Fundação Maitreya
 
A espiritualidade de hoje

de Maria

em 20 Abr 2015

  A espiritualidade de hoje, tal como no passado tem como objectivo chegar a Deus. Portanto, partindo do princípio de que há um Espirito, não tem sentido, alguém pensar que está a desenvolver a sua vida espiritual, senão acreditar em Deus. Torna-se num paradoxo! Agora tudo depende do que entendemos por espiritualidade. Espiritualidade passa, obviamente, pelo acreditar em si mesmo como Espírito e que faz parte de um mundo espiritual que se sobrepõe em grau de importância à matéria. Que esse mundo espiritual é desígnio de um Espírito elevado a que normalmente se chama Deus.

No passado, como hoje, a espiritualidade baseia-se principalmente nas religiões, mas a filosofia, a metafísica e o esoterismo, também fazem parte da espiritualidade tentando explicar o lado oculto e simbólico que a própria natureza codifica. Já na antiguidade se encontram os povos ligados a construções megalíticas que parecem associados ao culto aos mortos, ao sol, estrelas ou divindades. A religião em si mesma pode apresentar um lado mais místico assente na fé e na devoção, não tendo os crentes, geralmente, grande necessidade de questionar para além dos limites das suas doutrinas. Mas na realidade, este avanço na procura de respostas ao porquê da existência, quer através da fé e da devoção, quer através de simbolismos deu aso a rasgar horizontes na descoberta, não só de Deus como do homem a si mesmo.

Sem dúvida que a espiritualidade é a busca de Deus sendo essa demanda mais livre hoje do que no passado, exactamente pela liberdade que a humanidade foi conquistando, conforme evoluía mental e espiritualmente. Contribuiu também esta liberdade para que se divulgasse maior informação, devido também ao direito à existência das chamadas sociedades secretas, (outrora proibidas, fechadas ao público) que tornaram algum conhecimento de cariz iniciático mais acessível às massas e expandiu-se o conceito de espiritualidade.

A evolução mental e espiritual tem permitido também maior respeito e amor entre os seres e, desenvolveu-se o amor incondicional pela fé e pela devoção, proposta que já Jesus fez a toda a humanidade criando um impulso à espiritualidade, que foi ganhando espaço na vida de uma boa parte da humanidade. Isto no que concerne ao Ocidente com o Cristianismo, porque no Oriente, há também uma forte crença no Espirito, testemunhado por tantos seres realizados espiritualmente, quer nas religiões e filosofias da Índia, quer de uma boa parte da Ásia.

É importante salientar que não pode designar-se religião se houver negação de Deus, tal como as interpretações actuais no Ocidente sobre o Budismo. Os intelectuais consideram-no uma filosofia, mas no Oriente é indiscutivelmente uma religião com milhões de crentes que acreditam no Budha; um exemplo de como um ser humano pode atingir a transcendência. O Budha ensinou, que todos por esforço próprio podem a tingir a iluminação e à qual deu o nome de Nirvāna. Assim, religião sem Deus não existe. Religião significa religar a Alma ou Espírito pessoal ao Espírito Divino ou Deus. No entanto, a espiritualidade ou a busca de Deus não está confinada apenas à religião.
Portanto, o que temos hoje é fruto do passado, ou seja, há uma síntese espiritual derivada da essência de várias religiões e filosofias que circulam livremente entre a humanidade, podendo cada um escolher de forma consciente e em plena liberdade a melhor forma de percorrer esse caminho, como demanda a Deus, sem pertencer necessariamente a uma religião.

Contudo, não deixa de haver perigos de exteriorização, pois quem não segue uma religião específica com doutrina e métodos, deve respeitar certa disciplina interna e externa, com deveres e práticas que possam contribuir e conduzir ao correcto viver com atitudes benéficas para si e para os outros; como valores morais, éticos e sociais. Viver a espiritualidade, quer com base numa religião quer fora delas, requer uma grande responsabilidade. Liberdade e responsabilidade são a base da espiritualidade de hoje e está disponível a todos sem excepções de crenças e de raças.
Espiritualidade como todos entendem e como premissa simples, assenta, então, na crença do seu próprio Espírito. Isto é, se existe Espírito, aparentemente invisível deve haver uma fonte, uma origem, que acreditamos, então haver um Criador ou um Princípio Primordial. O corpo físico diz-nos a ciência e a Bíblia, mas também o Budismo e o Hinduísmo, que é matéria e se decompõe como tal após a morte, mas o Espírito permanece, dando-nos uma perspectiva da Eternidade para além da morte, do tempo e da própria consciência que utilizamos em vida. É a Imortalidade: permanece o Espírito para além da morte.

De certa forma, o caminho espiritual está hoje muito divulgado, contudo, banalizado, como se fosse algo que se compra ou adquire com um curso ou workshop. A espiritualidade se tomada seriamente através de um percurso individual, conduz à Divindade, no qual o aspirante vem a tornar-se no próprio Caminho. Poderá em certa altura do percurso, dizer tal como Jesus: “Eu Sou a Verdade e a Vida”. O grande problema do momento em que tanta gente “despertou” para a espiritualidade é, que nem todos compreendem que ela tem de ser realizada interiormente, e que tal como no passado exige o auto conhecimento, exige fé e devoção a Deus, mas também exige a razão inteligente, para usar a mente de forma consciente para o encontro do próprio Espírito ou Eu Superior.

Não faz sentido a espiritualidade sem o objectivo essencial que é Deus. Deus ou Unidade deve fazer parte da inteligência e racionalidade do Ser humano. Quando se estabelece essa ligação com convicção e confiança, contribui então, para ser cada vez mais consciente e inteligente. Assim como vemos a matéria e através da razão e do intelecto sabemos que existe, pois é palpável, na vida espiritual essa capacidade de conhecer o Espírito deve tornar-se absolutamente consciente.
Racionalizar e intelectualizar são palavras que algumas pessoas tentam abolir de um contexto mais espiritual, com receio de que possa haver uma mentalização da espiritualidade – nada disso – a espiritualidade deve ser compreendida inteligentemente, senão então, há o perigo de fuga no viver a vida plenamente na matéria.

Viver a espiritualidade não é fugir da vida, mas integrá-la no quotidiano. A sabedoria no viver passa pela sintonia entre o Espírito e a matéria.
   


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