji tinha resposta para todas estas questões, bem como uma justificativa para a pluralidade de religiões e harmonia entre as religiões.

Swāmi Vivekananda, com razão, declarou no Parlamento das Religiões: «Se alguém sonhar com a sobrevivência exclusiva da sua própria religião e a destruição das outras, eu tenho pena desta pessoa, do fundo do meu coração, e mostro-lhe que, com a bandeira de cada religião, em breve será escrito, apesar da resistência: “Ajuda e não Luta”, “Assimilação, e não Destruição”, Harmonia e Paz, e não Discórdia”.

Swāmi Vivekananda era bonito na aparência, nos pensamentos e nas acções. Essa combinação de beleza raramente é vista num indivíduo. Seu curto período de vida e obras monumentais constituem um raro exemplo de seriedade e esforço de um indivíduo na história humana.
Conforme a Índia celebra o 150º aniversário do nascimento de Swāmi Vivekananda, vamo-nos concentrar e trabalhar para fazer da Índia uma nação forte e uma sociedade mais justa, e do mundo um lugar melhor para viver.
Cortesia da revista Índia Perspectives
   


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