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O Lugar do Homem nas Doutrinas Tradicionais

de Arthur Shaker

em 18 Jul 2009

  (...anterior)
5-Burckhardt, Titus - pg. 168, 1958.

Compreendida essa diferença de ângulo, as tradições são unânimes em afirmar que o homem ocupa, na Roda da Existência, uma posição muito especial em relação aos outros seres. Posição especial em potencial. Buddha (§) ensinava ser de extrema riqueza, e de muitos méritos acumulados, o fato de seres terem nascidos no estado humano. É tão raro, dizia, quanto estarmos no meio do oceano, dentro de um pequeno barco, e descobrirmos um grande furo no fundo dele, por onde está entrando água, e de repente vemos lá longe uma tartaruga vindo, se aproximando, entrar por baixo e com seu casco tapar o buraco e conduzir o barco a salvo até uma costa segura a muitas léguas de distância.

Raro e importante é ter nascido no estado humano, pois esse estado é muito propício para nos podermos libertar da prisão do Cosmos, alcançar a Iluminação diretamente a partir deste estado. Os demais seres, mesmo os celestiais devas, embora se possam iluminar a partir desses estados, devido aos seus apegos que esses estados prazeirosos permitem experienciar, terão mais dificuldades para aprender a Verdade, o Dharma, e com isso escaparem da roda de renascimentos, samsāra. Quando Siddhārta Gautama alcança o estado de Buddha, Libertação e Iluminação, e, refletindo sobre a incapacidade dos homens de entenderem o Dharma, decide não abrir o ensinamento do Caminho, os devas, que haviam descido dos céus para aprenderem os ensinamentos para a libertação, caem em profundo estado de inquietação e desolação. Do mesmo modo é dito que, quando da proximidade de um Bodhisattva se tornar um futuro Buddha, descendo ao estado humano, os devas dos dez mil sistemas de mundo rogarão ao Bodhisattva que nasça entre os humanos para ensinar-lhes o alívio de suas dores, o Caminho da iluminação.

O ser, em seu estado humano, possui a qualidade intelectiva que lhe permite despertar do sono da ignorância e realizar-se como um Buddha. A palavra Buddha deriva da raiz sânscrita Buddh, que significa conhecer, despertar. Essa qualidade intelectiva que o homem tem permite-lhe experienciar e compreender os dois extremos do prazer e da dor na existência samsárica, e com isso, a possibilidade do desapego e libertação definitiva dos ciclos samsáricos do nascer e morrer. Para os demais seres, outros obstáculos se colocam: os seres celestiais, pelo fato de experienciarem muitos prazeres nesses estados, se intoxicam nessa experiência, que os dificultam ver a impermanência desses estados. Os seres que vivem nos estados infernais, por experienciarem muito sofrimento, terão de esgotar muitos de seus karmas negativos até alcançar o nascimento no estado humano.

Nascer como ser humano é ao mesmo tempo de extrema riqueza e de difícil responsabilidade, de um perigo igualmente extremo. Nas perspectivas das tradições teístas, essa responsabilidade se estende ao destino do Cosmos. É dito nos relatos islâmicos que, ao criar o mundo, Allah convocou todos os seres e perguntou qual deles aceitaria ser seu representante a sustentar o mundo. Todos recuaram aterrorizados diante de tal responsabilidade, só o homem aceitou o compromisso. Todas as qualidades divinas estão sintéticamente dentro do homem, por isso o homem pode conhecer o Absoluto conhecendo-se a si mesmo.

Por esta condição central no Cosmos, é dito que mesmo os Anjos (§), por não possuírem a natureza integral de Adão, se curvam diante do Homem. Deus, ao criar à sua semelhança Adão Kadmon, o arquétipo da Humanidade, chamou-o e disse-lhe que desse nome a todos os seres, e Adão dava os nomes conforme as qualidades de cada ser que ele reconhecia dentro de si. E este era o nome. Nome como númen, halo de inteligibilidade que irradia de cada coisa, a natureza de cada coisa. O homem é um pequeno cosmos, e o cosmos é como um grande homem, diz um ditado sufi, do esoterismo islâmico.
  (... continua) 
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