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Mosteiro Budista
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Peregrinações pelo Japão

de Pedro Teixeira da Mota

em 16 Mar 2011

  (...anterior) us estilos estruturais característicos, em geral em madeira de cipreste e com telhados em colmo, renovados com a periocidade de 20 anos, e nas quais se encontram o santuário mais íntimo (honden), com os objectos sagrados, além de espaços e construções para a realização das cerimónias, nas quais se destacam as purificações (harae) feitas pelos graves e dignos sacerdotes (kannushi, ou guji) ou pelas auxiliares miko, jovens que, de saia branca e uma espécie de calça vermelha, tingem o espaço de uma sacralidade graciosa que não deixa de lembrar ao ocidental familiarizado com a história as vestais de Roma. Assisti a algumas cerimónias ou rituais, vi tanto sacerdotes como miko realizarem orações e purificações com os instrumentos que utilizam para o efeito e, no caso delas, também com danças lentas ou movimentos harmoniosos, com as campainhas (suzus) nas mãos, acompanhadas da flauta, tocada por sacerdotes, e que transmitiam ou proporcionavam uma clara ambiência e sensação sacralizante e invocadora dos kami...

Pela dificuldade da língua, ou a brevidade das conversas, não falei se não umas poucas de vezes sobre as práticas esotéricas, nomeadamente das respirações, gestos, sons, visualizações, concentrações mas há muitos testemunhos de diversas fontes e grupos, mas fui praticando e inspirando-me... Relembro as conversas com o guji de Omiwa, com um praticante de shugendo em Fushimi Inari e, num jardim Zen (§), em Kyoto, com uma mulher que entabulou diálogo comigo, sobre as práticas espirituais e tipos de respiração espiritual que fazia. Utilizei com frequência uma das orações transmitida por Norinaga Motoori, um dos principais doutrinadores do Shintoísmo do séc. XVIII: “Mujo Reiho Shinto Kaji...”, e que significa a invocação da descida divina sobre nós, no maravilhoso caminho espiritual. E consegui também fazer o misogi ou purificação com a água, numa cascata, em rios e no oceano, talvez a prática mais primordial e essencial (como purificação do corpo e alma e abertura ao alto) no kannagara no michi, a religião dos kami, ou shintoísmo.

Passei, visitei, meditei, adorei em dezenas de jinjas ou santuários, a maior parte deles consagrados a Kami particulares, ou seja, em que os honden consideram-se como albergando certos Kami, do extenso panteão existente e cuja origem está marcada nas primeiras crónicas religiosas, históricas e mitológicas do Japão (§), o Kojiki e o Nihon shoki, dos anos 712 e 720. Contudo, não senti muito tais Kamiem particular, mas sim a invocação ou mesmo a presença do Divino, ou do sagrado....
Não devo porém deixar de mencionar que, após ter dado o meu pequeno óbolo, ter puxado a corda ligada a um guizo, inclinado o busto e batido as palmas (kashiwade, o típico gesto de culto) e orado um pouco, em quase todos os santuários ou Jinja senti uma brisa, qual sopro misterioso, balsâmico, perfumado mesmo por vezes, vir, passar, questionando-me se seria proveniente de espíritos, anjos (§), kami, ou se mera circunstância material de estarem colocados em zonas que os ventos mais tendem ou gostam de passar e soprar...

A espiritualidade no Japão sente-se e exerce-se muito na peregrinação (junpai) e podemos dizer que cada visitante de um santuário ou templo é um peregrino em pequena dimensão, havendo depois aqueles que passam meses em peregrinações a zonas especiais, pois há várias montanhas e circuitos de santuários e templos, tais como o dos 88 templos da ilha de Shikoku, aquela onde está a cidade de Tokushima, peregrinação da qual o nosso escritor apaixonado pelo Japão do séc. XIX-XX, Wenceslau de Moraes, fala bastante admirador, ou ainda a dos 33 templos consagrados a compassiva Kannon budista, ou a dos santuários shintoístas da zona de Kumano. É nesse esforço contra as dificuldades do caminho e as limitações do corpo que se desenvolve uma energia espiritual irradiante que tanto toca o peregrino como aqueles a quem ele está mais ligado ou próximo, e que ainda hoje sustenta a volatilidade e a aventura peregrinante...

Peregrinação máxima no Japão, quase tão generalizada como a peregrinação a Meca dos islâmicos, ainda que sem nada de obrigatório, pois isso é palavra quase estranha ao Shinto (embora haja interditos e a noção forte de polução ou impureza), é a subida da montanha do Fuji (Fujiyama, e que também cumpri, de noite), algo empinada e árdua nos seus 4. 000 metros e tal de altura, estando no alto um santuário shintoísta consagrada ao kami da montanha (yama, zan).
  (... continua) 
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