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Os Padres no Tibete

de Estevão Cacela

em 08 Jun 2023

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Vendo-nos assim, e com outras muitas circunstâncias de dificuldades e impedimentos, que deixo de apontar em terra onde não há quem acuda a nada sendo cada um destes homens em sua casa senhor absoluto sem haver fora dela quem lhe peça razão do que fizeram, encontramos o Lama principal que aqui tem o Rei, o qual sabendo dos impedimentos que tínhamos para chegar ao Rei, nos disse que por sua via iríamos por ser ele o que ali estava para negócios do Rei, e que logo nos passássemos para sua casa; assim o fizemos com beneplácito do Lama com que estávamos agasalhados, antes ele mesmo nos levou, e acompanhou até ao Rei; mas nem aqui deixou o inimigo suas acostumadas diligências para impedirmos, de modo que tratando com o Lama principal de querermos passar avante, nos quis persuadir não fossemos mas esperássemos ali o Rei, que dizia viria dali a um mês (o que era tão falso que são hoje passados seis sem ir lá). Vendo esta mudança nascida também do homem que nos roubara; nos despedimos do Lama, e começamos a caminhar sós determinados levar avante o caminho confiando em nosso Senhor nos guiaria e guardaria, pois tendo feito as diligências possíveis não víamos outro meio para passarmos adiante. O Lama vendo nossa resolução foi obrigado a pedir-nos esperássemos mais algumas horas para nos aviar e fazer suas chapas e irmos por sua via ao Rei, que se lá nos visse sem irmos como convinha, ou se no caminho nos sucedesse alguma coisa o castigaria gravemente. Com isto esperámos aquele dia, ele nos deu gente e cavalos para o restante do caminho, e em companhia do primeiro Lama partimos de Pargão na 2 oitava de Páscoa a cinco de Abril.

Ao cabo de três jornadas achamos em uma aldeia um Lama parente do Rei, que de sua parte nos vinha buscar com gente e cavalos, e nos acompanhou: este escreveu logo ao Rei como íamos chegando, o qual mandou outros Lamas que em outra paragem nos esperassem com dois cavalos para nós muito bem ornados; e caminhando assim com toda esta companhia um bom espaço antes de chegarmos mandou outra gente sua convidando-nos com o seu chá, «tsanpa» de que ele e os seus usam muito, e continuando depois o caminho que era por serras bem altas indo já perto do lugar onde estava mandou outros Lamas mancebos «monges» em seus cavalos que nos festejassem com muitas carreiras que deram em uma paragem onde a serra lhe sofria, e logo descobrimos por entre as árvores grande multidão de gente, que nos esperava e soaram as charamelas e trombetas, que com isto tem alguma semelhança os instrumentos de que usam em suas festas. Aqui estavam cem Lamas «monges» todos de pouca idade de doze até vinte anos, que postos em ordem (hierarquia) em duas fileiras nos vinham receber, no meio três Lamas pequenos com cheiro «incenso» que levavam em seus turíbulos, que é honra única do Rei. Assim nos levaram ao lugar que nos tinham aparelhado, que era uma tenda muito bem feita forrada de seda da China com seu dacel e lugar onde descansássemos; e mandando-nos dali a pouco o Rei recado que podíamos ir o achamos em outra tenda vermelha broslada de ouro; à mão direita, e muito junto a ele estava em outro lugar correspondente uma imagem de seu pai com uma lâmpada acesa, que ali sempre ardia; aqui ficavam dois lugares altos para nós, não tendo ali nenhum Lama, por grave que fosse, lugar senão nos esteiros que pelo chão estavam. «Os budistas sentam-se sempre no chão».

Recebeu-nos com demonstração de muita benevolência significando-a na alegria que mostrava de nos ver, e saber donde vínhamos, donde éramos, de que Reino e nação com as mais perguntas ordinárias nas primeiras vistas: pudéramos dizer-lhe que éramos portugueses, porque a estas serras, como nunca vem gente estranha, nem se lembram de terem visto, ou ouvido ter por aqui passado semelhante gente, assim não chegou a eles o nome de Franguis que em todo o Oriente têm os portugueses.
  (... continua) 
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