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Misticismo islâmico e evolução social e política

de Mostafa Zekri

em 12 Mai 2006

  A dimensão mística ilustrada no Islão sunnita pelo sufismo (do árabe tasawwuf) e no Islão shiita pelo gnosticismo, (ar.`irfân), faz parte integrante da religião muçulmana e fundamenta-se no Alcorão, o texto sagrado dos muçulmanos, na sunna, a tradição profética, e sobretudo no exemplo do profeta Muhammad : “Tendes no Profeta de Deus um bom exemplo” (Alcorão, 33:21).

Anjo GabrielIsto é, a “ortodoxia” muçulmana nem sempre concordou com as práticas do sufismo e com o pensamento místico, sobretudo de carácter teosófico. Ibn Taymiyya (661-728 / 1263-1328), um ilustre jurista Hahanbalita , emitiu muitas fatwâ-s, consultas jurídicas, que condenam a prática do misticismo e do culto dos santos. Os adeptos desta escola continuam, ainda hoje em dia, os seus ataques contra o sufismo. É o caso dos wahhabitas que, desde o início do seu movimento no século XVIII, seguiram rigorosamente as prescrições da escola hanbalita. Portanto o tasawwuf nunca deixou de existir como elemento dinâmico do pensamento religioso no Islão.
O sufismo, como prática, ultrapassa os limites habituais que determinam as fronteiras do Islão exotérico na medida em que o pensamento sufi participa na procura universal do divino. Esta procura existe em todas as religiões e em todas as filosofias metafísicas. Aliás, a lei islâmica, ash-sharî`a, desenvolve um discurso dirigido exclusivamente aos muçulmanos enquanto o sufismo desenvolve um discurso universal e um ensinamento dirigidos a toda a humanidade.
Além de uma aplicação literal da lei transmitida pelo profeta do Islão, o sufi procura viver uma experiência directa de Deus. Assim, o sufismo passou de uma organização bilateral caracterizada por uma ligação vertical entre o Homem e Deus, para a organização triangular com dois tipos de relacionamento. O primeiro é horizontal: entre o mestre espiritual, shaykh, e o discípulo; o segundo é vertical: entre o discípulo e Deus através da orientação do Mestre educador.

Esta organização triangular está na origem do estabelecimento de um processo que acabará na constituição das confrarias, turuq (sing. tarîqa). A confusão política no mundo islâmico a partir do século IX (século III da era muçulmana) teve um papel importante neste processo:
1-o desaparecimento dos regimes shiitas no Irão e no Oriente-médio
2-o domínio pagão depois da conquista mongol, pelo menos no início desta conquista.
As primeiras confrarias apareceram neste contexto e serão designadas pelos nomes dos mestres espirituais fundadores: al-qâdiriyya e Abd al-Qâdir al-Jilânî (ob. 1166) em Bagdad no Iraque, al-rifâ`iyya e Ahmad al-Rifâ`î (ob. 1182), al-madyâniyya e Abû Madyan al-Ghawth (ob. 1197), as-shâdhiliyya e Abû al-Hasan As-shâdhilî (ob. 1258), al-kubrawiyya e Najm ad-Dîn Kubrâ (ob. 1221), ash-shishtiyya - na Índia – e Mu`în ad-Dîn Shishtî (ob. 1236).

Nos séculos XIII e XIV apareceram al-mawlawiyya de Jalâl Ad-dîn Rûmî (ob. 1273), al-biktâshiyya de Hâdjî Biktâsh, an-naqshabandiyya - na Ásia central - de Bahâ' Ad-dîn Naqshabandî (ob. 1389), as-safawiyya de Safiyy Ad-dîn al-Ardabîlî (ob. 1334) (Azerbaijão oriental), al-khalwatiyya de 'Umar al-Khalwatî ( faleceu em Tabriz no fim do século XIV). No século XV apareceu a confraria ash-shattâriyya de 'Abd Allâh Ash-shattâr da Pérsia (ob. 1485).
Todas essas confrarias prosseguiram o seu desenvolvimento e ramificaram-se vindo a construir novas confrarias derivadas. O fim do século XVIII e do século XIX são dois momentos particularmente ricos em movimentos de renascimento do pensamento sufi e da prática do sufismo. Mawlây al- 'Arbî Ad-darqâwî (ob. 1823), Ahmed At-tijânî (ob. 1835), e Ahmed Ibn Idrîs (ob. 1837), constituem três exemplos ilustrativos deste renascimento. Os seus discípulos fundaram também várias confrarias: idrîsiyya, râshidiyya, mirghâniyya, sanûsiyya...
Uma rede complexa de confrarias místicas foi constituída através dos séculos em todas as sociedades muçulmanas; mesmo nas regiões onde os regimes combatem o sufismo e proíbem as confrarias, como o Iémen na época dos shiitas zayditas (de 901 até 1962) ou Arábia Saudita a partir da domínio da doutrina wahhabita no século XIX. Nunca estes regimes políticos conseguiram parar a acção e a difusão do sufismo que continua ser clandestino nestas zonas do mundo islâmico.
  (... continua) 
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