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História da Tradição da Floresta

de Bhikkhu Dhammiko

em 03 Jan 2011

  (...anterior) É a “Tradição Kammatthāna (Meditação) da Floresta” da Tailândia, que veio a encarnar a “anima” fundamental da actual “Tradição da Floresta da Tailândia”, movimento esse que foi catapultado nos princípios do século XX pelo grande Mestre, natural do Nordeste da Tailândia, Phra Ajahn Mun Bhūridatta Thera, um dos baluartes da essência Budista que veio acender o espírito antigo perdido da chamada “Sabedoria do Guerreiro”, e ao qual a “Tradição da Floresta da Tailândia” deve hoje o seu estandarte espiritual.

Nascido em 1870, filho de produtores de arroz na província nordeste de Ubon, ordenou-se como monge em 1892. Nesse tempo, o País sofria ainda os restos da anarquia provocada pela destruição do Reino de Ayudhya em 1767, piorando ainda mais a desorganização do já corrupto sistema monástico.
Havia então na época dois grupos principais de Budismo: o Budismo Tradicional, que veio a conhecer-se como Mahanikaya e que incluía uma múltipla variedade de costumes e ramos espalhados por todo o País, já em desleixo e com cultos vários à mistura, pouco já respeitando o Cânone Pali; e o grupo do Budismo Reformativo Dhammayutta, iniciado em 1820 pelo Príncipe Mongkut que, descontente com o desleixo corrupto da situação monástica, decidiu reordenar-se entre a disciplina dos rigorosos Mon, perto da fronteira entre a Tailândia e o Myanmar. O seu propósito resultou no alinhamento da prática com os ensinamentos do Cânone Pali.
Ao comportar uma abordagem mais racional e “científica” ao Dhamma, promoveu toda a erradicação de superstições, um estudo mais sério dos textos Pāli e acima de tudo um novo rigor no Código e na Disciplina monásticas. Encontrando pouco apelo no grupo Tradicional, foi neste grupo Dhammayutta que mais tarde Ajahn Mun se veio a ordenar. O seu método de prática era solitário e rigoroso, dando bastante mais atenção às práticas de meditação do que ao lado teórico. Ele seguia o Vināya (disciplina monástica) fielmente, e observava também muitas das 13 dhutanga (práticas ascéticas) clássicas, como comer unicamente do que é oferecido, usar ‘hábitos’ unicamente confeccionados com sobras, viver na floresta e comer uma só refeição por dia. Em busca dos refúgios nas florestas selvagens da Tailândia e de Laos, evitou as obrigações da acomodada vida monástica, decidindo assim dedicar longas horas do dia e da noite à meditação.
Por essa altura já ninguém acreditava na realização do caminho para o Nirvāna.

Depois de vaguear largos anos com o seu Mestre, que nunca lhe garantiu que aquela prática conduzisse às Nobres Realizações, Ajahn Mun decide partir solitário, em busca de um Mestre que lhe pudesse mostrar seguramente esse caminho. A sua busca durou duas décadas por entre incontáveis desafios e dificuldades, à medida que foi percorrendo as selvas de Laos, Tailândia Central e Myanmar (Birmânia), mas nunca chegou a encontrar o Mestre que procurava. Amiúde, apercebeu-se que teria de seguir o exemplo do Buddha (§) e tomar a Natureza selvagem como seu Mestre, não como medida simples de conformação às leis da própria Natureza – pois a própria Natureza manifesta samsāra (impermanência – transitoriedade) - mas sim como meio para discernir e alcançar na íntegra as verdades transcendentes a essas mesmas leis.
Ao mesmo tempo, os encontros com outros monges da floresta, indicaram-lhe que aprender as lições da Natureza envolvia mais do que o simples aperfeiçoamento na perícia da sobrevivência física. Ele teria também que desenvolver o discernimento para não se deixar levar para caminhos indesejáveis na sua meditação. E então, com profunda determinação e responsabilidade pela sua tarefa, regressou a uma região montanhosa da Tailândia Central e aí se estabeleceu sozinho numa caverna.

No seu longo caminho pelos recessos selvagens da Natureza, Ajahn Mun compreendeu que, contrariamente ao cepticismo de ambos os grupos Budistas Tradicional e Reformativo, o caminho para o Nibbāna (Nirvāna) não estava fechado, e que o verdadeiro Dhamma deveria ser encontrado, não em costumes, rituais ou textos, mas sim no coração e na mente bem treinados.
  (... continua) 
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