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Shakuntala (Śakuntalā)

de Abanindranath Tāgore

em 13 Ago 2018

  (...anterior)
Não se conhecia o medo no eremitério; todos os entes ali estavam ao abrigo do perigo, porque nele a caça era interdita. Sob a influência do Grande Sábio Kamādevā, o tigre e a vaca bebiam a água da ribeira lado a lado; a gazela e o tigre brincavam e adormeciam juntos.

A pobre corça perseguida por Duśyanta, foi, arquejante e atemorizada, refugiar-se no eremitério; então o Rei abandonou a sua presa, dirigiu-se para as choupanas, atirando para o chão seu arco e suas flechas, para não infringir a Lei da Paz que regia o domínio do eremita.
Foi naquele instante que Duśyanta, Rei do Universo, de pé no carro de oiro, viu Śakuntalā, a graciosa, assentada no bosque florido. Ela viu-o também... e os dois trocaram um longo, um longo e amoroso olhar.

O Bufão Madavyā

O Bufão, que acabou por se juntar ao Rei, também se instalou no eremitério. Mas esta nova vida trazia inquieto o gorducho Madavyā: como se podia passar sem os pratos saborosos da mesa real? Como dormir sem um leito macio? Como viajar sem um palanquim confortável? Não queria vaguear a cavalo naquela terrível floresta, onde era frequente encontrarem-se tigres e javalis; não queria matar a sede com a água amarga dos tanques lodosos. Privados de pratos suculentos, via tudo negro; não podia comer bocados de carne calcinada, único pitéu que lhe davam depois de um dia de fadiga; não podia dormir no leito de folhagens, à mercê dos mosquitos.
Madavyā o Bufão estava num estado lamentável, com o corpo dolorido, não dormia, tremia sem cessar, receando que um tigre ou um javali o devorassem; emagreceu a olhos vistos.
Numa palavra, o gordo Madavyā não era já sombra do que fora. Tentava em vão convencer o Rei, dizendo-lhe:

-Majestade, escuta o meu conselho. Fujamos desta selva porque esta vida não é digna de nós. Se permanecermos aqui, corremos o perigo, tu, de contrair alguma doença e eu de morrer. Estás magro, Senhor! Fujamos depressa destes sítios selvagens!
Mas o Rei não lhe prestava atenção, porque, desde que vira Śakuntalā no bosque florido, esqueceu os seus deveres de Rei, e como um asceta, não deixava o eremitério.
Um dia a mãe (§) do Rei, que queria celebrar uma grande festa religiosa, pediu ao filho para regressar, mas em vão: Duśyanta não podia voltar para a sua capital; mandou os seus soldados e encarregou Madavyā de apresentar desculpas a sua mãe.

Duśyanta e Śakuntalā

Enquanto que Madavyā, o Bufão, era feliz como um rei no palácio real, Duśyanta, o poderoso Rei, errava pela floresta, como uma alma penada.
Suspirava, gemia e repetia sem cessar, baixinho:
-Śakuntalā! Śakuntalā!
Seu arco e suas flechas jaziam abandonadas na floresta. A sua túnica real flutuava ao longe na ribeira. A sua tez doirada escureceu. Tornou-se negro como a noite, aquele poderoso Rei da Terra que errava sozinho pela floresta.

Mas que sucedeu a Śakuntalā?
Estendida num leito de verdura, semeado de flores de lótus, Śakuntalā escrevia uma carta; escrevia ao Rei! As palavras que lhe brotavam do coração, traçava-as febrilmente, numa folha de lótus... e também ela gemia e suspirava...
Que se passava, pois, no seu espírito, depois que viu o Rei? Ela não sabia explicar... sabia, unicamente, que quando ele se afastava, sofria... e não podia reter as lágrimas que corriam ao longo das suas faces.
As suas duas companheiras tentavam consolá-la; lançaram os seus carinhosos braços ao seu pescoço delicado; abanaram-na com folhas de lótus e enxugaram as suas lágrimas à ponta das suas túnicas, cantando:

A aurora vai em breve nascer,
Ó Śakuntalā!
E nós veremos aparecer
O Rei Duśyanta;
Doce amiga, enxuga o pranto
De Śakuntalā;
Ela seduziu com seu encanto
O Rei Duśyanta

E que sucedeu em seguida?
Sucedeu... que o dia nasceu e a noite dolorosa findou; sobre cada ramo abriu uma flor; em todas as árvores cantavam os pássaros...
  (... continua) 
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