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Plena Atenção - 2ª Parte

de Ajahn Sumedho

em 24 Jan 2011

  (...anterior) Então olhamos para o mundo como se de alguma forma não fizéssemos parte dele e aquilo que é mais comum, que é mais vulgar, deixamos passar, pois estamos sempre a olhar para tudo o que é extraordinário.

A televisão é algo extraordinário. Aparecem todo o tipo de coisas fantásticas, românticas e cheias de aventura na televisão. É uma coisa miraculosa e portanto é algo em que é muito fácil concentrarmo-nos. Podemos ficar hipnotizados pela TV. E quando o corpo se torna extraordinário, digamos por exemplo, quando fica muito doente ou doloroso, ou quando sentimos êxtase ou sentimentos maravilhosos, também reparamos nisso! Mas a simples pressão do pé direito no chão, o simples movimento da respiração, o mero sentir do corpo sentado no seu assento quando não realiza nenhum tipo de sensação extrema – estas são coisas para as quais estamos agora a acordar. Estamos a pôr a nossa atenção na forma como as coisas são na vida comum.

Quando a vida se torna extrema, ou extraordinária, apercebemo-nos que somos capazes de colaborar bastante bem com ela. Pacifistas e objectores de consciência são frequentemente abordados com a famosa questão “Se não acreditas em violência o que farias se um maníaco atacasse a tua mãe (§)?” Isso é algo com que a maior parte de nós nunca teve de se preocupar muito! Não é o tipo de ocorrência diária comum na nossa vida. Mas se tal situação extrema surgisse, tenho a certeza de que faríamos algo apropriado. Até mesmo alguém muito doido consegue ser consciente em situações extremas. Mas na vida do dia-a-dia enquanto não acontece nada de extremo, quando estamos apenas aqui sentados, podemos ser completamente loucos, não é? A disciplina do Pātimokkha* diz que nós, monges, não devemos magoar ninguém. Então fico aqui sentado a pensar no que faria se um maníaco atacasse a minha mãe?! Acabo por criar um enorme problema moral nesta situação tão vulgar, em que estou aqui sentado, sem sequer a minha mãe estar presente. Em todos estes anos nunca houve a menor ameaça à vida da minha mãe por parte de maníacos (mas da parte de condutores californianos houve!). Às grandes questões morais podemos responder facilmente de acordo com o tempo e lugar se, no presente, estivermos conscientes deste tempo e deste lugar.

Estamos assim a dar atenção à trivialidade da nossa condição humana: a respiração do corpo, o andar desde uma ponta do caminho de meditação até à outra, os sentimentos de prazer e dor. À medida que os dias de retiro vão passando, examinamos absolutamente tudo, observamos e reconhecemos tudo tal como é. Esta é a nossa prática de vipassanā – conhecer as coisas como são e não segundo alguma teoria ou pressuposições.

*Pātimokkha: o código monástico composto por 227 regras e observâncias que governam a conduta dos monges Budistas da tradição Theravada.

Ouvir o Pensamento
Quando abrimos a nossa mente, ou “abrirmos mão”, focamos a atenção num único ponto ao observarmos, ao sermos a testemunha silenciosa que está consciente do que surge e do que passa. Com a vipassanā (meditação de percepção), usamos as três características, anicca (impermanência), dukkha (insatisfação) e anattā (não-eu) para observar fenómenos físicos e mentais. Estamos a libertar a mente da repressão cega, de forma a que, se ficarmos obcecados com quaisquer pensamentos comuns, medos, dúvidas, preocupações ou iras, já não precisamos de os analisar. Não temos de descobrir porque é que os temos mas apenas de os trazer por completo à nossa consciência.
Se estiverem verdadeiramente assustados com algo, estejam conscientemente assustados. Não fujam mas reparem nessa tendência de se tentarem ver livres disso. Tragam completamente à consciência o objecto do vosso medo. Pensem deliberadamente nisso, e escutem os vossos pensamentos. Isto não é para analisarmos mas sim para levarmos o medo ao seu absurdo, onde se torna tão ridículo que nos podemos começar a rir dele.
  (... continua) 
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