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Mosteiro Budista
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324 Dias na Índia

de Rui Pereira

em 28 Dez 2007

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A adaptação a Leh foi algo demorada, resultado da elevada altitude e dos meus habituais problemas digestivos, que parecem ser reactivados ou intensificados de cada vez que me mudo para um novo destino.
Depois de me restabelecer, aluguei uma moto para conhecer os belos mosteiros em redor de Leh. A nitidez da atmosfera era incrível. Esta nitidez motivada pela altitude, por vezes era tal, que fazia parecer que tudo estava muito mais próximo, mais presente! Não dá para explicar, mas tinha a sensação que se estendesse a mão poderia tocar nas nuvens, nos mosteiros, nas montanhas... O pouco verde existente, que ladeia os rios e vales cultivados, são autênticos oásis. As montanhas elevam-se nuas com todas as tonalidades de castanho cortado pela candura da neve no topo das mesmas. Durante o dia, transpiram a água gélida que alimenta os rios velozes, transportando consigo o corpo da cordilheira.
Foi na viagem que fiz a Hemis, que reencontro Monika que conhecera no Sikkim, uns meses antes. Com os seus cerca de 50 anos, eram muitos os meses que já andava a viajar pela Ásia, especialmente a Índia. Passámos a fazer alguns passeios em conjunto, visitando aspectos ligados ao Budismo e à natureza. E é ainda durante esta viagem de moto, que ao visitar o interior de um mosteiro me venho a deparar com uma imensa estátua, de traços Orientais e de cor dourada. É entre o factor surpresa e a grandeza da imagem, que se estende para o andar inferior, que contemplo esta representação do Senhor Maitreya (foto).
Posso dizer que foi muito bom ter esquecido o capacete, pois foi o que me fez voltar atrás e me levou a explorar o mosteiro um pouco mais. Talvez pelo inesperado aquele momento teve um sabor particular.

Voltei a encontrar outras estátuas de Maitreya, que é aguardado entre os Budistas como o Buddha (§) vindouro.
Um dos locais que visitámos foi Pangong Lake, o sereno lago nas montanhas que trouxe mais uma surpresa; a cerca de 2500 metros há um lago com água salgada!
Hummm... O local é de uma serenidade que mais uma vez não sei descrever. Monika dizia qualquer coisa do género: “Não há palavras!”.
Visitámos o Nubra Valley passando pelo ponto motorizado mais alto do mundo, com aproximadamente 6000 metros, sendo este o meu recorde absoluto.
Deparámo-nos novamente com estas interdições militares que não me pareciam ter sentido algum. Como é possível que caminhos usados durante milénios sejam agora lacrados? Como no caso dos vários percursos da rota (§) da seda. Incompreensão ou rebeldia não sei, mas muita era a vontade de as transgredir! Aqui, em Ladakh, deparei-me com pelo menos três destas limitações. Foi no Nubra Valley que viemos a contornar um dos postos de controlo, subindo por uma estrada paralela. Esta caminhada levou-nos a uma aldeia, em que facilmente se percebia pelas reacções das pessoas, que presenças estranhas não eram usuais. Contudo, fomos bem recebidos com várias interacções com os locais, sendo inclusive convidados para um chá na casa de um senhor de idade. A linguagem era mais ao nível gestual e intuitivo do que propriamente o uso das palavras... Ficou o calor da dádiva... e de um arco-íris que se formara majestoso aquando do nosso regresso...

Descemos em direcção a Manali durante mais uma cansativa viagem de dois dias de autocarro. Passámos algum tempo em Macloed Ganj local acolhedor onde vive o Dalai Lama (§), que naquela ocasião estava na Mongólia. Estivemos no local onde, periodicamente, ele costuma dar os seus ensinamentos. Foi com surpresa que ao aproximar-me deste local ouço um imenso barulho, como se de uma briga se tratasse, envolvendo várias pessoas. Lembro-me pensar qualquer coisa do género: “Estes monges estão muito violentos!”. Foi só quando cheguei ao pátio que realmente consegui perceber o que estava a acontecer; tratava-se do “debate”, que consiste na discussão pública entre monges, exercício que faz parte do seu treino. É uma espécie de exorcização de emoções e tensões latentes...
Era mais uma vez tempo de despedida...
  (... continua) 


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