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Os Evangelhos Comentados

de Firmamento Editora

em 30 Nov 2006

  (...anterior) Correspondendo ao pedido de justificação solicitado pelos dirigentes judeus, Jesus respondeu com o provocador e profético: “Destruí este Templo e em três dias Eu o levantarei.” E “levantar”, tal como “subir”, “elevar”, “glorificar”, “exaltar”, são precisamente os termos usados quando ele anuncia essa morte que, assim, significa mais triunfo e vitória, do que humilhação, agonia ou derrota.
Tudo se consome e tudo se cumpre na Cruz (§). Para ela convergem todos os sinais e prenúncios do texto; a sua arquitectura e economia narrativa; a sua mensagem e promessa. Foi para esta hora que Jesus veio. Entregando-se, nela cumpre a sua missão no mundo. Desde que, pelos olhos e palavras de João Baptista, pela primeira vez o encontramos no texto, ele é “o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo”. Na cruz e pela cruz se resolve o drama cósmico que o prólogo poeticamente resume: A Palavra fez-Se Homem, e da contemplação da sua glória renascem em Deus os que acreditam no seu Nome.
Contemplando essa Palavra junto à Cruz, dela se faz testemunha o discípulo que Jesus amava e para dar testemunho escreveu: “Estes sinais foram escritos para que acreditais que Jesus é o Messias, o Filho de Deus e para que, acreditando, tenhais a vida em seu Nome.” “E nós sabemos que o seu testemunho é verdadeiro”, confirma o apêndice deste trecho.
Como se professa pelo Credo dos Apóstolos, “Jesus Cristo padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado.” Através de Pôncios Pilatos ancora-se a morte de Jesus na história e a história entra no Credo.
A tentação de ler o “verdadeiro” testemunho do apóstolo em termos de veracidade histórica, faz-nos resvalar facilmente da historicidade da morte de Jesus para uma leitura em que o seu significado está intimamente relacionado com a sua veracidade histórica. Proclamando a centralidade do mistério Pascal, a Profissão da Fé Cristã autoriza-nos - para uma melhor compreensão do sentido da redenção – a iluminar a investigação dos evangelhos com o recurso às fontes históricas.
No entanto, de acordo com a perspectiva da história, quando se pergunta porque morreu Jesus - o Jesus, judeu, histórico, que pregou em Jerusalém e durante o festival de Pesah causou grande desacato no Templo - a resposta é: “Porque fez a coisa errada, no lugar errado, no momento errado”, sem que nada se possa dizer sobre o seu significado redentor. Não está em causa o mérito ou importância de melhor conhecer o contexto histórico em que Jesus viveu mas, simplesmente, de reconhecer que não é por aí que o cristão ou o não cristão chegarão à compreensão do mistério pascal.
E é aqui, justamente, que reside a virtude e o poder do texto joanino. A verdade que ele testemunha é uma verdade de fé, e a narrativa que a sustenta é uma narrativa interpretativa, cuja profundidade - até mesmo pela mestria literária e poeticidade da prosa - continuamente subverte uma leitura que se queira puramente histórica.
É precisamente porque se trata de uma economia textual arquitectada por um jogo de símbolos, de figuras de estilo, de correspondências, contrastes, paralelos e remetimentos, que a leitura da Paixão e Morte do Senhor, descontextualizada do resto deste evangelho, se me afigura também problemática.
João 18-19 constitui, seguramente, uma unidade. No tríptico que há muito se identificou existir nestes dois capítulos (18,1-27, 18,28-19,16a e 19,16b-42), é possível ver também o tríptico cristológico (do Bom Pastor, Rei, e Cordeiro Pascal) que resumiria o todo. Mas vale a pena reflectir, brevemente que seja, sobre a possível perversão do sentido e significado da morte de Jesus em que pode incorrer um enfoque que se esgote tão somente nessa mesma paixão e morte.
Das inúmeras expressões artísticas, literárias, visuais e musicais que ao longo dos tempos procuraram representar, reflectir e fazer-nos pensar sobre o significado da Paixão e Morte de Jesus, há duas que pela polémica que recentemente têm provocado - e pela qualidade do debate que têm suscitado - são sugestivas de como se colocam estas questões.
  (... continua) 
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