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Mosteiro Budista
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Peregrinações pelo Japão

de Pedro Teixeira da Mota

em 16 Mar 2011

  (...anterior) Mas são muitas outras as montanhas consideradas reizan (montanha-espírito) ou shintai-zan (montanha receptáculo do espírito ou do divino) e que nos seus tempos antigos não teriam mais do que uns postes ou pedras no alto, delimitando um recinto (himorogi) de acolhimento e adoração e que com o tempo acabaram por originar as construções de santuários, em pontos intermédios ou nas bases das montanhas, mais acessíveis a toda a gente.
Aspecto importante de espiritualidade comum ao Shintoísmo e ao Budismo são os jardins sagrados, cuidadosa e muito planeadamente construídos e mantidos, com as suas específicas variedades e princípios, adjacentes aos santuários ou aos templos, e onde se sente fortemente a presença do sagrado ou do divino, e em que a ideia do paraíso terreal aflora facilmente. Aí, céu e terra fundem-se harmoniosamente, com os cinco elementos a circularem ou a interagirem fluidicamente, participando nisso os vários reinos, destacando-se do animal os peixes, em especial as carpas, e as tartarugas, embora garças e outras aves não deixem de trazer a ligeireza e a liberdade que as caracteriza...

Também nas artes do bonsai, ou árvores reduzidas (de que há uma boa colecção no jardim botânico de Kyoto), do ikebana ou arranjo floral, ou mesmo a do chá (que pude participar uma ou outra vez), podemos sentir que elas brotam naturalmente do aprofundamento da grande sensibilidade do povo japonês à natureza, e que tal como os jardins, atingiram no Japão (§) grande requintes de sensibilidade, estética e espiritualidade.
Falámos há pouco a existência nos santuários de certos objectos sagrados (shintai) e realmente eles dão ou aumentam a sacralidade do local, pois são meios do divino se tornar mais acessível sendo por isso também instrumentos ao serviço do divino. Destacamos o kagami ou o espelho mágico-sacro, a espada e a jóia da divindade solar Amaterasu, os tamagushi, ou os ramos de sakaki com as dobras de papel, e o harai gushi, feito de dezenas de tiras de papel e que se abanam ou sacodem diante da pessoa, e depois à esquerda e à direita, todos eles com funções específicas, em geral purificadoras, e que sacerdotes ou mikos, ou mesmo leigos, empunham e, no caso do espelho, imagem solar e da verdade, veneram. Importantes também são os carros ou andores-palanquins, os mikoshi, onde segue, ou que contém, um mitama-shiro, um objecto sagrado onde o Kami está presente ou actualizável...

As danças, competições, músicas, cerimoniais, rituais, oráculos e adivinhações que se desenrolam nos templos e seus terrenos (sobretudo nas ocasiões dos festivais) são certamente um dos factores mais fortes de expressão da espiritualidade japonesa, mas convém lembrar ainda que a maior parte dos devotos shintoístas têm permanentemente um contacto com o sagrado em sua casa, através do santuário pequeno ou em miniatura (o Kamidana, denominando-se Butsu-dan o budista, que frequentemente está ao lado dele) onde fazem as suas oferendas e orações aos antepassados e ao divino, tingindo assim a casa e o quotidiano com uma maior espiritualidade. E certamente que muitos farão as suas práticas respiratórias, psíquicas e contemplativas diante do seu pequeno santuário...

Que outros factores poderemos mencionar como fazendo parte ou contribuindo para a espiritualidade japonesa?
Sem dúvida a sua cerâmica, os seus designs, as suas indumentárias e vestuários, as suas artes marciais e, sobretudo, claro, a literatura, a poesia (com os seus concisos mas tão sugestivos e impressivos haikus) e a arte, nesta a caligrafia, a pintura, a dança, o teatro nô, ou mesmo o desenho animado (anime, frequentemente com temas mito-religiosos) e, no Budismo destacam-se a pintura e a estatuária, pelo que os templos budistas (ao contrário dos shintoístas, mais simples e naturais) estão cheios de estátuas e pinturas (nomeadamente os mandara, suportes diagramáticos para a contemplação) frequentemente de grande antiguidade e qualidade, além dos objectos ritualistas diante dos altares.
  (... continua) 
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