Fundação Maitreya
 
Ser o Caminho

de Maria

em 20 Jan 2014

  Hoje, o caminho espiritual está muito divulgado, mas também banalizado, como se fosse algo que se compra ou adquire com um curso ou workshop. A espiritualidade se tomada seriamente através de um percurso individual, conduz à Unidade, no qual o aspirante vem a tornar-se no próprio Caminho. Poderá em certa altura do percurso, dizer tal como Jesus: “Eu Sou a Verdade e a Vida”.O grande problema do momento em que tanta gente “acordou” para a espiritualidade é, que nem todos compreendem que ela tem de ser realizada interiormente, tanto pelo auto conhecimento, pela fé e pela devoção a Deus, como pela razão inteligente, usando a mente de forma consciente para o encontro do próprio Espírito ou Eu Superior.

Conhecendo o objectivo é possível caminhar.

Quando estabelece essa ligação com convicção e confiança, contribui então, para ser cada vez mais consciente e inteligente. Deus ou Unidade deve fazer parte da inteligência e racionalidade do Ser humano. Assim como vemos a matéria e através da razão e do intelecto sabemos que existe, pois é palpável, na vida espiritual essa capacidade de conhecer o Espírito deve tornar-se absolutamente consciente.

Da mesma forma que uma via espiritual consciente dá poder para o bem e na direcção certa, pode dar também para ser usado egoisticamente ou dispersado inadequadamente. É, assim que hoje em dia, se propaga a moda da cura (terapias espirituais) como se fosse um caminho espiritual, mas essas demonstrações não são mais do que uma necessidade de poder e de preencher um curriculum. Quanto mais iniciações de reiki, de cura, ou de outros métodos tiver, mais cresce a vaidade de um eu, que se engrandece pelos cursos obtidos e, ao pretender curar, corre o risco de assumir certa superioridade em relação ao sofredor pela força do poder. Poderes, que na tradição indiana chamam-se siddhis, manifestações físicas e psíquicas que tantos sadhus na Índia desenvolvem através de práticas específicas para fazerem prodígios ou manipulações. Na realidade, os poderes, só devem ser adquiridos gradualmente com a evolução espiritual. Um ser aperfeiçoado cura naturalmente pelo poder da sua irradiação, pois suas forças estão sublimadas pelo poder espiritual, esse sim, curador!

A formação nestas modalidades que se desenvolveram ao longo de uma década já deram resultados e nem sempre os mais benéficos. Se, por um lado contribuíram para o despertar da mente de certas pessoas mais bloqueadas no coração ou materialistas, abrindo-as a energias mais subtis e a ligações mais místicas (para quem estava preparado) e, incentivaram a auto estima, tantas vezes abafada pelas frustrações; por outro, esse poder foi desenvolvido para aumentar o orgulho dos curadores. Depois, também há o perigo de manipulações psíquicas, quando se pretende alimentar nos pacientes a ideia de que eles precisam dessa dependência. Isto leva naturalmente, ambas as partes a negligenciar o próprio interior quanto à auto-realização espiritual.

Esta exteriorização de pseudo espiritualidade onde se procura obter rapidamente certo tipo de experiências, contribui naturalmente para engrandecer o ego, mas obscurece a mente, impedindo-a de ver o verdadeiro caminho. Perdem-se nas terapias aos outros pelo ganho material ou reconhecimento social, descurando a sua própria cura. O que fica ao longo de anos é o vazio, tanto para quem se convence que cura, como quem se torna dependente deste modo de actividade. Ficam ambos dependentes.

Mas há ainda o mais grave: o xamanismo. Esta modalidade, absolutamente obsoleta para os dias de hoje, atrai muitos dependentes de drogas e não só, com a agravante de apelidarem esta modalidade de espiritual. Muitos jovens estão erradamente neste caminho de facilitismo experiencial, destruindo as suas mentes e capacidades espirituais. Para tanto, ingerem um “elixir” para obterem de imediato alterações de consciência (tomado em rituais de iniciação) e, convencem-se que deste modo realizam aquilo que geralmente, pode levar alguns anos de caminho espiritual interno e consciente, onde as experiências espirituais surgem gradual e naturalmente. A ingestão dessa droga provoca um estímulo anti-natural no cérebro que deixa lesões cerebrais, as quais jamais serão curadas, para além de consumir órgãos internos, principalmente o estômago, o fígado e os intestinos; apodrece os dentes e torna as pessoas imbecis abertas a uma felicidade enganosa e sem sentido. É urgente que se divulgue o mal que certos pseudos mestres andam a fazer ao destruir a futura humanidade: os jovens. Pois, se os toxicodependentes ficavam à margem da sociedade para esconder os seus vícios, hoje e através do xamanismo procuram esse reconhecimento, conceituando-o erradamente de espiritualidade, havendo até publicamente, workshops e retiros.

Se, por um lado, há seres que se minimizam não assumindo o seu valor espiritual nem responsabilidade frente à vida e a si mesmo através da superação humana, para depois então, fazer alguma ajuda à sociedade, por outro há os seres que assumem estatutos indevidamente - querendo chegar ao final do caminho, ignorando o início e o meio do percurso - sem os esforços que a caminhada espiritual exige. São necessários certos requisitos como a disciplina, a devoção, a fé e, fundamentalmente, realização interna espiritual, sem a qual não poderá tornar-se no Caminho. Ser o Caminho passa pela superação humana na conquista espiritual.
   


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Impresso em 28/3/2024 às 18:15

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