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Os Arquitectos do Agora
de Vasco Trancoso
em 29 Mai 2006
(...anterior) Nessa altura, perante tanta Beleza, paramos momentaneamente de pensar em situações passadas ou futuras para nos rendermos extasiados ao Agora daquele pôr-do-sol.
Outro método para acedermos ao poder do Agora é a meditação.
Na meditação também há uma concentração no Agora com ausência de pensamentos e sensação de desaparecimento dos limites físicos e sensação final de bem-estar.
É o barulho mental que a sociedade actual nos impõe, que impede o nosso encontro com a serenidade interior que é inseparável do reino infinito da Grande Quietude.
Um dos erros mais básicos da Humanidade foi a frase de Descartes: penso logo existo, equiparando erradamente pensar a ser, e identidade a pensamento.
A mente é um óptimo instrumento. Porém o instrumento não pode tomar conta de nós ou ser confundido com o nosso Ser essencial – o tal sítio que está ligado ao Ser Total.
Assim a mente pode funcionar como um biombo opaco, de conceitos errados, entre nós e nós próprios.
Porém não basta acreditar na unicidade como a Grande Realidade. Há também que senti-la. É através da própria experiência que ela se torna libertadora. E o método mais simples para senti-lo é a prática da meditação.
Assim se pode começar a compreender que existe um vasto reino de inteligência para além de nós próprios. O reino do G.A.D.U..
Também então será perceptível o que realmente conta: Amor, Alegria, Paz interior, Beleza e Criatividade, que têm origem para além da mente. Começará então o despertar.
Neste estadio escuta-se o pensamento, estando-se ciente não só do pensamento mas também de nós próprios como testemunhas e observadores desse mesmo pensamento. Esse local/presença de observador é o nosso eu mais profundo que está em conexão directa com a Grande Unicidade Divina. Consoante mais prolongados forem os espaços sem pensamentos, maior descontinuidade no caudal mental, mais quietação e paz interior, e mais emanação natural de Alegria profunda para tudo o que nos rodeia. Há uma nova consciência. É a prova que Amor, Alegria e Paz são aspectos profundos da nossa ligação com o Grande Arquitecto, o Ser infinito de que fazemos parte (o prazer tem origem no exterior enquanto a Alegria nasce no nosso interior).
Nas pessoas que se identificam muito com a mente, esquecendo a via interior do Agora, terão mais ansias de posse, mais paixões e mais dor. A sua mente procura satisfação em coisas exteriores e no Futuro eventual, em substituição da verdadeira Alegria que emana do Ser infinito através da nossa própria ligação profunda ao Eterno.
O poder do Agora pode revelar-se também durante o ritual de uma Loja Maçónica.
Se os trabalhos decorrerem de forma justa e perfeita, quando a voz do Venerável informa que já não estamos no mundo profano, os irmãos encontram-se numa cápsula sem Tempo (sem Passado ou Futuro) concentrados no ritual, residindo afinal no Agora. Daí que após uma sessão rica, em que a vida profana se esqueceu, os irmãos podem experimentar os mais sinceros e calorosos sentimentos de Fraternidade, Alegria e Amor.
Por outro lado atravessamos uma época em que os antigos conceitos de Deus são postos em questão iniciando-se um percurso de implosão. Um novo entendimento universal está em marcha e uma nova forma de estar aumenta progressivamente pelo planeta.
A Maçonaria Universal não pode ficar distraída do destino do Homem, em contemplação do seu passado ou hipnotizada consigo própria.
O ritual não se pode tornar num fim em si próprio e os Maçons não devem ser instrumentalizados através da constituição de grupos de interesse que nada têm a ver com os ideais maçónicos, ou perverterem hipocritamente esses ideais adoptando atitudes antimaçónicas graves no dia a dia.
(... continua)
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