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Modo de Orar a Deus

de Erasmo

em 20 Jan 2009

  (...anterior) outoramentos teológicos, cerimónias, peregrinações, votos religiosos ou vida monástica, de que aliás em muitos aspectos Erasmo é crítico, como vemos nos seus famosos Colóquios que o tornaram tanto admirado por muitos, como detestado pelos «bárbaros ignorantes» que recusavam o estudo das línguas, culturas e tradições antigas, ou seja, a universalidade do conhecimento, presente na Retórica, na Filosofia, na Poesia, na Ciência, na exegese livre da Religião, e cujo cultivo e divulgação só faria bem à humanidade.

Uma das razões do grande sucesso na época da “filosofia de Cristo”, designação antiga mas desenvolvida por Erasmo a partir da sua meditação e do seu trabalho para uma versão mais fidedigna do Novo Testamento, e depois desenvolvida nos comentários livres aos Evangelhos, as Paráfrases, está na intuição e vivência em si de Cristo (palavra grega que traduz o Messias hebraico, o Ungido ou ligado a Deus, e que é também, sobretudo com S. João, Logos, ou seja, a Palavra, Verbo, Sabedoria, Razão, ou discurso certo), em parte nascida da realização da presença divina (logóica, diríamos) nos Evangelhos, onde ela respira e vive mais plenamente, e da meditação.
Isto permite a Erasmo tanto recomendar incessantemente a leitura sagrada, ou a oração a partir de palavras dos Evangelhos, como sobretudo tornar vivos os ensinamentos e parábolas de Jesus Cristo, primeiro ao saber estabelecê-los filologicamente mais correctos na versão que fez, magistralmente anotada, do Novo Testamento e, depois, nas Paráfrases, ao passar constantemente do sentido literal para o espiritual, do passado para o presente e o eterno, trazendo ao de cima a riqueza de sentidos transformadores de muitas passagens que pareceriam destituídas de relação eficaz e luminosa com a nossa mente e vida de hoje.

Um tão arguto observador, que tanto viajara e conhecera de pessoas e sociedades, com as suas limitações animais mas também aspirações e exigências de dignidade e espiritualidade, estava preparado tanto para a ironia esperançosa como para a compaixão piedosa e por isso as suas obras ora castigam rindo ora inspiram desejos de fraternidade e caridade, impulsionando consciencializações ou mesmo voos espirituais.

IX
Para Erasmo a vida é uma luta pela ligação divina, sob o perigo constante do enfraquecimento ou mesmo da morte da alma, quando a dignidade, a racionalidade ou domínio das atracções e repulsões, ou mesmo o desejo de solidariedade moral e de vida espiritual, falham. Com efeito, dirá no Enchiridion,o Manual do cavaleiro Cristão: «quando os olhos do coração estão obscurecidos para que não vejas a luz evidentíssima que é a verdade, quando não captas com teus ouvidos interiores a Voz divina, quando careces completamente do sentido do absoluto, pensas que a tua alma estará viva? (...) Se o teu próximo é mal tratado, porque é que a tua alma não sente nada?»

Duas são as armas ou as asas principais a utilizar, o conhecimento e a oração. Conhecimento das letras humanas que naturalmente apoiam as divinas, ou ainda, conhecimento da sabedoria perene, da tradição cultural e espiritual de todos os povos e tempos; gnose de si próprio de quem não é só corpo animal e genético, nem subjectiva e complexa personalidade ou alma, mas na essência espírito, dotado de autoconsciência e lucidez, livre-arbítrio e amor, capaz portanto de conhecer e amar a verdade, a unidade, a Divindade.

Quanto à asa da oração, a procura do florescimento unificador do amor, a descoberta e a coincidência da mente e da vontade com Deus Pai e com o todo, deixemos Erasmo iniciar-nos com este pequeno tratado, o Modus orandi Deum, publicado pela primeira vez pelo sábio impressor Johann Froben, em Outubro de 1524, em Basileia, com sucesso pois surgem doze edições até ao fim do ano da graça de 1525 graças a laboriosos impressores de Estraburgo, Colónia, Nuremberga, Basileia, Cracóvia, Veneza, Antuérpia, se bem que a sexta edição, que é uma versão bastante acrescentada e corrigida por Erasmo, impressa de novo por Froben, em Março de 1525, nunca será tomada em conta pelos editores posteriores, algo misteriosamente...
  (... continua) 
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