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Yoga Vāsiṣṭha -2ª Palestra
de Alejandro Corniero
em 27 Mai 2012
(...anterior)
Nada pode ser provado como absolutamente certo para lá da existência de Brahman, e a santa Śruti 5 declara:” Verdadeiramente, tudo é Brahman.”
Nas minhas últimas palestras, ó Rāma, alargar-me-ei por completo sobre este tema; a tua alma terá de progredir mais, antes que possas compreendê-lo.
Como uma arma se esquiva de outra, e uma forma de impureza pode ser apagada por outra 6, como um veneno se anula com outro, assim a abolição de um conhecimento erróneo por outro superior traz alegria à alma.
A existência do mundo depende, na verdade, da existência do supremo Brahman; sabe-o e não te questiones como, ou donde proveio a existência.
Domina os teus desejos, ó Rāma, e pratica a renúncia e o desapego. Serve a todos os seres vivos; escuta os ensinamentos e sê simples de espírito.
Não te pareças com aqueles que, presos na centuplicada armadilha dos vãos desejos, e submetendo-se às múltiplas formas de suas ânsias, passam de um corpo para outro, de encarnação em encarnação, como os pássaros voam de uma árvore para pousarem noutra.
Tenta desfazer-te de todo o desejo terreno, ó Rāma, e consagra o teu coração ao santo Yoga (§).»
Notas
1. A alma e o corpo físico, como o resto da creação, participam nas três qualidades constitutivas da Natureza (prakṛtī). Assim, a natureza da “personalidade” de todo o ser humano está determinada pelo predomínio destas três qualidades (guṇas). Vide nota 6. 1ª Palestra-
2. Assinalemos que Ātman, o princípio eterno, ou o Eu do ser humano, e Brahman, o Ser puro, o Absolutamente Incondicionado, são na realidade um e idênticos: a alma individualizada (Jīva) imagina erroneamente, sob os efeitos da ignorância (avidyā), que existe uma diferença entre ambos.
3. Instrutor tradicional, ou mestre de Yoga.
4. “Tudo é Deus” (porque toda a diferença, toda a creação é somente fenoménica, não real.)
5. Literalmente, “ o que foi revelado”. Os Vedas e as demais Escrituras que são autoridade, onde existem as Verdades espiritualmente reveladas aos videntes dos tempos antigos, são conhecidos no seu conjunto como Śruti.
6. Talvez esta frase se trate de uma alusão à noz kataka, exemplo citado já pelo filósofo Sri Shankarāchārya. Quando se sacode uma das suas sementes num jarro de água, tem o poder de precipitar no fundo todas as partículas de lodo e pó, devolvendo, assim, à água toda a sua pureza.
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