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Aqui também, a criatividade na Arte do Pensamento presta homenagem ao Ser, e para além de autores já consagrados, damos espaço aos jovens valores que connosco queiram colaborar em vários temas.

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Quem Agradece a Quem

de Ramiro Calle

em 21 Mai 2012

  Era um abastado e arrogante comerciante que fazia gala de ganhar muito dinheiro, mas também de dar esmolas generosas: Declarava com orgulho: “É por vontade do destino que chega muito dinheiro às minhas mãos, mas ajudo o destino dando muito dinheiro aos pobres. Assim, faço obra, como seguramente a fiz na minha anterior existência, e por isso agora a fortuna me sorri tanto.” Um dia fez um negócio ainda mais lucrativo do que era habitual e ganhou uma soma fabulosa. Disse para consigo mesmo: “ O Senhor é generoso comigo, e assim que o primeiro mendigo se cruzar comigo vou-lhe encher bem os bolsos.” O abastado comerciante foi passear pela cidade. Estava imensamente orgulhoso de si mesmo! “A verdade – dizia para consigo – é que sou um verdadeiro homem de negócios e, como se fosse pouco, sou um homem de Deus e faço muita caridade.

Deveria haver mais pessoas assim.” Ia-se recriando com os seus prepotentes pensamentos, quando se encontrou com um mendigo dos mais andrajosos. Deteve-se a contemplá-lo. Este era, pensou, o seu homem. Era possível haver alguém com pior aspecto em toda a cidade? Impossível. Então pegou numa boa quantidade de notas e colocou-as nas mãos encardidas e trémulas do pedinte. Esperou um momento, confiante de receber efusivas manifestações de gratidão, mas passaram vários minutos sem que houvesse a menor reacção da parte do mendigo. “Indivíduo mal-agradecido!”,

Disse para consigo. Exasperado e defraudado, gritou-lhe:
_ Mal-nascido! Néscio mal-agradecido! Dou-te mais dinheiro do que alguma vez conseguiste sonhar ou imaginar, e nem sequer tens um gesto de agradecimento para comigo!
Um leve sorriso assomou os lábios do mendigo. Quebrou o silêncio para dizer:
_ Senhor, não devias ser tu a agradecer-me a mim?
Enfurecido e despeitado, o comerciante gritou:
_ Rufião! Como te atreves a falar-me dessa maneira? Além de desgraçado, és indiferente e ousado.
Sem perder a tranquilidade, o pedinte disse:
_ Acalma-te, senhor, peço-te. Graças a mim estás a praticar o grande dom da generosidade e isto faz-te acumular muitos méritos e libertar o teu espírito de avidez excessiva. Não é motivo mais do que suficiente para que sejas tu quem me deva estar especialmente agradecido? Não é o que recebe que se deve sentir agradecido, mas o que dá por ter a preciosa oportunidade de o fazer, e assim acelerar o seu desenvolvimento interior.
(a partir daqui em itálico)

Não existe verdadeira generosidade se ela nos envaidece, e a alardeamos ou utilizamos para exacerbar o nosso ego. É bem verdade o que diz o antigo provérbio: “quando se aceita, ao pobre não interessa a atitude de quem a dá”, mas o que dá, se o faz com o coração, não é para retro-alimentar o seu narcisismo, mas porque o seu sentido da compaixão o leva a fazê-lo e mais ainda, deveria pensar que, para poder exercer o preciso acto da doação, tem de haver quem a receba.
   


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