Está em curso a mais violenta tempestade solar dos últimos 5 anos
Ventos cósmicos carregados de partículas solares, com velocidades entre 100 km a 2.500 km por segundo atingiram a atmosfera terrestre hoje, refere a Administração dos Oceanos e da Atmosfera norte-americana (NOAA). Tempestade solar pode durar até sexta-feira.
As partículas estão a entrar na atmosfera desde das 10h45 e já se registaram as comunicações via rádio e forçando algumas companhias aéreas a modificar trajetos para evitar regiões polares.
Concretizaram-se assim as previsões avançadas esta quarta feira que a tempestade iria atingir o nível três numa escala de cinco, dada a forte intensidade das radiações solares e da força geomagnética, precisou a NOAA.
Em função da intensidade magnética, a tempestade poderá perturbar em diversos graus a distribuição elétrica, o sistema GPS e as comunicações por rádio satélite, bem como o transporte aéreo que está dependente destas comunicações.
A primeira erupção de plasma solar, libertação de massa coronária, na origem desta tempestade verificou-se às 00:00 TMG (mesma hora em Lisboa). Uma hora depois seguiu-se uma segunda erupção na mesma região solar, de acordo com a NASA.
Susan Hendrix, uma porta-voz da NASA confirmou a ocorrência de perturbações nas comunicações via rádio e no sistema GPS, mas salientou que a NASA se limita a seguir a tempestade solar desde a formação até atingir a atmosfera terrestre, sublinhou.
Joseph Kunches, cientista da NOAA, anunciou quarta-feira que esta tempestade era provavelmente uma das mais poderosas desde dezembro de 2006 dado que o campo magnético destas partículas solares é muito forte. A sua colisão com o campo magnético da Terra, que protege o planeta destas agressões solares, pode desencadear trovoadas magnéticas.
Atividade do Sol tem um ciclo de 11 anos
O aumento do número de erupções solares - a última das quais ocorreu a 23 de janeiro - é normal relativamente aos ciclos de atividade solar de cerca de 11 anos que, para este período, devia atingir o pico em 2013, explicou a NASA.
A intensificação das erupções solares é também mais frequente quando o Sol termina um ciclo de atividade para iniciar um outro muito mais ativo, como é o caso desde janeiro de 2008.
Dário Passos, investigador do CENTRA-IST e da Universidade de Évora refere contudo que Portugal não deverá sofrer consequências diretas devido à localização do país, exceto se houver um evento de muita intensidade. Poderão registar-se, no entanto, problemas nas comunicações.
Países que estão a latitudes superiores serão ser sempre mais afetados por este tipo de tempestades do que os que estão a nível do Equador, explica o investigador.
A última explosão solar ocorreu a 23 de janeiro e agora o fenómeno voltou a acontecer, mas o cientista sublinha que não é possível prever a sua frequência é que acontecerá futuramente.
“O que sabemos sobre este tipo de explosões ainda é insuficiente para conseguirmos dizer se no próximo mês vai haver duas tempestades solares. Neste momento não temos esse tipo de conhecimento. A única coisa que podemos dizer é que vão acontecer e mais frequentemente”, salientou.
O pico máximo deste ciclo solar deve acontecer entre “junho e julho de 2013” e as previsões são que, em termos de atividade e intensidade, seja inferior ao ciclo passado, que ocorreu entre 1997 e 2009.
No seu ciclo de atividade de 11 anos o Sol “durante alguns anos tem pouca atividade. Depois a intensidade da atividade solar vai aumentando e, agora que nos estamos a aproximar do máximo de atividade solar que está previsto para 2013, é normal que estes fenómenos aconteçam”, disse o investigador do Centro Multidisciplinar de Astrofísica (CENTRA) do Instituto Superior Técnico de Lisboa.
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