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Mosteiro Budista
As viagens, quando empreendidas com o sentido de peregrinação contribuem para a elevação de Consciência, e o seu efeito espiritual começa, a partir dos primeiros passos, até ao local, ao objectivo.

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Peregrinações pelo Japão

de Pedro Teixeira da Mota

em 16 Mar 2011

  Escrever sobre o Japão e a sua religião e espiritualidade, nestes dias em que um maremoto tantas almas levou consigo e tanto sofrimento e devastação deixou, e após uma única curta estadia, é tarefa bem difícil, não só pela sensibilidade ferida presente como pela tremenda riqueza do seu passado, que se estende bem até aos dias de hoje, não só com a vitalidade riquíssima dos seus santuários, cultos e festividades religiosas, os matsuri, mas também com os numerosos e activos grupos e seitas, mais antigos ou mais recentes.

Uma peregrinação de apenas seis semanas e pouco como fiz a alguns dos seus centros tradicionais, isto é, ligados às suas duas religiões principais, o Shintoísmo e o Budismo, e mais ao Shintoísmo (que significa o caminho do espírito, kannagara no michi, descrito ainda nos textos mais antigos como yao yorozu no kami, o das miríades de espíritos ou deidades), não pode deixar de ser limitada e incompleta, dada a variedade imensa de escolas, tradições, festivais, santuários e templos, espalhados por um território grande e diversificado.
Para sermos mais objectivos, a minha viagem no Verão de 2010 concentrou-se na ida a locais sagrados ou harmoniosos, seja a santuários e templos, seja a montanhas, jardins e rios, para os sentir e contemplar e neles meditar e orar. As pessoas foram surgindo não só como as presenças locais humanas como também como elos de ligação para outros locais e ambientes. Trata-se pois de uma peregrinação a locais espirituais, associados a espaços sacralizados e em certos casos a práticas não só religiosas mas também esotéricas. Não contactei, nem procurei, qualquer seita, apesar de já ter lido sobre algumas, como a ligada Masahisa Goi, de quem li um notável livro, e que tem um grupo relativamente dinâmico.

Não pude assim discernir o que distingue animicamente tais praticantes do japonês normal que cultua o sagrado ou o divino, seja nos santuários ou nos templos, na maior parte dos casos nos dois (sobretudo enquanto peregrino), com a regularidade adequada e que pode ser mensal, ocasional ou diária, seja em sua casa, no seu pequeno santuário ou altar, em geral ligado também aos antepassados (otoke sama), nem compreender se realmente esses grupos permitem e causam um desenvolvimento espiritual maior que as religiões, embora seja natural pois trabalha-se e dialoga-se em grupos e ensinamentos nos quais se entrou por uma escolha selectiva e onde há instrutores ou mestres para esclarecerem ou impulsionarem individualmente...

Pelo que me foi dado ver e sentir nos templos e santuários, muitas das pessoas têm neles uma relação rápida com o divino, bastando-lhes visitá-los, oferecer um óbolo, inclinar-se e pronunciar alguma curta oração ou desejo, sendo esta certamente muitas vezes intensa e sincera. Mas também vi, embora não com tanta frequência, pessoas a pronunciarem mais demoradamente orações, por vezes acompanhadas de gestos rituais (mudras, em sânscrito) com as mãos. E lembro-me num templo budista de Kyoto, uma mulher forte pronunciar as suas orações em voz alta, com os mudras e com a particularidade de parecer estar a emitir uma segunda voz harmónica simultaneamente. Vi no santuário considerado o principal do Japão (§), Ise, uma mulher na postura sentada de seiza, meditando ou orando, demoradamente, com as mãos juntas no peito, perto do muro que delimita o pátio do acesso sul ao santuário externo (gegu). Lembro-me de peregrinos, com a roupa e o chapéu característicos, a recitarem as suas orações acompanhadas do gesto típico de massajarem as contas do rosário, ou ainda de outras pessoas orando mais profundamente, nomeadamente no santuário de Shimogamo, em Kyoto, quando uma mulher me explicou como um pequeno santuário lateral estava consagrado a dois kami e como ali se sentia mais energia. Também num dos santuários-montes que mais peregrinei, o de Omiwa, perto de Nara, uma jovem, no local mais alto, tirou da sua mochila um livrinho e leu demoradamente um Norito, uma oração antiga shintoísta, em voz alta. E, depois de uma conversa, sempre difícil pela escassez da língua comum, pedindo-lhe eu para recitar outra vez o Norito, para que assim se abençoassem certos objectos, tal como um cristal da serra do Marão, trazido de Portugal (para depositar no cimo da montanha, algo que para elas não se devia fazer, mas que acabaria por acontecer...
  (... continua) 
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